Sábado 27 de Abril de 2024

Movimento Operário

A CONLUTE precisa impulsionar uma campanha nacional contra a repressão ao movimento estudantil

20 Dec 2007   |   comentários

Em vários países, os governos e as burguesias tentam impor reformas universitárias para adequar as universidades às novas necessidades do capital. Num período em que a taxa de lucros dos patrões vem decaindo, a burguesia necessita impor ataques aos direitos dos trabalhadores e alterar a função da universidade para que possam melhor competir no mercado internacional. Por isso, os ataques às universidades acontecem ao mesmo tempo em que atacam o movimento operário, sejam pelas reformas (trabalhista, sindical, previdenciária, universitária) sejam pela repressão (como a restrição ao direito de greve [1]).

Neste ano, a burocracia acadêmica, mais aliada do que nunca com a burguesia e os governos estaduais e federais num projeto comum de reforma, conseguiu dar passos importantes em implementar, integral ou parcialmente, medidas como os Decretos de Serra, a Universidade Nova de Naomar, o Reuni de Lula, o redesenho institucional da PUC-SP, dentre inúmeras outras.

O carro chefe da política do governo federal para as universidades foi o REUNI, que consiste em aumentar as vagas nas universidades federais em até 100%, porém em um marco de responder a necessidade da burguesia monopolista que diz precisar de um novo setor de trabalhadores mais qualificados. Esta mesma burguesia que incentivou o boom das universidades privadas nos anos 90 sente hoje os efeitos da anarquia capitalista deste setor, que está em crise e não consegue formar a mão-de-obra e a produção de conhecimento necessário para as empresas. É para responder a essa situação que o REUNI se propõe a transformar o ensino superior em uma graduação minimalista e generalista reduzida para três anos, impondo um novo vestibular no fim de terceiro ano para a especialização profissional. Porém, o governo Lula tenta mascarar o maior atrelamento das universidades ao capital dobrando o número de vagas nas universidades federais. Assim, tenta roubar das mãos do movimento estudantil a bandeira da democratização.

Estas medidas, que buscam solucionar por uma via burguesa a crise vivida pelas universidades públicas e privadas, tem sido a base de um importante processo de resistência por parte de setores do movimento estudantil, deflagrando lutas em todo o país ao longo do ano. É contra essas lutas de resistência aos ataques que os governos e as reitorias têm lançado uma forte onda repressiva em vários estados do país.

Um programa para a vanguarda do movimento estudantil se ligar às massas

O movimento estudantil se levantou contra o Reuni, ocupando inúmeras reitorias. Porém, seu programa novamente se mostrou limitado, não conseguindo dar uma resposta de fundo a crise colocada. Lutar unicamente contra o Reuni não responde aos ataques orquestrados pelos governos e as reitorias. Pelo contrário, manteve o ME isolado do conjunto da população, principalmente aqueles que desejam entrar nas universidades e estão sendo ganhos pelo discurso de Lula.

Para superar o isolamento ao qual está submetida a vanguarda estudantil que hoje luta contra ao ataques, é necessário que o ME combativo levante um programa que lute por uma universidade a serviço da maioria da população: os trabalhadores e o povo pobre, retomando para suas mãos a bandeira da democratização. Temos que partir de reivindicar mais vagas e mais verbas públicas para as universidades públicas, dizendo claramente que a única maneira de ter vagas para todos que querem estudar é estatizando as universidades particulares e acabando com o vestibular, em base ao não pagamento da dívida externa e interna. Nesse sentido, abrimos o debate sobre a necessidade de que lutar para que as vagas que existem hoje na universidade pública seja para estudantes de escola pública, com cotas proporcionais ao número de negros em cada estado.

[1Na França, o governo de Sarkozy.... lei universitária e ataques aos trabalhadores

Artigos relacionados: Movimento Operário , Juventude









  • Não há comentários para este artigo