Sexta 26 de Abril de 2024

Internacional

Abaixo o estado de sitio!

Pela greve geral para derrubar Musharraf e toda a ditadura militar!

09 Nov 2007   |   comentários

A primeira medida de emergência é a maior unidade de ação para liquidar o estado de sítio, mediante a imposição de uma greve geral como a que já neste ano fez retroceder parcialmente o general paquistanês. Só mediante uma greve geral indefinida se poderá derrubar a Musharraf e toda a ditadura militar. Benazir Butto, a principal opositora do país com apoio de massas, espera uma espécie de repartição de poder com Musharraf e até agora havia mobilizado seus simpatizantes deixando só os milhares de advogados que encabeçaram os primeiros protestos contra o estado de sítio. Agora, chama uma grande marcha com outros líderes opositores. Em suas declarações à imprensa disse “se não fazemos nada, então Musharraf pensará que a nação apóia o que passou. O povo deste país quer mudança. Eles querem que o general Musharraf anuncie a restauração da Constituição, sua retirada como Chefe do Exército e a realização das eleições” . A covardia política dos líderes opositores burgueses não tem limites: agora pressionada pelo repúdio ao autogolpe o máximo que chega a exigir é que Musharraf renuncie à chefia do Exército mas conservando a presidência como civil e a realização de eleições na qual espera ser consagrada como primeiro-ministro, mas sob o marco da ditadura, respeitando desta maneira o anti-democrático de uma ditadura constitucional forjado pelos EUA, Bhuto e Musharraf.

Por isso é essencial que os trabalhadores e pobres da cidade e do campo não confiem nos políticos como Benzair Bhuto que pactuou com o regime de Musharraf em troca do fim de seus processos de corrupção, e que só pode levar à continuidade concertada do regime militar ou no melhor dos casos a uma saída falaciosa da ditadura para uma “contra-revolução democrática” salvando as forças armadas assassinas. E menos ainda a uma posição independente dos EUA. Estes políticos patronais estão contra desatar com suas ações uma mobilização independente das massas operárias e camponesas que não só jogue por terra a ditadura, como que ponha em questão o domínio das forças armadas.

Por isso, a queda da ditadura só pode vir da ação independente dos trabalhadores e dos pobres da cidade e do campo. Para conseguir esta saída é essencial que a classe operária que vem resistindo contra os planos neoliberais de Musharraf se localize como caudilho da nação, lutando para liquidar Musharraf e a ditadura e o peso das Forças Armadas na vida do país, ao redor de uma poderosa aliança das classes que não só tome em conta suas reivindicações de classe, como também as demandas destes setores oprimidos, lutando pela expropriação dos grandes latifundiários e pelo fim dos bandos armadas nos povos formando uma milícia operária/camponesa.

Só se a classe operária se coloca como a maior defensora dos direitos democráticos elementares das massas na luta contra o imperialismo, a ditadura e as Forças Armadas assassinas, será capaz de tirar os pontos de apoio às forças islâmicas, que ainda que se enfrentem ao imperialismo ’ enfrentamento que todo revolucionário deve apoiar ’ jogam um papel fortemente reacionário na política interna atacando todo militante de esquerda ou mulher que não apóie a implementação da sharia (leis islâmicas). Só a classe operária encabeçada por um partido revolucionário, que una a luta democrática estrutural à luta pela revolução socialista pode extirpar a exploração, a corrupção e o domínio militar do Paquistão, das duas forças que o vêm dizimando e que como demonstrou o escandaloso acordo entre a populista Bhuto e Musharraf estão fortemente entrelaçados.

Para saber mais

O Paquistão é formado por cinco grupos étnicos: punjabíes, pastunes, cachemires, sindhis e baluches. Nenhum destes grupos é inteiramente paquistanês, como é o caso dos baluches que também estão no Irã, pastunes no Afeganistão e os punjabíes na à ndia. Devido a suas fortes divisões ’ fruto da conquista britânica da à ndia e das fronteiras que foram herdadas pelo Paquistão e demais países da região quando se separou da à ndia em 1947 ’ as forças armadas tem sido o elemento central do Estado já que garante a coesão do país. Não por casualidade o país passou mais da metade de seus 60 anos de existência sob o mando de generais golpistas. Por isso uma questão determinante da evolução do país é a unidade das forças armadas, seja pela via de fraturas pelo alto ou pelo surgimento de insubordinação na tropa.

Artigos relacionados: Internacional









  • Não há comentários para este artigo