Sábado 4 de Maio de 2024

Internacional

MASSACRE NA ÁFRICA

Seguindo a cartilha das empresas imperialistas, Vale do Rio Doce se envolve em massacre de ativistas na Guiné-Conakry

17 Sep 2012   |   comentários

Semanas antes do atentado na África do Sul, no dia 04 de agosto, a mineradora multinacional de origem brasileira CVRD [1] esteve envolvida em um massacre contra militantes de etnias desfavorecidas em Guiné-Conakry, na África. A Vale está envolvida em uma join venture com a empresa BSG Resourses, israelense, em um dos maiores projetos de mineração em território africano da história, no Estado de Simandou em Guiné [2]. Dias antes ativistas de Zogota organizaram ações como ocupações e destruição de equipamentos acusando a VBG de prejudicar as etnias Guerzé e Tomas nos quadros empregatícios. Seis líderes populares, incluindo o líder do vilarejo de N’zérékoré, que denunciavam o não cumprimento dos acordos feitos pela Vale para contratação de trabalhadores das etnias locais, foram assassinados pela polícia e por paramilitares. Ainda mais alarmante é o fato de que a polícia estava usando carros da própria multinacional brasileira e que cinco ministros do governo de Alpha Condé [3] visitaram o vilarejo, horas antes a repressão e assassinatos, tentando convencer a população a parar os protestos.

Assim como consórcios imperialistas que disputam a exploração dos recursos naturais e da população africana, a Vale do Rio Doce se alia com as elites locais extraindo os lucros do que, para Vale, é considerada uma nova Carajás, sem reverter nem os investimentos prometidos para as regiões das etnias menos favorecidas. Para este objetivo descumpre acordos trabalhistas e investe menos do que o acordado. Setores do proletariado de Guiné estão percebendo que as elites locais entregam os recursos naturais de seu país [4] para os empreendimentos estrangeiros. A Vale do Rio Doce, buscando parte dos lucros extraordinários extraídos pelo imperialismo no continente africano, por um lado se alia às empresas imperialistas e, por outro, participa dos conflitos nativos financiando aliados entre as burguesias e elites locais que possam servir como seus cães de guarda.

A ONU vem dando declarações exigindo investigações do governo e mostrando dados sobre a impunidade em torno das forças armadas de Guiné. Porém, tenta inocentar a VBG dando a entender que foi “um caso marginal”. Este discurso cínico da ONU possui um caráter ideológico de identificar as catástrofes sociais do país a problemas inerentes, “naturais”, a população africana isentando a responsabilidade das empresas estrangeiras na região. Tentam esconder que o “desenvolvimento” que elas promovem significa manutenção, e criação de novas, brutais desigualdades que possam promover o enriquecimento das burguesias internacionais e nacionais. O cinismo do governo brasileiro também não fica atrás, Dilma e o embaixador brasileiro em Guiné declararam que a Vale é vítima da oposição ao governo. A verdade é que a VBG junto a outras empresas internacionais são as principais culpadas pelas mazelas sofridas pelo proletariado e pelo povo de Guiné. Porém, confiamos que a mobilização destes, e a consciência dos compromissos que suas elites possuem com o capitalismo internacional, é a real possibilidade de resoluções dos problemas étnicos e nacionais. O proletariado brasileiro também sofre com a ganancia da multinacional Vale do Rio Doce no Brasil e saberá que suas conquistas se ligarão com as conquistas do proletariado de outros países semicoloniais como o de Guiné.

[1Companhia Vale do Rio Doce

[2O primeiro passo do projeto é a mina de Zogota, onde ocorreram os assassinatos, e um dos objetivos futuros é a reconstrução da ferrovia Conakry-Kankan no pais.

[3Presidente atual de Guiné-Conakry acusado de ter sido eleito em processos fraudulentos.

[4Um terço das reservas de bauxita já encontradas no mundo se encontram neste país.

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