Sábado 27 de Abril de 2024

Mulher

Viva as trabalhadoras do Wal-Mart!

16 Feb 2007   |   comentários

Alguns meses após ocuparem a rádio e emissora de televisão de Oaxaca, no estado mais pobre do México, as trabalhadoras do continente norte-americano voltam a entrar em cena, levando à frente a luta contra a opressão de classe e de gênero.

A rede de super-mercados Wal-Mart sofre o maior processo trabalhista por discriminação sexual da história dos Estados Unidos. Em uma ação judicial coletiva, cerca de 2 milhões de mulheres que trabalham ou trabalhavam na empresa desde 1998 podem ser indenizadas devido à disparidade salarial entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos.

O processo teve início em 2001 em São Francisco , quando seis funcionárias denunciaram o caráter sexista da empresa, e hoje se abre a possibilidade concreta da adesão de 2 milhões de funcionárias, que podem receber bilhões de dólares em indenizações, mediante a decisão da 9ª Corte de Apelações, que considera "os números descritivos em grande parte incontestáveis que mostram que as mulheres recebem menos que os homens em todas as regiões do país, que a disparidade salarial existe na maioria das funções, que a diferença de salário aumenta com o decorrer do tempo mesmo entre homens e mulheres contratados para a mesma função na mesma época e que a porcentagem de mulheres vai sendo reduzida à medida que sobe a hierarquia". A Corte classificou o processo como “uma ação de classe contra a maior rede varejista do mundo” . A rede Wal-Mart já anunciou que vai recorrer.

Segundo as estatísticas apresentadas por Richard Drogin da Impact Fund [1], os homens recebem o salário médio anual de U$ 105.682, enquanto as mulheres recebem US$ 89.280, ocupando os mesmos cargos. Como se isso não bastasse, as estatísticas apontam que enquanto os homens levam 2,86 anos para crescer no plano de carreira, as mulheres levam em média 4,38 anos.

O processo tem repercutido nacionalmente, como em Nova Iorque , onde estudantes da NYU marcham em prol do direito à licença maternidade das trabalhadoras têxteis da Wal-Mart. Um dos impulsionadores da marcha, Charles Kerghan, diretor executivo no National Labor Committee, denuncia:

“A Wal-Mart é a rede vareijista mais abusiva do mundo. (...) Hoje em Bangladesh, as mulheres costuram roupas para a Wal-Mart trabalham das 8 da manhã às 10 da noite ’ 14 horas por dia, sete dias por semana com apenas 10 dias de folga por ano. Elas recebem 13 centavos de dólar por hora” .

Essa não é a primeira vez que as mulheres do setor têxtil entram em cena. Trata-se de uma categoria que foi a vanguarda do movimento feminista de trabalhadoras na esfera mundial. Eis que em Nova Iorque , no dia 8 de março de 1857, as operárias têxteis foram protagonistas de uma greve pela redução da jornada de trabalho e igualdade salarial entre homens e mulheres. A polícia respondeu à greve com uma repressão brutal, deixando o saldo de 130 mulheres queimadas vivas. O mundo se chocou com tamanha impunidade e foi justamente em homenagem às trabalhadoras americanas do setor têxtil que se instituiu o Dia Internacional da Mulher no dia 8 de março.

Neste ano, o Dia Internacional da Mulher deve reivindicar as mulheres do Wal-Mart, que foram protagonistas dessa luta ferrenha, conseguindo atingir uma empresa de imensa magnitude, arrancando de seus patrões um direito fundamental. Enquanto o presidente Bush senta-se com a cúpula do empresariado paulista pra definir os investimentos neoliberais a serem aplicados no próximo período, as mulheres no interior de seu próprio país se mobilizam contra o machismo escancarado de um sistema arcaico, onde a mulher ocupa os postos mais precarizados de trabalho. No Iraque e no Haiti, as tropas norte-americanas são as responsáveis por diversas mortes e estupros de mulheres. A luta das mulheres é internacional.

Viva as mulheres da Wal-Mart!
Fora Bush do Iraque e do Haiti!
Por um 8 de março feminista, classista e antiimperialista!

[1Organização de direitos civis

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