Sábado 4 de Maio de 2024

Nacional

CRISE DA SAÚDE PÚBLICA

Por um programa dos trabalhadores para responder à crise

06 Apr 2008   |   comentários

É visível a todos como os governos estão tentando passar a batata quente um ao outro. Agora, quando buscam dar algumas respostas, elas se mostram irrisórias e baseadas na transferência de mais recursos aos empresários para que lucrem ainda mais com a crise (como, por exemplo, o governo Sérgio Cabral alugar 180 leitos de hospitais privados). Não podemos admitir que fortunas sejam desviadas todos os anos para os empresários através das dívidas interna e externa enquanto os trabalhadores e o povo são deixados para morrer.

A situação de calamidade pública criada pelos governos, o descaso com que tratam esta crise, e suas “respostas” , são inaceitáveis. Pela apuração e punição dos culpados! Um governo que permite que duas mil pessoas sejam infectadas por dia e dezenas morram por uma doença erradicável tem que ser derrubado. Começando pelo responsável mais direto: Fora César Maia!

Enquanto pessoas se amontoam nos hospitais públicos há leitos disponíveis somente para quem pode pagar a consulta particular ou tem convênio. Estes leitos devem ser utilizados por todos. As esperas nos hospitais para obter um hemograma também desgastam e aumentam os riscos de contaminação e desidratação. No Rio de Janeiro há muitos laboratórios particulares que fazem rapidamente hemogramas e outros exames para quem puder pagar. O atendimento gratuito à população deve vir em primeiro lugar. O aluguel de leitos pelo governo do Estado não resolve o problema e enriquece ainda mais os empresários que lucram com a doença. Pelo confisco sem indenização dos leitos ociosos e da capacidade ociosa dos laboratórios privados! Pela abertura ao povo dos hospitais particulares, das clínicas e dos laboratórios sem nenhuma indenização! A necessidade de atendimento não pode estar condicionada ao lucro dos empresários da saúde. Pela estatização, sem indenização, de todos os hospitais, clínicas e laboratórios privados, sob controle dos trabalhadores da saúde e usuários! Pelo não pagamento das dívidas internas e externas para garantir as verbas necessárias ao atendimento da população! Pelo controle dos trabalhadores e usuários de todo o sistema de saúde, inclusive o sistema público!

Contra o jogo dos governos e da mídia burguesa de jogar a população contra os trabalhadores da saúde devemos defender melhores condições de trabalho aos técnicos, enfermeiros, médicos e outros profissionais da saúde, efetivos ou terceirizados, para garantir melhor atendimento. O salário inicial atual de um médico da rede municipal é de R$ 669,00; a situação de outros trabalhadores da saúde, começando pela limpeza, é ainda mais miserável ’ nestas condições é impensável o atendimento digno e responsável aos usuários. Pelo salário mínimo do Dieese de R$ 1.900,31 como piso salarial! Efetivação imediata de todos os funcionários terceirizados e precarizados, com salários e direitos iguais aos efetivos! Abertura de vagas para ampliar o quadro de funcionários e garantir melhor atendimento público e condições de trabalho!

Esta crise de dengue não é só um problema “hospitalar” . É reflexo da falta de emprego, precárias condições de moradia, saneamento básico e educação. Qualquer tentativa séria de resolver esta crise passa por um plano de obras públicas nos morros, favelas e bairros populares que garanta emprego a todos!

Este programa não será implementado pelas mãos dos governos nem dos empresários de hospitais, clínicas e laboratórios. Somente através da mobilização independente dos trabalhadores e dos usuários será possível organizar uma força capaz de salvar o sistema de saúde, atendendo os interesses da população. Por comitês de médicos, trabalhadores da saúde e usuários!

O Sindisprev-RJ [1], a Conlutas, a Intersindical, o PSTU, o PSOL, os parlamentares do PSOL, os sindicatos, os intelectuais, as organizações operárias, populares, e estudantis devem lutar por este programa. Estas organizações devem chamar os usuários, o sindicato dos médicos, os estudantes e centros acadêmicos, e exigir de centrais como a CUT que deixem de apoiar os governos e empresários e assumam a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo pobre, organizando já um dia de doação de sangue e outras ações que permitam difundir este programa de resposta à crise e mostrar que a classe operária e suas organizações são os únicos que podem dar uma resposta séria e progressiva ao sofrimento do povo pobre.

Por uma trabalhadora da saúde pública do Rio de Janeiro.

[1Sindicato dos trabalhadores da previdência, que também agrupa os trabalhadores federais da saúde. Este sindicato é dirigido pelo MTL, corrente que é parte “campo majoritário” do PSOL e integra a Conlutas.

Artigos relacionados: Nacional , Partido









  • Não há comentários para este artigo