Sexta 26 de Abril de 2024

Internacional

LUTAS ESTUDANTIS NA ARGENTINA

Trabalhadores e estudantes, unidos e adiante!

19 Sep 2010   |   comentários

Depois de um mês de ocupações de escolas e faculdades na Argentina, a luta dos secundaristas, que conquistam apoio de universitários, docentes e trabalhadores, deve ser preenchida de solidariedade internacional. Isso porque se mostra como um exemplo de como a juventude pode e deve se colocar em luta direta, junto aos trabalhadores e o povo pobre, contra a miséria e a falta de perspectiva que nos reserva o capitalismo. Além disso, frente à crise capitalista, a disposição dos jovens que se colocam junto à classe trabalhadora
 vendo nessa aliança a chave para uma transformação radical da sociedade - em qualquer lugar do mundo é uma vitória para toda a juventude e os trabalhadores.

Parte disso é a necessidade de tirarmos lições e aprendermos com a luta dos estudantes argentinos. Desde o PTS (organização irmã da LER-QI na Argentina), da agrupação secundarista No Pasaran (PTS e independentes) e da agrupação universitária En Clave Roja
(PTS e independentes), levantamos hoje como chave para avançar a necessidade de massificar e coordenar o movimento democraticamente pela base, através de delegados eleitos nos organismo locais em cada escola ou universidade. Isso é o que pode potencializar a luta estudantil, fazendo as diversas camadas de estudantes, que se levantam, combaterem unificadamente o governo, a oposição burguesa, a mídia e diversos setores que, apesar da suposta diferenciação, quando se trata de atacar a luta dos estudantes, atuam unificadamente reprimindo a organização estudantil.

Também sustentamos a necessidade de através desses organismos coincidirem a luta com os trabalhadores da Paraná Metal - cujos trabalhadores hoje lutam contra a precarização das relações de trabalho-, com os docentes - cada vez mais precarizados-, com os trabalhadores não-docentes nas universidades e escolas e com os setores combativos de trabalhadores surgidos em processos como o da Kraft Terrabusi. Isso se concretizou na primeira assembléia inter-estudantil realizada em que participaram mais de 2 mil estudantes, na Faculdade de Medicina da UBA, entre universitários, secundaristas,
e estudantes de ensino técnico. Nessa importante assembléia estavam presentes também trabalhadores da Kraft-Terrabusi, os terceirizados ferroviários do trem de Roca, e as operárias da Felfort, além da saudação dos operários de Paraná Metal.

Liga-se, portanto, as demandas dos estudantes com as dos trabalhadores, criando um movimento estudantil pró-operário, que luta contra a opressão e exploração da sociedade de conjunto e denuncia a repressão policial e as políticas repressivas dos governos Kirchner e Macri e do conjunto da burguesia argentina.

A ANEL enviou uma delegação para Argentina e achamos isso muito importante. Porém é necessário ir além e transformar essas lições dos estudantes Argentinos em uma arma para usarmos aqui no Brasil. Lutas a serem dadas não faltam. Por exemplo, na USP, trabalhadores que lutaram esse ano vêm sendo punidos; Brandão segue demitido e a companheira Patrícia vem sendo perseguida; à maioria dos jovens trabalhadores do país é negado o direito de estudar, sobram cassetetes e violência policial. Desse ponto de vista, tanto no Congresso dos Estudantes da UNESP e Fatec (CEUF) como nos processos de mobilização estudantis no Estado, como os que ocorrem hoje na Fundação Santo André, achamos que devemos encaminhar moções, abrir discussões, pensar em atos e todas as alternativas possíveis para criar solidariedade orgânica com os estudantes argentinos.

***

O movimento estudantil universitário, secundarista e de ensino técnico chega a uma importante marcha, depois de algumas semanas com muitas lutas. Nas perguntas que se seguem, quatro estudantes argentinos responderão sobre esses dias de conflito, essencialmente de como estão as perspectivas para o movimento de defesa da educação, no colégios e nas universidades. Como vocês vem as perspectivas do movimento em defesa da educação pública?

Ramiro da Sociologia UBA

“Surpreendeu-me como aumentou na minha faculdade, que em geral é uma sede organizada, a participação da base estudantil com respeito a 2008. Todos os estudantes nos vimos impactados pelos secundaristas, que são um exemplo de luta. Além de como os estudantes do ensino técnico se vão somando a luta e vão realizando assembléias cada vez maiores. Inclusive ver que lugares como o IUNA, com pouca tradição de organização, saem à luta em defesa da educação pública. Neste sentido esta semana é chave na história do movimento estudantil; mostrará nas marchas sua força e na (assembléia) interestudantil de segunda estabelecerá a continuidade da luta. Em definitivo, creio que o movimento estudantil vem crescendo e continuará o fazendo.”

Debora da Historia UBA

“Vejo que está indo bem. Em ascenso, no auge. Cada vez existem mais faculdades tomadas e secundaristas que seguem em luta. Amanhã vamos ver na marcha a quantidade de estudantes que estamos lutando pela educação.”

Pedro de Historia UBA

"A verdade é que vejo com muita vitalidade, pode-se dizer que goza de uma saúde que não tenho visto nos últimos 30 anos. É um movimento que esta se gestando graças e por desgraça, porque a educação está realmente destruída, caindo aos pedaços. Não apenas na cidade senão também na província de Buenos Aires, e não só na província senão a nível nacional. Existe uma perspectiva muito maior que a que se expressa desde certos setores que opinam que é somente na cidade."

Federico del Fader

“Desde a semana passada conhecemos o aparato do Estado. A perspectiva se dá em que há uma ligação no movimento, existem 30 colégios tomados pela segunda vez e isso pode permitir, caso sigamos
este caminho, vitórias contra as manobras do governo”

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