Segunda 6 de Maio de 2024

Internacional

DIA 2 EM SANTIAGO DO CHILE, SEXTA 27 DE AGOSTO

A raiva

28 Aug 2011   |   comentários

Bronca. Ódio. Indignação. Um novo companheiro caiu nas mãos do estado do Chile.

Manuel Gutierrez, um jovem de só 16 anos participava de uma das barricadas de Macul, quando “carabineros” (policiais) passaram disparando e lhe atiraram no peito. A enorme luta que estão dando esses jovens e trabalhadores chilenos desperta o ódio de classe, de uns e outros.

Nosso inimigos de classe que querem seguir “mantendo na linha” os explorados, se exaltam quando vêem questionado sua ordem. Frente à organização e profundo questionamento ao regime chileno, sempre a resposta é repressão e assassinatos. Assim tem ocorrido ao longo da luta de classes em todo o mundo, e o Chile com certeza não é a exceção: estudantes, o povo mapuche, trabalhadores, tem sido a carne do aparato repressivo do estado.

E a resposta foi imediata, em Filo e Humanidades, jundt a outras faculdades e colégios secundários apenas se interaram da notícia de mandrugada, organizaram uma barricada. O assassinato de Manuel aconteceu há algumas poucas quadras desta Faculdade. Os “pacos” (policiais) seguiam na zona. Houveram apagões em alguns pontos, a polícia acercou as faculdades ocupadas, como em Filo e Humanidades, aonde carabineros rodearam o campus apontando e ameaçando com armas de fogo aos estudantes que mantinham as ocupações.
Se respira ditadura.

As assembléias estudantis em colégios e universidades foram convocadas durante o dia. Em Filo houve muita participação, e a assembléia durou muitas horas com muito debate. Houve um grande repúdio ao assassinato de Manuel, e se escutou a voz raivosa de seus companheiros de luta. Votou-se a proposta de lançar uma grande campanha contra a repressão em todo o país, com um chamado as federações estudantis para que tomem em suas mãos e impulsionem. Pela tarde se participará das duas convocatórias de velatón e corte de rua, uma no centro e outra em Macul aonde foi assassinado Manuel.
“Companheiro Manuel Gutierrez PRESENTE! Quem o matou? OS POLICIAS (PACOS)” esse é o canto da coluna de Filo junto aos outros estudantes secundaristas enquanto vão chegando com suas velas à convocatória. Aí, frente a seus familiares, amigos e jovens, estudantes da Filo leram a declaração da Assembléia. Enquanto, no centro se realizava um corte de rua. E de novo a repressão, gases, paus, enfrentamentos e detidos.

Esta é a história do Chile com seus vícios da ditadura à flor da pele. Esta nova geração de jovens que hoje é protagonista, se enfrenta e quer terminar com essa herança, e quando o faz, questiona e coloca crise ao regime. Porque uma das razões que o mantém de pé é esse medo, medo de se meter, o amedrontamento, o medo de desaparecer, e que te matem, como a Manuel. Os estudantes desafiam a ordem e aos “pacos”, e demonstram com sua luta que se pode. Isso é o que tem dado fortaleza a milhares de trabalhadores que vem sendo a parte ativa dos cortes de rua, da mobilizações.

Uma das consignas da massiva marcha de quinta era “Somos a geração que nasceu sem medo”. É certo. Esta geração de jovens trabalhadores e estudantes que não tem em suas costas a derrota da ditadura militar, está dando um passo à frente. E com esse passo, leva confiança a milhares de trabalhadores que começam a somar-se a esta luta contra o regime.

Enquanto são milhares mobilizados, dispostos a aprofundar a luta, as atuais direções do PC e do PS querem conter o movimento, e começam a apresentar mais claramente sua política, “uma segunda transição democrática”. Para isso, têm tomado como próprio, o discurso do governo contra “os ultras”. Hoje vimos com uns companheiros uma pichação da Juventude do PC que dizia “Nós estudantes colocamos as idéias, o governo os lumpens”, querendo instalar a idéia de que aqueles que combatem nas barricadas são “infiltrados”, distantes do movimento. Será que o PC também acreditava que Manuel Gutierrez era um “lumpen”? Porque sobre seu assassinato não disse nem uma palavra ainda, não fez uma convocatória para mobilizar, e mais ainda, estão avaliando sentar para dialogar com o governo.

Hoje mais do que nunca o movimento estudantil chileno tem se colocado para redobrar a luta. A força existe, e tem demonstrado os milhares que se mobilizaram, que enfrentaram a polícia, que continuam nas ocupações, e está nos trabalhadores que começaram a sair as ruas. Está nos que fazem de Manuel uma bandeira de luta, e querem deixar de respirar a ditadura.
Organizemos a raiva, para vencer.

Saudações internacionalistas e revolucionárias. Jesica

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