Sexta 19 de Abril de 2024

Gênero e Sexualidade

UNESP DE MARÍLIA

Cerca de 100 estudantes no lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher”

29 May 2011   |   comentários

Na ultima terça feira dia 24 de maio de 2011, foi realizado na UNESP de Marília o lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher: A luta das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da USP.” Organizado por Diana assunção dirigente da LER-QI e diretora do Sintusp, editado pelas edições Iskra. O livro nos traz o importante debate sobre a precarização do trabalho na forma da terceirização, demonstrando enfaticamente as condições de trabalho das (os) trabalhadoras (es) terceirizadas (os) do serviço de limpeza da universidade do Estado de São Paulo. O debate que o livro apresenta é síntese da luta politica que as próprias trabalhadoras terceirizadas travaram em 2005 exigindo o pagamento de seus salários pela empresa Dima então contratada pela USP. As trabalhadoras então em luta contaram com o apoio politico do Sindicato dos (as) Trabalhadores (as) da USP sendo que a resposta da reitoria frente a esta aliança entre efetivos e terceirizados foi a abertura de um processo contra um dos diretores do Sintusp: Claudionor Brandão que, somado a outros processos abertos contra o sindicato por conta das greves, piquetes e atos contra o projeto de universidade que a reitoria e o Estado de São Paulo tentam impor, resultou na demissão ilegal deste trabalhador.

Neste ano, quando o livro estava para ser lançado em são Paulo estoura outra importante luta das trabalhadoras terceirizadas da limpeza, desta vez da empresa UNIÃO, que devido às suas condições desumanas de trabalho não exigiam nem o aumento de seus salários, mas sim o pagamento deste pela empresa UNIÃO que há mais de 1 mês não depositava os salários; sem dar qualquer explicação a empresa demitiu todo o quadro de funcionários sem sequer lhes garantir os diretos trabalhistas. A reitoria se calou frente ao não pagamento dos salários das (os) terceirizadas (os), mas a força dessas(es) trabalhadoras (es) somadas ao apoio do SINTUSP e dos estudantes impôs com que todas (os) trabalhadoras(es) fossem pagas (os) pela própria reitoria.

A luta que se iniciou pelo pagamento dos salários levantou a bandeira da contratação imediata de todas (os) as (os) trabalhadoras (es) terceirizadas (os) da USP; pelo fim da terceirização que impõe aos trabalhadores (as) condições desumanas de trabalho e garantem à burguesia uma taxa de lucratividade absurda. A nossa luta pela efetivação de todos os (as) trabalhadores (as) terceirizados sem concurso publico continua; portando se faz necessário o debate sobre a terceirização em todos os espaços dentro e fora da universidade.

Em Marília, onde no ano de 2010 os estudantes travaram a luta contra a terceirização do restaurante universitário organizando greve nos cursos de Ciências Sociais e Filosofia que culminou na ocupação da direção local e na vitória dos estudantes, que impuseram à reitoria que o restaurante universitário fosse aberto no período noturno e que seus funcionários não seriam terceirizados, mas sim que tivessem os mesmos direitos dos trabalhadores efetivos, sendo funcionários públicos. Embora tenhamos essa grande vitória contra a terceirização do restaurante universitário da UNESP de Marília, o serviço de limpeza da unidade ainda é terceirizado, portanto o debate continua e a preparação para a luta pela efetivação deve caminhar. É neste marco em que nós militantes da LER-QI, do Grupo de mulheres Pão e Rosas e independentes organizamos a atividade de lançamento do livro “A precarização tem rosto de mulher”, para este debate foram convidados a professora de antropologia da UNESP de Marilia Lucia Arrais Morales, Diana Assunção diretora do SINTUSP e dirigente da LER-QI, Nick Silva e Gloria de Oliveira ambas ex-trabalhadoras da empresa UNIÃO.

Para resgatar o valor dessa atividade devemos retomar um importante fragmento da fala da trabalhadora Glória, que em síntese expressa que quando as trabalhadoras são contratadas pelas empresas terceirizadas os encarregados impõe aos trabalhadores que estes não conversem com ninguém e que olhem sempre para o chão, a fim de que passem despercebidos; INVISÍVEIS. Há funcionários que olham para o chão há 10 anos e que com isso nada aprenderam, apenas se deixaram diminuir, se deixaram calar pelo patronato, mas que a greve os fez levantar a cabeça, e levantando a cabeça estes aprenderam muita coisa, levantando a cabeça as (os) trabalhadoras (os) se organizaram, conversaram com estudantes, professores, funcionários efetivos e os convenceram da importância da luta contra a terceirização, foi levantando a cabeça que as aulas foram paralisadas e atos massivos aconteceram na reitoria, foi levantando a cabeça que funcionários fizeram-se ouvir no então “lócus do conhecimento”, na universidade do estado de São Paulo.

É neste espirito que devemos retomar as experiências da classe trabalhadora que se levantou na comuna de Paris há 140 anos, relembrar as lições deixadas pela classe trabalhadora Russa que tomou o Céu de Assalto; da classe trabalhadora Árabe que se levanta contra os regimes capitalistas ditatoriais, contra as péssimas condições de vida, contra o desemprego estrutural e pela democracia. Hoje depois de mais de 30 anos que a classe trabalhadora mundial olha para o chão as condições objetivas trazidas pela crise capitalista aberta em 2008 faz com que os povos árabes e europeus olhem para cima, se organizem e lutem derrubando ditadores, lutando contra os Estados europeus que querem que a classe trabalhadora pague pela crise capitalista com políticas de austeridade e desmonte dos resquícios das politicas de bem estar social, impondo reformas e cortando direitos sociais.

Hoje no Brasil onde a crise capitalista ainda não afeta de forma direta e profunda como nos países europeus como Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda e Itália; mais de 200 mil trabalhadores terceirizados da construção civil contratados pelas obras do PAC (plano de aceleramento do crescimento) se organizaram fazendo greves contra as péssimas condições de trabalho. A resposta do governo Dilma foi e é a repressão enviando tropas do exercito para garantir que as obras não vão parar. O regime de trabalho terceirizado assola diversos setores da sociedade mundial, sendo estes os setores mais precarizados da classe trabalhadora. Portando novamente reivindicamos a luta contra a terceirização e pela efetivação sem concurso publico das trabalhadoras terceirizadas dentro e fora das universidades.

Saudamos a participação da professora Lucia Arrais Morales que contribuiu com muita qualidade no debate expondo seu trabalho realizado cujo objeto pesquisado foi as trabalhadoras terceirizadas do serviço de limpeza da UNESP de Marília dialogando com as experiências vividas pela Gloria e pela Nick; colocando seu acumulo teórico a serviço do questionamento das condições precárias de trabalho em que vivem todas e todos os trabalhadores que suportam e enfrentam o trabalho terceirizado.

Artigos relacionados: Marília , Gênero e Sexualidade









  • Não há comentários para este artigo