Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

“Acidente” em Nova Iguaçu-RJ: Mais um crime cometido pela burguesia e seu capitalismo "neoliberal"

07 Sep 2007   |   comentários

Após o acidente nas linhas de trem de Nova Iguaçu no Rio de Janeiro em 30/8, que deixou oito vítimas fatais (6 homens e 2 mulheres), e mais de uma centena de feridos; a Supervia, concessionária privada que administra a linha Central do Brasil, já quer apontar que houve falha humana no processo, instaurando uma comissão de apuração que possui apenas técnicos da própria empresa. Com isso, os patrões da Supervia querem se livrar de toda a responsábilidade que cabe à empresa em mais um “acidente” que mata negros e pobres das regiões metropolitanas das grandes cidades do país.

Esses acidentes, ou melhor, tragédias anunciadas que atingem na grande maioria a população pobre das cidades, infelizmente não é novidade. Em janeiro deste ano, depois de alguns dias do início do governo de José Serra (PSDB) em SP, o acidente na Linha4 do metró que repercurtiu em todo o mundo, matou sete trabalhadores entre pedestres que circulavam, um micronibus que foi tragado pela cratera, e operários do canteiro de obras. Na ocasião, também foi instaurada uma “comissão de apuração” com técnicos do Consórcio MetroQuatro que comporta grandes empreiteiras como a Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, e, mais uma vez, os verdadeiros culpados saíram impunes...

A própria concessionária da vez, a Supervia, já tem uma currículo assustador de acidentes. Desde a concessão em meados de 1997, já ocorreram acidentes seguidos em 1999, 2000, 2001 e 2004, e agora com proporções trágicas envolvendo oito vidas. Segundo Walmir Lemos, presidente do sindicato, fatores como a falta de manutençao das vias, falta de sinalização e excesso de trabalho dos maquinistas estão relacionados ao acidente. Pela mesma via, os acidentes envolvendo os aviões da Gol no ano passado e da Tam recentemente, expõe o lado mais cruel do capitalismo que não enxerga vidas à sua frente, mas apenas a corrida desenfreada pelo lucro que, em muitas vezes, é pago com a vida de milhares de trabalhadores e inocentes.

Já denunciavamos na edição do nosso Palavra Operária de fevereiro/07 como as PPP”™s (Parceria Público Privadas) que vem sendo aplicadas por diversos governos, do âmbito federal a municipal, e que são nada mais do que privatizações de setores públicos com uma nova roupagem, são a verdadeira face dessas tragédias. A fim de lucrar o máximo possível com o menor custo, as grandes empresas economizam em equipamentos, em segurança do trabalho, em manutenção, em direitos e encargos trabalhistas, colocando diariamente em risco a vida dos trabalhadores e usuários. O consórcio MetroQuatro que constrói a linha 4-Amarela de SP terá cerca de 40 milhões/mês de receita com o preço das passagens em atuais R$ 2,30, recuperando em 7 meses o total investido na construção da obra. Os outros 29 anos e 5 meses de concessão são de lucro limpo para os mega milionários donos da empreitas envolvidas!!

Para poder continuar avançando em seus lucros matando inocentes sem serem punidos, os empresários contam com o aval do governo. No caso da crise aérea o governo federal de Lula e do PT culpou e puniu com demissões e prisão os controladores de vóo que há tempos já vinham alertando para a situação crítica e para a estafa de um trabalho atenuante, e nenhuma sanção mais grave foi aplicada às empresas. Na recente greve do metró em SP, o governador Serra demitiu 61 trabalhadores de uma única vez. O governo de Lula/PT, um ex-metalúrgico que no passado controlava sua base através de greves radicalizadas, hoje autoriza o avanço dos interesses da burguesia regulamentando (restringindo e punindo) o direito a greve, colocando a classe trabalhadora em um beco sem saída: trabalha com salários miseráveis, empregos terceirizados e precarizados, perde a vida em tragédias criadas pela própria burguesia, e não pode sequer reclamar seus mínimos direitos!

Os ferroviários do RJ ameaçam fazer greve caso o laudo que sairá no próximo dia 10 que a Supervia “investiga” , aponte falha humana, mesmo porque o sindicato dos ferroviários já haviam denunciado a negligência com a manutenção das vias, das locomotivas, dos vagões e das normas de segurança (sinalização, desvios etc.). Nós da LER-QI prestamos a mais sincera solidariedade aos companheiros ferroviários e aos trabalhadores dos subúrbios do Rio de Janeiro e suas famílias que assim como os tantos envolvidos no acidente, são vítimas da gana capitalista. Convocamos as organizações de esquerda a organizarem manifestações, panfletos, abaixo-assinados e iniciativas pela apuração independente e imparcial das causas do acidente, a favor do direito de greve dos ferroviários e pela punição dos verdadeiros culpados (a Supervias e os órgãos governamentais que fazem “vistas grossas” ). Basta de impunidade e descaso das autoridades e da burguesia com os serviços essenciais para os trabalhadores e o povo pobre do país.

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