Sexta 26 de Abril de 2024

Movimento Operário

Relato da importante conquista de um organismo de democracia de base dos trabalhadores da USP

Um pequeno exemplo para a Conlutas e seus sindicatos

15 Aug 2006   |   comentários

A partir das lutas políticas travadas no Congresso Nacional dos Trabalhadores (CONAT) que reuniu cerca de 2,5 mil delegados sindicais de todo o país e formalizou a criação da Conlutas em maio de 2006; a partir das resoluções mais progressivas que foram aprovadas no IV Congresso de trabalhadores da USP em março deste mesmo ano; a partir da necessidade de organizar os trabalhadores para levar nossas lutas de maneira conseqüente contra os patrões e o governo, massificar nossas bandeiras de luta e fazer carne das nossas idéias para que se transformem em realidade e poder contribuir para que elevemos nossas lutas sindicais, por salários, emprego e direitos ao patamar político, nos enfrentando com o governo e nos organizando para arrancar das mãos da burguesia o rumo de nossas vidas, demos início à construção de um Movimento por uma Corrente Classista e Combativa da Conlutas.

No dia 4 de agosto realizou-se a reunião do Conselho de Diretores de Base (CDB) do Sindicato de trabalhadores da USP (Sintusp), espaço em que se reúnem representantes de diversas unidades para discutir a orientação das lutas dos trabalhadores da USP. Relatamos abaixo uma experiência que consideramos um pequeno exemplo de como as lutas podem ser travadas.

A importância de defender o povo árabe contra Israel

Devido ao massacre aos milhares de libaneses e palestinos pelos exércitos de Israel, distribuímos um material que explicava aos trabalhadores que o Estado de Israel (armado e financiado pelos EUA) foi criado em base à expulsão do palestino de seu território histórico, e que Israel é um Estado que sobrevive em base a uma opressão permanente aos povos do Oriente Médio. Discutimos com os trabalhadores a necessidade de impulsionarmos uma campanha pela derrota militar do imperialismo norte-americano e de Israel, e para que a resistência se transforme em uma luta de libertação nacional e social pelas mãos da classe trabalhadora e do povo explorado e oprimido do Oriente Médio.

Em função da campanha em solidariedade (boletins, debates, participação nos atos) ao povo palestino e libanês o Sintusp está assumindo, nosso sindicato está sofrendo uma perseguição política por parte da reacionária comunidade judaica através de e-mails e telefonemas. Cedendo a esta pressão, a reitoria da USP, vergonhosamente, proibindo a realização de um ato em solidariedade ao povo libanês no anfiteatro Camargo Guarnieri no dia 16 de agosto. Esta perseguição sionista coloca a necessidade de fortalecermos ainda mais nossa campanha, agregando e necessidade de lutar contra essas ameaças ao Sintusp.

O conflito da varig: um exemplo de solidariedade ativa entre trabalhadores de diferentes categorias

Também para a reunião do CDB chamamos um trabalhador da Varig para que nos informasse do conflito contra as demissões (são mais de cinco mil) e para que pudéssemos lutar juntos contra a empresa e o governo. Isso foi muito importante porque pudemos tomar como nosso um manifesto escrito por trabalhadores da Varig e que foi assinado pelo CDB e pela diretoria do sindicato. No dia 15 de agosto os trabalhadores demitidos da Varig realizaram um ato no aeroporto para reivindicar seus direitos até agora negados pela empresa e pela Justiça. Trabalhadores da USP integrantes da Movimento por uma Corrente Classista e Combativa da Conlutas participaram ativamente do ato panfletando os materiais de solidariedade que haviam sido aprovados e relatando as experiências de luta de nossa categoria para fortalecer os trabalhadores da Varig. Isso foi fundamental para que os trabalhadores se motivassem a ocupar a avenida, ao contrário do que queriam os dirigentes sindicais pelegos. A solidariedade entre nós, trabalhadores, é apenas uma pequena, mas importante, medida que devemos tomar na luta contra os ataques que sofremos.

Os trabalhadores e as eleições

Em meio a todos esses ataques, os candidatos querem nos convencer de as eleições são uma solução mágica para todos os problemas. Como dissemos na reunião do CDB, nenhum candidato pergunta aos trabalhadores quais são nossos interesses, nenhum deles se dispós a assumir a luta por mais verbas para as estaduais paulistas, a luta contra as demissões, a luta contra o Estado de Israel como sua. Não podemos confiar que estes candidatos, uma vez eleitos, se colocarão a serviço dos trabalhadores e de suas lutas.

Acreditamos que nas eleições os candidatos que reivindicam a defesa dos interesses dos trabalhadores devem colocar suas candidaturas a serviço das principais lutas do país. Por isso propusemos no CDB que se abra a discussão em nossa categoria para que os trabalhadores definam um programa que atenda os seus interesses. Como resolução foi aprovado para a primeira quinzena de setembro a realização de um debate com a presença de candidatos que se reivindicam aliados dos trabalhadores.

Construamos um Movimento por uma Corrente Classista e Combativa da Conlutas

Nós do, Movimento por uma Corrente Classista e Combativa da Conlutas, tomamos estes exemplos como um pequeno passo na orientação em que acreditamos que trabalhadores e sindicatos de outras partes do país possam se apoiar para impulsionar suas lutas. Acreditamos que a Conlutas pelo papel que ocupa hoje de reorganização da vanguarda dos trabalhadores do país, pela influência em alguns sindicatos importantíssimos do país como o de metalúrgicos, dos metroviários, bancários e de professores pode e deve multiplicar experiências como estas que demonstram no pequeno como é possível e necessário lutar na base dos sindicatos pela solidariedade ativa de classe, pela solidariedade internacional dos povos explorados e oprimidos, contra o imperialismo e pela independência política dos trabalhadores.

Precisamos impulsionar, em cada local de trabalho, discussões e ações concretas de solidariedade com os trabalhadores da Volks, da GM e da Varig e com os povos oprimidos no Oriente Médio, que dêem continuidade a esta conquista do CDB do Sintusp.

Precisamos construir no Sintusp um forte ato-debate sobre as eleições na primeira quinzena de setembro para fazer carne à resolução que diz: nós trabalhadores não podemos confiar no que diz a Rede Globo; não podemos ficar cada qual individualmente em casa decidindo o que fazer a partir das propagandas eleitorais mentirosas, pois depois os governos nos ferram coletivamente, como classe; devemos discutir entre nós qual a melhor via para expressar nossos interesses comuns de classe nessas eleições, e nosso sindicato deve estar a serviço de organizar este debate, convidando os candidatos da Conlutas e dos partidos que se colocam em defesa da classe trabalhadora para apresentarem suas propostas e ouvirem as nossas!

Depoimento de um trabalhador da USP sobre o ato na Varig

“Em visita ao pessoal da Varig, levei o voto de solidariedade dos funcionários da USP aos colegas desempregados. Fiquei surpreso com o semblante das pessoas que expressava o descontentamento e a tristeza de tal situação. Passei nossa experiência de greve ao pessoal e incentivei o ATO na rua e com determinação os colegas colocaram seu movimento para dentro do aeroporto de Congonhas.”

“Só uma coisa me surpreendeu, a traição armada entre o sindicato que representa essa categoria e os burgueses que administram a Varig. O pedido de saque imediato do FGTS e a cópia da CTPS demonstram que não há mais como retroagir com as demissões, foi uma facada pelas costas, porém não podíamos denunciar esse ato em função de nossa corelação de forças.”

A. K. Trabalhador da USP

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