Sexta 29 de Março de 2024

Juventude

"Ultras" e Moderados: Uma vanguarda de luta disposta a ir até o final

17 Oct 2011   |   comentários

A ruptura da mesa de diálogo foi pela direita, pela intransigência do governo e suas provocações repressivas. Mas há algo mais: a formação de uma vanguarda de luta disposta a ir até o final, que queria educação gratuita como demanda não negociável; que não queria uma mesa de diálogo nas condições do governo, que rechaçava o encerramento do semestre. Apesar disso, a burocracia estudantil se somou a mesa de diálogo do governo, mesmo que esse com migalhas para oferecer, e teve que levantar como primeiro ponto de discussão a educação gratuita. Por isso são chamados moderados e, para isolar essa vanguarda de luta, desde o governo se começou a atacá-los chamando-os de ultra. Como se fosse um setor minoritário e irredutível. Não é verdade: essa vanguarda é de milhares, é ela que segue com as ocupações, é a que segue lutando contra o encerramento do semestre, e a que deve colocar-se a cabeça da luta para levá-la até o final, e impedir que a burocracia estudantil leve todos aos salões do parlamento.

O endurecimento do governo...

Já se completam 5 meses de mobilizações e a resposta da Direita as nossas demandas segue sendo a mesma: intransigência e repressão. Os herdeiros da ditadura de Pinochet demonstram uma vez mais que defendem seus interesses com unhas e dentes. E na última semana voltou a ficar claro: as portas de uma nova reunião de segunda mesa de diálogo, Piñera e Hinzpeter apresentaram a "Lei Maldita", um aprofundamento na estratégia da direita que busca nos tirar das ruas e criminalizar as marchas, ocupações e greves nos escolas e universidades. Isto foi em seguida da decisão do governo em romper com a mesa de diálogo na reivindicação da educação gratuita. Essa é a política da direita, este é o governo dos empresários que tratam de colocarem o movimento estudantil de joelhos.

... e a resposta dos estudantes em luta

A resposta dos estudantes não demorou em se fazer escutar, no dia seguinte em uma nova marcha convocada pela CONFECh, a repressão foi brutal. A "ultra", qualificativo com que o Governo tenta dividir e isolar um setor do movimento estudantil, queria tomar a Alameda. Se para o governo os "ultras" estão em 20.000 estudantes que querem recuperar as ruas, somos os que levaram mais de quatro meses de greves e ocupações, somos os que em cada marcha resistimos até o final, somos os estudantes que desde o início da manifestações lutamos pela educação gratuita e não estamos dispostos a dar passos atrás, somos os que nas assembléias das universidades votamos contra o encerramento do 1º semestre e somos os que queremos a unificação das entidades de secundaristas, professores e universitários sem cúpulas burocráticas. Nos somos a ultra, somos uma nova juventude do Chile: que se levanta frente a Direita e a Concertación, e um dos pilares fundamentais do capitalismo no Chile; a educação de mercado. Esta é a vanguarda que se começa a forjar no movimento estudantil no calor da luta contra um dos pilares da herança da ditadura pinochetista, parte das centenas de milhares de estudantes que seguem mobilizados e saem ás ruas nas mobilizações nacionais, e que conta com um amplo apoio social (83% segunda a ultima pesquisa CERC).

A direita saiu fortemente a instalar seu discurso nos meios de comunicação com o porta-voz do governo Chadwik (UDI) dizendo que a "ultra" havia tomado a CONFECh, deslocando os "moderados" e que graças a esta a mesa de diálogo havia sido rompida. Uma tentativa desesperada do governo de tentar resgatar algo de sua baixa popularidade (a última pesquisa, realizada pela UDP, refletia que o governo tem só 28.8% de aprovação). De onde vem isto? Os "moderados", a JJCC e a Concertación, vem levantando desde o início das mobilizações que a educação gratuita é uma projeção de muito longo prazo, assim mesmo, vieram a criminalizar aos estudantes que enfrentaram a policia com capuzes, foram os entusiastas do encerramento do semestre em distintas universidades e da mesa de dialogo com o governo sob suas exigências, defendem a democracia representativa em cada um dos espaços e cargos nas federações. Hoje, foram os primeiros a colocar a via parlamentar, ou seja, o desvio de nossa luta para o parlamento, entregando aos políticos empresários da Concertación todos nossos meses de mobilização.

Ao seu lado surgiu uma burocracia de esquerda, os coletivos populares, os que o governo estende o qualificativo de "ultra", que embora se colocaram desde o inicio das mobilizações pela educação gratuita, legitimaram a estrutura burocrática da CONFECh com suas reuniões as portas fechadas, e agora a política de fazer tudo nos salões fechados do Parlamento, o mesmo que aprovou leis que aprofundaram a herança pinochetista.

Precisamos de uma política para colocar a vanguarda estudantil disposta a levar esta luta até o final, a cabeça de todo movimento.

Uma política para vencer

Diante as ofensivas da Direita, que nos tem demonstrado que não nos entregará a educação gratuita em uma mesa de diálogo e que utiliza os métodos da ditadura torturando nossos companheiros em luta, é necessária uma política para vencer e fazer frente aos políticos burgueses e seus interesses empresariais. Desde Las Armas de la Crítica e Abran Paso acreditamos que é necessário levantar uma assembléia geral de luta, que unifique os estudantes secundaristas, universitários e professores, com corpos de delegados eleitos e revogáveis pelas assembléias, que lute contra a política divisionista da JJCC, os Pró-Concertación e os coletivos populares tanto da CONFECh como da ACES e CONES. Mesmo assim, é necessário que o sindicato de professores, hoje presidido por Jaime Gajardo, do PC, levante uma greve nacional por tempo indeterminado a partir da base.

Estes dias já seis universidades votaram o não encerramento do semestre ou o retorno do segundo semestre, e nos próximos dias será votado no resto das universidades. Devemos generalizar este exemplo. Desde o governo buscam isolar essa vanguarda combativa: devemos impedir. A CONFECh deve realizar sessões abertas, com delegados por assembléia, devemos impulsionar comando de delegados em cada faculdade e colégio, para que essa vanguarda combativa se ponha a cabeça da luta de centenas de milhares de estudantes que seguem se mobilizando e os milhares que lutam contra as políticas da burocracia estudantil. Ao mesmo tempo, já foi anunciado novas mobilizações nacionais que têm de ser o ponto de apoio para um retorno generalizado, a continuidade das greves, uma paralisação nacional de professores universitários e secundários para fortalecer a luta dos estudantes.

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