Quarta 1 de Maio de 2024

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Todos às ruas! Basta de repressão e assassinatos de lutadores sociais!

13 Dec 2011   |   comentários

No dia 12 de Dezembro de 2011 por volta do meio-dia, um grupo de aproximadamente 500 estudantes da Escola Normal Rural “Raul Isidro Burgos” de Ayotzinapa (Guerrero – México) se manifestavam no quilometro 276 da pista México-Acapulco para exigir o cumprimento de uma pauta de reivindicações que continha entre outras, as demandas de aumento do número de vagas, o outorgamento de vagas aos estudantes formados da geração 2012 e o melhoramento das (...)

No dia 12 de Dezembro de 2011 por volta do meio-dia, um grupo de aproximadamente 500 estudantes da Escola Normal Rural “Raul Isidro Burgos” de Ayotzinapa (Guerrero – México) se manifestavam no quilometro 276 da pista México-Acapulco para exigir o cumprimento de uma pauta de reivindicações que continha entre outras, as demandas de aumento do número de vagas, o outorgamento de vagas aos estudantes formados da geração 2012 e o melhoramento das condições de estudo dos normalistas. O Governador do Estado de Guerrero, Ángel Aguirre Rivero se comprometeu lá pelo final do mês de Outubro a cumprir estas demandas, o que não fez. Ante este descumprimento os estudantes da Normal de Ayotzinapa ocuparam há uma semana momentaneamente algumas rádios difusoras da capital do estado e em 13 de novembro passado realizaram um bloqueio na mesma pista, este bloqueio foi desalojado também por agentes da Policia Federal.

Este último bloqueio da pista México- Acapulco na altura de “El Libramiento” como resposta ao descumprimento destas demandas, foi desfeito violentamente por agentes da Policia Federal, pela Policia Estatal Preventiva, Policias Municipais, soldados do Exército e agentes paramilitares vestidos de civil, que desde a frente policial dispararam contra os estudantes, ferindo sete e assassinando dois deles, os jovens Jorge Alexis Herrera Pino e Gabriel Echeverría de Jesús. Os estudantes apresentavam vários disparos no corpo e tiros na cabeça, provenientes de rifles AK-47 ou “chifres de bode”, disparados segundo testemunhas pelos elementos “externos” às corporações policiais vestidas de civil.
O brutal ataque dos aparelhos repressivos aos estudantes de uma Escola Normal como a de Ayotzinapa, de longa e importante tradição de luta, da qual surgiram personagens como Lucio Cabañas e Genaro Vázquez, que durante os últimos anos vem enfrentando junto a 16 Escolas Normais Rurais a ofensiva contra a Educação Pública, que busca entre outras coisas o fechamento definitivo dessas Escolas, é mais um dos exemplos do aumento das medidas repressivas e a perseguição contra os lutadores sociais e defensores de Direitos Humanos que se enfrentam com os planos antipopulares e anti-operários do governo.

Nas últimas semanas vimos um salto importante nos assassinatos e desaparecimento de lutadores sociais, assim como no caso do assassinato de Nepomuceno Moreno do MPJD em Sonora, o de Trinidad de la Cruz, “Don Trino”, de Ostula Michoacán, precedido pelo de Pedro Leyva ; o desaparecimento de Eva Alarcón e Marcial Bautista, camponeses ecologistas de Guerrero, assim como de mais dois companheiros da comunidade de Ostula , o assassinato do Estudante da UNAM Carlos Sinuhé Cuevas e o atentado contra Norma Andrade do grupo Nossas Filhas de Volta para Casa (Nuestras Hijas de Regreso a Casa).
Nos casos mencionados existe responsabilidade e cumplicidade do governo, pois nunca se atentou às petições de medidas de proteção aos lutadores sociais que receberam ameaças, como no caso de Nepomuceno, ou porque as forças repressivas participaram ou permitiram os ataques contra os lutadores, é o caso de Don Trino e de Eva Alarcón e Marcial Bautista; no primeiro dos casos, a policia federal abandonou a caravana para Ostula na qual participava Don Trino com um grupo de observadores de Direitos Humanos pouco antes do ataque dos paramilitares, no segundo os camponeses da serra de Petatlán foram retirados do caminhão em que viajavam para a Cidade do México por pessoas encapuzadas enquanto o caminhão se encontrava detido por um retém militar.

A militarização volta a mostrar mais uma vez seu verdadeiro objetivo, a criminalização, perseguição e repressão de todos aqueles que questionam os planos governamentais contra os trabalhadores, as mulheres, os camponeses, indígenas e a juventude, valendo-se para isso o uso do exército, das corporações policiais e grupos paramilitares que atuam sob sua proteção com o pretexto da luta contra o narcotráfico.
Se isso é sim, a única maneira de frear estes embates contra todos aqueles que lutam contra o desemprego, a depredação dos recursos naturais, o feminicídio, a subordinação ao governo do EUA, o corte das liberdades democráticas e as violações aos direitos humanos, é a mais ampla e sólida unidade para exigir o cessar desses ataques e o julgamento e punição dos responsáveis dos ataques, mas que também lute de maneira independente e sem confiança no governo e suas instituições pela saída imediata do exército das ruas. Isso só podemos conseguir com os métodos de luta dos trabalhadores e os explorados e oprimidos confiando unicamente na sua força e potencialidade.

O assassinato desses jovens estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa suscitou um extenso e enérgico repudio por parte de mais de 200 organizações defensoras de Direitos Humanos, elas, ao lado do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade, Nossas Filhas de Volta para Casa, as demais organizações como a Coordenadora Nacional contra a Militarização e o Encontro de Emergência Nacional, as organizações de direitos humanos e de mulheres na luta contra o feminicídio, junto às organizações sindicais que se declaram democráticas e independentes (como o SME, a CNTE, a UNT), devem chamar uma grande mobilização nas ruas contra a militarização e a perseguição dos lutadores sociais. Os sindicatos, em particular, devem convocar ações de luta, preparando o caminho para uma grande greve nacional contra a política do governo, exigindo o cessar imediato dos assassinatos e ataques a lutadores sociais, e contra a militarização que durante o sexênio de Calderón provocou 60,000 mortos, 10,000 desaparecidos e 120,000 desabrigados, em sua maioria trabalhadores, jovens e setores populares.

Junto a isso e ante a impunidade do governo e a implicação velada dos aparelhos policiais, judiciais e militares nas perseguições, sequestros e levantamentos em todo o país, somos as organizações sociais de Direitos Humanos, ativistas, sindicatos e organismos de mulheres, que devemos garantir a proteção e a vida de nossos(as) lutadores(as) sociais.

Liga de Trabalhadores pelo Socialismo /Agrupação Estudantil ContraCorrente / Agrupação de Mulheres Pão e Rosas

13/12/11

Liga de Trabajadores por el Socialismo (LTS MÉXICO

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