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Por que não defendemos a desmilitarização da polícia?

04 Jul 2013   |   comentários

Muitos ativistas tem ficado revoltados com a brutal repressão, incluindo balas de verdade em manifestações, assim como a chacina que a polícia promoveu na Maré. Com esta revolta tem surgido muito além de setores da esquerda, mas de ativistas independentes a proposta de desmilitarização da polícia militar. Este assunto tem surgido em assembleias e em cartazes nos atos. Nós temos nos oposto a esta (...)

Muitos ativistas tem ficado revoltados com a brutal repressão, incluindo balas de verdade em manifestações, assim como a chacina que a polícia promoveu na Maré. Com esta revolta tem surgido muito além de setores da esquerda, mas de ativistas independentes a proposta de desmilitarização da polícia militar. Este assunto tem surgido em assembleias e em cartazes nos atos. Nós temos nos oposto a esta política.

Entendemos o anseio dos ativistas que levantam esta política que procuram segurar o gatilho da mais assassina polícia do mundo. Porém, para nós estes ativistas estão caindo em uma manobra de mudar algo sem mudar nada. A Polícia Civil é parte do assassinato de trabalhadores, de pobres, e fundamentalmente de negros. Recentemente ganhou as páginas de jornais um massacre promovido, por helicóptero, em uma favela em Santa Cruz. Quem cometeu este assassinato foi a Civil e não a Militar. Os P2 que entram em nosso movimento para marcar nossas caras, saber nossa política, e nos mapear para quando quiserem reprimir são policias civis e não policiais militares. O que mudaria destes fatos desmilitarizando a PM? Quem ataca o movimento estudantil, os trabalhadores e professores nas universidades federais é uma terceira polícia, a PF.

Nós lutamos pela dissolução de todas as polícias. Porém não queremos ficar de braços cruzados até o dia que os trabalhadores e a juventude possam se organizar para dissolver todas as polícias e organizar sua autodefesa. Muito pelo contrário. Entendemos que o momento é propício para dar grandes passos contra a impunidade dos policiais assassinos, contra projetos fundamentais da burguesia como as UPPs e que estes passos podem valer muito mais que desmilitarizar a PM.

A desmilitarização é uma luta nada fácil. A PM é um pilar do Estado no Brasil. E pior tendo desmilitarizado a PM por acaso teriam sumido os chamados autos-de-resistência, as UPPs? Propomos, e nisto vários companheiros tem concordado em algumas assembleias que temos participado, que coloquemos de pé uma forte luta pela apuração independente do governo e da polícia da chacina promovida na Maré! Pela punição dos culpados e mandantes na mesma! Lutemos imediatamente pela apuração independente e punição de cada auto de resistência! Lutemos contra as UPPs, que são um brutal nível de repressão cotidiana aos moradores de favela, sobretudo à juventude negra. As UPPs são planejadas para ter um PM a cada 80 habitantes, um nível de repressão superior ao que tem o estado genocida de Israel em relação aos palestinos!

Este número não mudaria, as UPPs não mudariam nada com a polícia sendo civil. Todas as polícias existem para garantir a propriedade privada dos meios de produção, para proteger os governos e reprimir manifestações dos trabalhadores e da juventude, como muitos estão aprendendo em cada ato. Em nosso país as polícias tem um agravante. Nasceram para caçar negros, escravos fugidos ou que se levantavam contra a escravidão. Nesta luta não nos cabe querer melhores condições (como a PEC 300 que aumenta salários de todos militares) para os herdeiros dos capitães do mato. Nos cabe é ser herdeiros de Zumbi e lutar contra a impunidade dos assassinos fardados, contra seus projetos como as UPPs como parte da luta contra o velho e continuado genocídio dos negros.

O estado está disposto a usar todas as suas armas contra os trabalhadores e a juventude, e a esquerda socialista deve se colocar a tarefa de construir o mesmo e usar todas as suas táticas para destruir o Estado, o que passa necessariamente por lutar para derrotar a policia e qualquer instrumento do estado usado para nos impedir, começando por destruir a impunidade de seus assassinos e seus projetos estratégicos!

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