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Teoria

COLEÇÃO CADERNOS ESTRATÉGIA INTERNACIONAL BRASIL

"A classe operária na luta contra a ditadura [1964-1980]"

02 Jul 2008   |   comentários

Com a nova publicação de nossas teses “A classe operária na luta contra a ditadura (1964-1980)” estamos dando continuidade ao estudo e às conclusões dos principais acontecimentos da luta de classes ocorridos em nosso pais, que iniciamos com as teses dos anos 50 e 60 abrangendo até o golpe militar de 1964, editadas na Revista Estratégia Internacional ’ Brasil nº 2.

A modo de apresentação podemos dizer que as teses constituem uma visão nova e distinta ao prisma da história oficial do PT, a qual esconde que a traição de Lula à greve dos metalúrgicos de 1980 abortou e interrompeu o processo de radicalização operária e facilitou o plano burguês e imperialista de reforma democrática do regime militar, preservando as bases do sistema capitalista brasileiro. Esta definição elementar que fazemos nos diferencia da história oficial petista, mas também, lamentavelmente, da interpretação dos intelectuais e correntes de esquerda que caracterizavam e preservaram Lula durante muito tempo como dirigente combativo.

Nas teses assinalamos o período que abarca o processo de resistência à ditadura, que vai de 1968 até 1980, constituindo a nosso ver uma grande oportunidade para que o proletariado derrubasse a ditadura com seus próprios métodos, assumindo as reivindicações de seus aliados populares do campo e da cidade e se posicionasse na perspectiva da tomada do poder político. Porém, no nosso entendimento os trabalhadores e o povo não encontraram na esquerda uma alternativa, já que esta de conjunto se manteve na estratégia de desgaste, combinando sindicalismo ’ reivindicando e embelezando Lula - e táticas eleitorais.

Uma reflexão necessária exige reconsiderar a política de Lula e os “autênticos” , e das esquerdas diante da transição “lenta, gradual e segura” da ditadura militar, como reflexo nacional do giro do imperialismo que planificava reformas do regime como conseqüência de sua derrota no Vietnã. Além da crítica à política do trotskismo, que ficou prisioneiro, nesse momento, da política da ala “democrática” da burguesia, ressaltamos também em nossas teses que não se tratava só de erros de juventude dessas correntes que surgiam, mas da construção de uma teoria equivocada que as levou à perda da estratégia proletária independente e a aprofundar esses erros no período posterior, expressado na luta das “Diretas já” , “Fora Collor” e o “Fora FHC” .

Por fim, consideramos também o desenvolvimento do classismo dos trabalhadores e sua expressão na fundação do PT. Achamos que os trabalhadores colocaram por terra todos os planos pequeno-burgueses de fundação de partidos amplos sem delimitação de classe, e impuseram a criação do PT, mesmo que logo depois de fundado tenha sido usurpado pela direção reformista dos lulistas “autênticos” que o encaminhou como parte do sistema de partidos da transição.

A tática do entrismo tem um lugar destacado no desenvolvimento das teses, já que se tratou de uma experiência inédita para os trotskistas, em nossa época e nosso continente. Nas teses definimos que para nós os revolucionários deviam ser parte do PT em seu início quando estava em formação e ainda não tinha um programa e uma perspectiva definida, para lutar em seu interior por um programa e uma estratégia revolucionária. Isto é, para avançar na construção de um partido revolucionário. Daí nossa crítica à esquerda pela sua permanência por mais de uma década no interior do partido sob a direção reformista de Lula, tomando o PT não como uma tática, mas como estratégia. Pior ainda, um setor do trotskismo (Democracia Socialista e O Trabalho), em sua adaptação ao reformismo, seguiu com Lula até integrar-se ao governo burguês.

Destas conclusões depreendemos a necessidade de romper com o modo petista (lulista) de militar que permeou as organizações de esquerda, separando a luta sindical da luta política, impedindo, desta forma, que as lutas reivindicativas se elevem ao terreno político e questionem a propriedade privada da burguesia. Esse modo petista de militar se constitui de luta reivindicativa, por um lado, e eleitoralismo, por outro, subordinando a ação política da classe trabalhadora às datas-base impostas pelo Estado que assim regulamenta a luta de classes.

Convidamos a seguir esse debate com a leitura e discussão crítica do conteúdo das teses, que já estão à venda, para preparar também neste terreno os instrumentos necessários para que num próximo ascenso a classe operária possa se dotar de um partido revolucionário, sem o qual não poderá triunfar contra o capitalismo.

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