Sábado 4 de Maio de 2024

Juventude

Perseguição política na UNESP

05 May 2006   |   comentários

Desde Agosto do ano passado, a reitoria da UNESP vem avançando em sua política repressiva ao movimento estudantil já tendo expulsado sete estudantes do campus de Franca. Em seguida, novas sindicâncias foram abertas em outros campi. Destes, o campus de Marília é o caso mais claro da perseguição política aberta ao movimento estudantil combativo.

Em Abril do ano passado, os estudantes da Unesp organizaram um importante dia de mobilização unificada, com ações radicalizadas como ocupações, piquetes, atos e paralisações em vários de seus campi. Em Marília, os estudantes decidiram ocupar a direção da faculdade de filosofia e ciências em protesto aos ataques à assistência estudantil. Esta ocupação durou cerca de uma semana e foi vitoriosa em suas principais reivindicações (garantia de bolsas a estudantes por critério sócio-económico, a construção de um prédio para um restaurante universitário e a instalação de impressoras a laser no laboratório de informática). Após essas conquistas, a ocupação teve fim após a assinatura de um termo pelo diretor e sua vice de não-punição ao movimento estudantil.

Porém, meses depois de assinado este termo, logo após a greve das estaduais por mais verbas, os estudantes foram surpreendidos com convocatórias para depor em uma sindicância para apurar um suposto arrombamento de um armário da direção durante a Ocupação. O resultado final pedia a punição de quinze estudantes por terem feito um “pacto de silêncio” sobre o tal armário e que, portanto, estes estudantes seriam co-responsáveis pelo arrombamento do mesmo. Sendo, doze estudantes da então gestão do D.A. “XV de Março” , um do DCE “Helenira Rezende” , um representante discente na congregação e um representante discente da Comissão de Seleção de Bolsas. No início deste ano, a direção declarou que abrirá a sindicância para punir somente um destes estudantes, o ex-diretor do DCE, Del, militante da LER-QI. O argumento seria que este estudante “pode ter realizado uma ligação telefónica” (que não chegou a se completar) do prédio ocupado e a história do “arrombamento do armário” ficou completamente esquecida.

A situação de refluxo aberta após mais uma greve derrotada pela política da direção do Fórum das Seis, combinada com o período de férias contribuiu para um desarme do setor mais combativo do movimento estudantil. Esta conjuntura permitiu que a direção avançasse em seus ataques colocando polícia no campus e fechando este aos finais de semana e também contribui para a formação de setores estudantis “apolíticos” e reacionários.

Tal conjuntura se expressou nas eleições para o Diretório Acadêmico com o avanço desses setores na formação de chapas. Uma das quais renunciou ao final da campanha em acordo com seu programa “apolítico” . Junto a isto, combinou-se um processo de campanhas pelo voto nulo que se espalhou rapidamente pela base de vários cursos, podendo ser um processo incipiente, porém com muito potencial, para a re-organização do movimento estudantil combativo.

O resultado das eleições foi aproximadamente de 110 votos na chapa que se propunha a ser o “Canal Aberto” com a direção da faculdade e com a legalidade burguesa contra 300 votos nulos, um total de pouco mais de 400 votantes numa faculdade de 2000 estudantes. Porém, assim que na apuração de votos delineava-se esta amarga derrota para este setor (que possui governistas em suas fileiras), alguns integrantes da chapa “Canal Aberto” começaram a intimidar e fazer ameaças aos presentes (cerca de 70 pessoas), formaram um “corredor polonês” na saída da sala e apagaram as luzes. Estes estudantes seguindo a mesma linha política intimidatória da direção da faculdade focalizaram sua “revolta” em dois militantes de nossa organização, avançando para cima deles; porém diversos estudantes intervieram em defesa destes garantindo que nada mais grave acontecesse. Este grupo proto-fascista quer tentar sair por cima da enorme derrota que sofreram com este processo eleitoral.

Mesmo com a intimidação e as ameaças sofridas por diversos outros grupos da faculdade por estes mesmos senhores, o processo de re-organização do setor combativo tem se acelerado. Estamos intervindo neste processo, ligando esta re-organização do movimento estudantil combativo às discussões de re-organização nacional da esquerda anti-governista, colocando-as em relação ao ENE e ao CONAT; de como a repressão é a resposta dos governos, reitorias e seus agentes no movimento estudantil para conter a crise da Universidade brasileira. Por isso, atuaremos ofensivamente nestes encontros defendendo a organização de uma luta nacional por mais verbas para a educação e o não pagamento das dívidas externa e interna contrapondo-se à política da burguesia de cortes de gastos que só consegue responder à crise da Universidade com repressão.

Artigos relacionados: Juventude









  • Não há comentários para este artigo