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Cadê o Amarildo?

09 Aug 2013   |   comentários

Amarildo Dias, 47 anos, pedreiro, negro e morador da Rocinha, está desaparecido desde do dia 14 de julho, quando foi levado de sua casa pela polícia da UPP(Unidade Policial Pacificadora).

Amarildo Dias, 47 anos,
pedreiro, negro e morador
da Rocinha, está desaparecido
desde do dia 14 de
julho, quando foi levado
de sua casa pela polícia
da UPP(Unidade Policial
Pacificadora). O desaparecimento
deste trabalhador,
algumas semanas depois
do assassinato de 13
moradores da Maré, tem
trazido à tona a realidade
cotidiana nas favelas,
morros e periferias do país,
marcada pela repressão
sistemática e chacina
contra a juventude negra,
pelas mãos da polícia mais
assassina do mundo. O Rio
e todo o país tem milhares
de Amarildos anônimos
e outros milhares assassinados
ao longo de nossa
história em chacinas policiais
conhecidas como a
Candelária e o Carandiru.
A luta em torno de seu
desaparecimento é um
indício profundo de como
este país está mudando,
em que a juventude e os
trabalhadores começam
a tomar as ruas com força
pelo fim da repressão e
assassinatos policiais.

Questionar a polícia do
Rio é fazer da vitrine uma
vidraça. Questionar a polícia
que é famosa e símbolo
em todo o país da
brutalidade de um BOPE
e do suposto ganho de
cidadania com as UPPs e
lutar pelo aparecimento
de qualquer pessoa sumida
pelas forças repressivas
é um marco na história
deste país, ainda mais um
pedreiro negro da maior
favela do Brasil! A luta pelo
aparecimento com vida
de Amarildo deve ser o início
de um novo momento
da etapa desse país, em
que não aceitemos mais
que nenhum negro da periferia
suma nas mãos da
PM, em que mais nenhum
Carandiru seja esquecido
ou termine com os responsáveis
e mentores livres. A
luta pela aparição com
vida de Amarildo traz a
tona um país em que na
ação policial racista e
truculenta, nos postos de
trabalhos mais precários,
o vínculo estrutural com a
escravidão ainda se sente
presente.

Amarildo é um nome para
um projeto de cidade e
país! (Amarildo não foi
o primeiro mas exigimos
que seja o ultimo!)

A repressão policial cotidiana
nas favelas tem
sido usada também nas
manifestações e com isso
se aprofunda o questionamento
ao papel da policia: em BH 2 jovens
trabalhadores foram mortos
durante as manifestações,
mas a repressão
não vem apenas da PM
de Anastasia(PSDB) e Cabral
(PMDB), mas também
da Força Nacional de Segurança,
de Dilma (PT).
Mesmo sendo partidos de
oposição uma coisa os governos
tem em comum: a
defesa de sua propriedade
e seus lucros e o ataque
sistemático aqueles
que lutam e podem colocar
em cheque seu legado!
Vários manifestantes
estão presos por expressar
o direito de se manifestar
e exigir direitos democráticos
dos quais é obrigação
do estado garantir, e o estado
responde aos questionamentos
com inquéritos
policias abertos contra
os manifestantes e prisões.
Não podemos aceitar que
continue a violência do
estado contra os milhares
de jovens, trabalhadores e
lutadores no país!
As UPP´s que são propagandeadas
como a “recuperação
do orgulho carioca”,
a policia cidadã,
pela via da militarização
de dezenas de favelas e
a transformação do Rio
para sediar os megaeventos
Cabral, começam
a ser questionadas nas
manifestações da Rocinha
ao Leblon, em que se grita:
“A verdade é dura, a
UPP também é ditadura!”,
“Maré resiste”, “Fora Cabral”
e “Cabral é ditador”.
O governo de Cabral, diz
querer saber onde está
Amarildo. Quanta hipocrisia!
É Cabral junto com
o secretário de segurança
do Rio de Janeiro José
Beltrame, os verdadeiros
responsáveis pela violência
policial. O discurso de
pacificação com as UPPS
é um grande mito que começa
a cair. Como se explica
uma “pacificação”
em que a concentração
policial(1 a cada 80 habitantes),
é maior que a do
estado genocida de Israel
em relação aos palestinos
(1 a cada 100)? O questionamento
que se desenvolve
a partir da busca
por Amarildo, revela uma
cidade estruturada para
garantir a segurança dos
turistas nos “mega-eventos”
(Copa das Confederações,
JMJ, Copa e Olimpíadas),
a custos de um
enorme controle da juventude
e dos trabalhadores.

Só no Rio de Janeiro,
desde o início das UPP’s
em 2007 até o ano 2012,
sumiram 56% mais pessoas
do que antes da implantação
nestas mesmas
favelas (de 87 para 133
segundo matéria recente
da UOL). Este dado mostra
a verdadeira cara desse
aparelho militar preventivo
de controle de pobres
urbanos, de trabalhadores
e negrxs. Uma brutalidade
repressiva para garantir os
lucros de meia-duzia de
empresários como Eike e
Cavendish. Eike, Cavendish.
Cabral não pode
resolver os problemas elementares
e democráticos
para a imensa maioria da
população, e é pela via
da repressão diária e cotidiana
das “duras” e esculachos
ou mesmo pelo desaparecimento
nas favelas
que tentam nos calar.

Chega de impunidade e
repressão!

Com a força das mobilizações
que seguem no
Rio e que podem também
começar a se desenvolver
em SP, o que pode voltar
a incendiar todo o país,
devemos construir uma
grande campanha nacional
exigindo o imediato
aparecimento de Amarildo

e queremos saber o
que a policia fez com ele.
Com o desenvolvimento
das “apurações”, até o
momento as declarações
são de que as câmeras
das UPP´s estavam desligadas
e os GPS das viaturas
não estavam funcionando:
“curiosamente”, é
justamente no dia em que
Amarildo desaparece que
nada funciona. Basta! É
preciso uma comissão independente
da policia e
dos governos para investigação
e apuração do
caso de Amarildo e dos
assassinatos na Maré, e
também a destituição sumária
do secretário Beltrame
.
Só uma comissão independente
pode chegar
aos verdadeiros culpados
com punição dos assassinos
e mandantes de todos
os autos-de-resistência e
cada ato deste contínuo
genocídio da população
negra, pobre e moradora
de morros, periferias e favelas!

Só a derrubada dos
responsáveis pelos desaparecimento
e auto- deresistência
trará a verdade
sobre cada caso.

As mesmas polícias que
reprimem manifestações
matam nos morros e bairros
operários: pela liberdade
de todos os presos
políticos e anulação dos
inquéritos! Chega de impunidade
a estas forças!
Não aceitaremos mais nenhuma
morte e nenhum
desaparecimento impune!

Basta de repressão, assassinatos,
chacinas e desaparecidos!
Construir um
movimento nos locais de
trabalhos, bairros, escolas,
universidades! Exigimos
fim das UPP´s e de todas
as policias, começando
por suas tropas especiais e
mais notoriamente assassinas
e repressoras de manifestações
(CORE, BOPE,
Choque, Rota, GOE, entre
outras)! Abaixo a repressão
no morro, na periferia,
nos bairros operários e no
asfalto!

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