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Nacional

RJ: Polícia de Cabral mata 13 pessoas e pisoteia todos direitos civis dos moradores da Maré

25 Jun 2013   |   comentários

Cabral assassino! Enquanto manifestantes de dias atrás seguem em Bangu, a polícia de Cabral mata 13 na Maré

Desde segunda-feira 24/6 a polícia mais assassina do país, a polícia do governador Sérgio Cabral do Rio de Janeiro, empreende nas comunidades do Complexo da Maré uma operação de assassinato, repressão e sistemático desrespeito a direitos constitucionais formalmente garantido pelo Estado burguês.

Após uma manifestação pacífica ser reprimida em Bonsucesso com alegações de que estavam ocorrendo saques, a polícia deslocou-se para a vizinha Maré em uma operação de sistemática repressão e assassinato. Com as mesmas alegações esta polícia vingou-se da morte de um sargento do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) matando 13 moradores da comunidade. A mídia e o governo logo tacharam todos manifestantes da Maré de associados ao tráfico e bandidos. Com esta alegação o fuzil estava liberado para acertar qualquer morador, mas sobretudo os jovens negros.

Ao amanhecer o dia na terça-feira quando os moradores podiam ver alguma luz (pois nesta mega-operação foi cortada a luz de toda a comunidade até ao menos a madrugada desta quarta-feira) todo o complexo estava sitiado com tropas, helicópteros, caveirões. As manifestações de moradores denunciando a violência policial e estes assassinatos foram reprimidas, impedidas de chegar na Avenida Brasil.

Os assassinatos na Maré ocorrem debaixo da proteção da mídia e dos partidos que sustentam Cabral (PT, PCdoB) e os organismos de massas que dirigem (CUT, CTB, UNE, UEE-RJ). Esta nova chacina até o momento não motivou sequer uma nota destas entidades. Os brutais abusos e desrespeito aos direitos civis nas favelas são aplaudidos por toda a burguesia criminalizando todos como “bandidos”. Na Maré não há direito de associação, de manifestação, não há sequer direito de inviolabilidade do lar pois a polícia com mandatos de segurança coletiva (uma excrescência jurídica pois isto é da esfera individual) arromba casas. Nestas casas comete os conhecidos crimes de roubo, tortura e até estupros. Há relatos de moradores de assassinatos sendo cometidos pela polícia com armas brancas para dificultar qualquer análise balística (inexistindo) que possa criminalizá-los.

A notícia desta bárbara e assassina operação chegou à plenária do “Fórum de Luta contra o Aumento” que reuniu-se ontem no IFCS no centro do Rio. Lá milhares de jovens e manifestantes solidarizaram-se e muitos defenderam que o ato de quinta-feira tivesse como tema a violência policial e que seu trajeto fosse mudado para ir até a Maré. Outros milhares (dos ao menos 5 mil que reuniram-se ontem) continuaram passivos.

É preciso solidarizar-se. A repressão que sofremos no centro do Rio e em cada ato é exponencialmente aumentada nos morros e favelas. Enquanto ao menos 3 manifestantes dos últimos atos seguem presos em Bangu, treze moradores são chacinados e vilipendiados pelos governos, pela mídia e pela burguesia em geral. Enquanto fazem um estado de sítio no centro do Rio como quinta-feira passada, lá na Maré as manifestações são diretamente proibidas. É preciso derrotar a naturalização do assassinato policial na favela. Não é só o comentarista da Globo, Rodrigo Pimentel, mas toda a mídia que fala coisas deste gênero: “Fuzil deve ser utilizado em guerra, em operações policiais em comunidades e favelas. Não é uma arma para se utilizar em área urbana”.

É preciso dar um basta nesta naturalização. A favela é parte da cidade e seus moradores tem direito à vida.

Derrotar esta naturalização não virá das mãos do governo Cabral nem do PT e PCdoB que o apóiam, muito menos de tucanos e democratas. A polícia não pode ser “humanizada”, ela existe para defender os interesses da burguesia e para reprimir os trabalhadores, caçar e matar negros. É assim, com este objetivo, que ela surgiu no Brasil (para caça de “fujões” no Rio imperial) e assim que ela sobrevive com seus benefícios por morte (como ocorria nos anos 90 e agora benefício para trabalhar nas UPPs).

O que ocorre hoje na Maré é preparação para a instalação de uma UPP. O impedimento de manifestações é justamente o motivo de existência das UPPs como nós da LER-QI viemos denunciando a anos. As UPPS são, ao contrário de seu discurso cidadão, uma máquina de repressão dos pobres, dos trabalhadores e dos negros. Sua proporção de policiais para habitantes é 80 por 1 (maior que os palestinos frente a “seu” exército de ocupação, o exército de Israel, lá a proporção é de 100 a 1). Não há UPP social possível, como quer Freixo e outros membros do PSOL. UPPs são assassinatos e repressão. Repressão e assassinatos humanizados ainda são repressão e assassinatos!

As UPPs são parte de um projeto de cidade e de país que precisamos derrotar. Uma cidade militarizada, privatizada, e sem direito de manifestação para garantir os interesses da FIFA e dos Eikes Batistas. Enquanto o Estado do Rio tem um orçamento de R$ 4,9 bilhões para segurança pública, seu orçamento para educação é de R$ 4,2 bilhões. Gasta-se mais com fuzis do que escolas.

É preciso lutar para que o conjunto do movimento da juventude que coloca-se nas ruas, em assembléias em seus locais de estudo e trabalho digamos em tal e bom som: Punição aos culpados desta chacina! Abaixo o genocídio do povo negro e nos morros e favelas! Abaixo as UPPs! Pela dissolução de todas as polícias!

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