Segunda 6 de Maio de 2024

Movimento Operário

Sobre a mobilização dos terceirizados da USP

14 Apr 2011   |   comentários

Estamos vivendo na USP durante estes dias uma mostra de força da mobilização dos trabalhadores terceirizados da limpeza na USP. Quando fui operador de telemarketing de uma empresa do ramo senti na pele o mesmo descaso que sofreram estes trabalhadores da limpeza por parte da empresa prestadora de serviços e pela contratante, uma multinacional do setor de telecomunicações de nome bem conhecido. Na época, diante de diferenças salariais em meio ao exercício da mesma função de trabalho, nós operadores de telemarketing nos mobilizamos contra estas medidas arbitrárias cometidas pelas duas empresas envolvidas. Todos sabem que as duas empresas têm ligações fortes, pertencendo até ao mesmo grupo, razão para que juntas e em comum acordo procurem reduzir cada vez mais os direitos dos trabalhadores que na condição de terceirizados sofrem ainda mais esta pressão.

No caso da USP não é diferente, a empresa União tem ligação com a Universidade, pois é dirigida por professores da mesma e na medida que a Reitoria contrata os seus serviços, o objetivo é retirar qualquer responsabilidade direta da Universidade. Isto nos mostra que o trabalho terceirizado no Brasil deve acabar. A barreira que impede que isto aconteça seria a ganância das empresas contratantes em lucrar e das empresas prestadoras de serviço que oferecem seu trabalho com menor valor para repassarem um salário ainda mais baixo aos terceirizados. Estes trabalhadores, diante das condições de salário e de trabalho cada vez piores, buscam alternativas radicais de mobilização, pois seria uma maneira de expressar toda a aflição que sofrem. Lembro bem quando em 2005 aconteceu uma greve no meu local de serviço e com esta experiência de luta nos organizamos em 2007 para uma nova mobilização.

A falta de pagamento dos trabalhadores de limpeza da USP fez com que eles se mobilizassem e protestassem pelas salas de aula da FFLCH e pelas ruas do campus. Também enfrentam em seu caminho a burocracia sindical que tudo fazem para dificultar a organização da classe que deveriam representar. No telemarketing, o sindicato fazia reuniões a portas fechadas com a empresa onde decidiam os rumos sem consulta aos operadores. Seus representantes eram indicados pelo próprio sindicato, sem eleição, sem a escolha dos trabalhadores envolvidos, evitando assim qualquer tipo de contraposição de suas idéias. Por este motivo as intervenções de um sindicato combativo como o SINTUSP são necessárias, pois seus representantes são eleitos democraticamente e a base dos trabalhadores são consultadas e fazem parte da tomada de decisão em assembléias e reuniões, tornando o papel do sindicato uma ferramenta de luta para os trabalhadores terceirizados.

Acredito que a luta dos teleoperadores em 2007 na qual participei e esta que ocorre pelos trabalhadores de limpeza da USP tem relação entre si e expressão uma única vontade: que a terceirização acabe, que não dividam as fileiras operárias entre efetivos e prestadores de serviço, isto tem que acabar no Brasil e não somente nestas categorias mais em todas a nível nacional. Sei que estas são demonstrações de luta que ainda vão se repercutir e veremos mobilizações cada vez mais radicais em nosso país, pois este papel somente pode ser feito pelos próprios trabalhadores terceirizados em conjunto com um sindicato combativo e uma direção revolucionária conseqüente.

Artigos relacionados: Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo