Segunda 29 de Abril de 2024

Movimento Operário

Governos e reitorias reprimem setores que saem à luta

Um chamado à Conlutas e à Intersindical para colocar de pé uma campanha nacional em defesa dos estudantes e trabalhadores

20 Dec 2007   |   comentários

A força da figura de Lula, que se baseia na boa situação da economia que tem permitido geração de novos empregos e aumentos salariais acima da inflação, no bolsa-família que tem diminuído a conflitividade no campo e debilitado conjunturalmente o MST e no controle que exerce sobre as principais direções do movimento de massas, é o que explica que mesmo com um Congresso debilitado e uma base governista instável, a burguesia tenha força para impor uma inicial escalada repressiva contra os setores de vanguarda que saem à luta. É nesse marco geral de passividade das massas e de profundas ilusões reformistas, que se desenvolvem algumas lutas importantes, que muitas vezes acabam se isolando da maioria dos trabalhadores que ainda confiam em Lula, que se aproveita disso para tentar avançar com medidas repressivas.

Essa repressão aos setores em luta se dá em distintos níveis:
Num marco mais geral, se expressa nas respostas cada vez mais reacionárias à questão da violência urbana, com invasões de favelas, aumento da violência policial contra a população das periferias e o povo negro e com o PAC da Segurança de Lula. É num contexto como este que o deputado Henrique Afonso (PT-AC), enviou ao Congresso o projeto de lei da “bolsa-estupro” , para incentivar mulheres estupradas a terem seus filhos , o que pratica significa quase legalizar o estupro e a violência contra a mulher para defender as posições anti-aborto da Igreja e dos setores mais conservadores. Nesse quadro geral de aumento da violência policial, o filme “Tropa de Elite” não é mais do que um termómetro do clima imperante em determinadas camadas da classe média.

Ao mesmo tempo em que se da o aumento da repressão policial contra as populações pobres das grandes cidades, também se dá o aumento da repressão política contra os setores do movimento de massas que saem à luta. A recente decisão do STF praticamente acaba com o direito de greve dos servidores públicos ao enquadrá-los de conjunto nas regras dos “serviços essenciais” . No Paraná, mais uma vez vimos jagunços armados por latifundiários, dessa vez pela empresa multinacional Syngenta Seeds, assassinarem trabalhadores que lutam por um pedaço de terra, sem que o governo Lula sequer se pronunciasse, autorizando na pratica esse tipo de ação. Em Limeira, interior de São Paulo o governo Serra reprimiu violentamente uma ocupação do MST. No nordeste, para viabilizar as obras de transposição do rio São Francisco o governo Lula não vacila em mandar o exercito para amedrontar o povo.

O ponto alto desse processo é a repressão desencadeada contra o movimento estudantil, que ao longo do ano foi o setor social que mais protagonizou medidas de luta. Assim, depois de 30 anos, os militares voltaram a invadir a PUC, numa cena que se repetiu em várias universidades, para calar os estudantes que ocuparam as reitorias contra as políticas do governo Lula e das grandes empresas de ensino privado. Em todo o país, os estudantes estão sofrendo processos judiciais e de sindicância interna.

Já passa da hora da Conlute e entidades estudantis combativas, dos sindicatos da Conlutas e Intersindical, das organizações e partidos de esquerda, dos movimentos populares e das organizações de direitos humanos encabeçarem uma ampla e massiva campanha democrática, em defesa do livre direito de organização e manifestação, em defesa do direito de greve, pela retirada de todos os processos e sindicâncias contra os lutadores, contra a violência policial e a militarização das grandes cidades.

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