Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Por um pólo classista, antigovernista e antiburocrático

25 Aug 2005   |   comentários

A crise desencadeada pelas denúncias de corrupção que atingem o governo Lula, e as diversas instituições do regime político tem provocado uma aceleração na velocidade do movimento de recomposição do movimento operário que se iniciou após a posse de Lula. Frente à crise política, as correntes de esquerda têm de se relocalizar, buscando apresentar suas alternativas para a crise. Nós, militantes da Liga Estratégia Revolucionária Quarta Internacional (LER-QI), temos defendido em nosso jornal a formação de um pólo classista, antigovernista e antiburocrático, que apresentando um programa operário contemple as principais reivindicações dos trabalhadores e aponte uma saída para a crise além dos marcos do regime burguês vigente, bem como coloque na ordem do dia a superação da dominação de classe e a exploração capitalista.

No processo de recomposição em curso do movimento operário, três agrupamentos se formaram: a Coordenação de Movimentos Populares (CMS), que reúne entidades como a CUT, o MST e a UNE, cujas direções seguem apoiando o governo Lula. A Conlutas, formada a partir do encontro de Luziânia (GO) em 2004 que reuniu diversos segmentos do movimento operário, sindicatos e oposições sindicais que já vinham das primeiras experiências de combate à política pró-imperialista do governo Lula contra a reforma da previdência, tem como espinha dorsal a militância do PSTU. O terceiro agrupamento é a denominada Assembléia Popular, formada a partir do chamado feito por setores da esquerda do PT e da CUT, que teve a adesão de diversas organizações como sindicatos, oposições sindicais, Pastoral Operária e setores da esquerda dissidente do PT, PSOL, PCB e outros agrupamentos menores.

A LER-QI tem tido uma intervenção importante nesse processo, desde a forma-ção da Conlutas, quando defendemos que ela deveria ser um pólo dirigente e opositor da burocracia cutista, liderando o processo de retomada dos sindicatos das mãos da burocracia, ao contrário do que vem fazen-do a direção do PSTU em sua pretensão de formar uma nova central sindical minoritária e sectária, deixando de levar o com-bate nos sindicatos cutistas para que os milhões de trabalhadores expulsem a buro-cracia sindical traidora. Atuamos também na Assembléia Popular, onde defendemos a realização de um Encontro Nacional Popular, dos Trabalhadores e da Esquerda. Foi aprovada a realização nos dias 24/25 de setembro da Assembléia Nacional Popular e da Esquerda, onde se discutirão os rumos da crise e as alternativas a serem construídas pelas esquerdas. A principal questão, porém, segue sendo a crise do governo Lula e qual a resposta classista do movimento operário. A seguir nos posi-cionamos sobre esta questão.

A CMS ’ CUT, MST, UNE, CMP ’ DEVE ROMPER COM O GOVERNO LULA

A chamada Coordenação de Movimentos Sociais (CMS), que tem como principais entidades a CUT, o MST e a UNE, seguem dando apoio “crítico” ao governo Lula, sob a alegação de que este é um governo em disputa. Frente às denúncias de corrupção que atingem o governo e o PT, criaram a teoria de que tudo não passa de uma conspiração das elites e da direita que estariam dispostas a depor Lula para impedir os avanços sociais.

Tal proposição não se sustenta, na medida em que o governo Lula desde o seu início, em janeiro de 2003, vem mantendo e aprofundando a política pró-imperialista que já vinha sendo desenvolvida nos oito anos do governo FHC, defendendo a propriedade privada e impedindo qualquer “avanço social” .

Nesse sentido, as classes dominantes brasileiras e o imperialismo deram e continuam dando total apoio à política económica seguida pelo governo Lula. Porque haveriam de querer derrubar um governo que tem seguido à risca a sua política?

A teoria do “golpe da direita” serve apenas de cobertura para essas direções burocráticas continuarem apoiando Lula e o PT, sob a máscara de uma “crítica” à “política económica” . Esta é a proposta da CMS na chamada “Carta ao Povo Brasileiro” . Para materializar a sua política junto às massas a CMS convocou para o dia 16 de agosto uma manifestação em Brasília contra a corrupção e pela “mudança” da política económica.

Denunciamos desde já o caráter governista da mesma, defendendo que todos os setores classistas boicotem tal manifestação, pois não é mais do que uma ação da burocracia que controla estas entidades para apoiar o governo Lula no momento em que se encontra acuado pelas denúncias de corrupção.

É fundamental não só denunciar o caráter governista destas direções, mas também se dirigir às suas bases para que exijam que estas entidades rompam com o governo Lula e o PT, fazendo um cha-mamento para que os militantes dessas organizações constituam frações classistas de oposição e tirem da direção destas entidades a burocracia que as controla, para recuperar essas organizações para a luta em defesa dos interesses das massas. Sob novas direções classistas e combativas, estas entidades terão um importante papel a cumprir na construção de um pólo classista, antiburocrático e antigovernista na luta contra a exploração capital.

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