Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

Debate com o PSTU

O sindicato deve preparar uma luta séria pela defesa dos empregos

07 Jun 2007   |   comentários

Em abril escrevemos um artigo “PSTU aceita flexibilizar a jornada de trabalho na LG Philips” onde opinávamos que “os sindicatos combativos não podem aceitar qualquer acordo que retire ou flexibilize direitos” e criticávamos a direção sindical do PSTU afirmando que “a luta na LG Philips não foi levada como parte da luta de toda a classe trabalhadora contra as medidas de flexibilização da patronal e do governo” , deixando-a isolada. Alertávamos que ao comemorar o acordo feito com a patronal flexibilizando a jornada de trabalho (de 6 para 8 horas diárias) se preparava o terreno para que os patrões pudessem “reestruturar a produção e voltar à carga contra os trabalhadores, inclusive demitindo funcionários” . Este artigo foi respondido pela direção do PSTU com raivosa desqualificação, acusando-nos de “mentirosos” e “caluniadores” , defendendo os acordos como “vitória” dos trabalhadores.

Agora, dois meses depois, a realidade mostra quem tinha razão, e que nossa crítica não era “calúnia” . Ao contrário, alertava ao PSTU para que alterasse sua estratégia sindicalista de pressionar para negociar acordos em que os trabalhadores entregam suas conquistas e aceitam demissões em troca de falsas compensações (abonos, “estabilidade por 90 dias” ).

A LG Philips assinou o acordo em 6/2, mas já tinha um plano claro de fechar as unidades e concentrar a produção apenas em Manaus (AM). O próprio sindicato já previa a manobra patronal que poderia levar ao fechamento da empresa, pois em 28/03 realizou assembléia para discutir, entre outras coisas, que a mudança de nome da LG para LP Displays poderia “esconder alguma armação” . Mas não preparou os trabalhadores para essa possibilidade.

E a estratégia conciliadora continua, mesmo diante da decisão patronal de fechar a empresa e deixar mil desempregados somente em São José dos Campos. O PSTU não aprendeu nada com a realidade, e não corrige seus graves erros.

Diante dessa ameaça patronal, continua “exigindo” compensações. Como se fosse possível “compensar” as mil demissões. No site do sindicato (www.sindmetalsjc.org.br) pode-se ler a proposta de “acordo” que os sindicalistas do PSTU propõem à empresa: “dois salários nominais por ano trabalhado, extensão por dois anos do convênio médico, pagamento imediato do plano de previdência privada da empresa e a garantia de que a empresa pagará todos os direitos trabalhistas” . Ou seja, aceitar as demissões, mantendo a mesma estratégia sindicalista, que aceita demissões e até fechamento de empresas em “troca” de migalhas. O principal direito do trabalhador ’ o direito ao emprego ’ sequer é defendido.

Ao contrário do que propõem os sindicalistas do PSTU, é necessário avançar para uma estratégia de classista para impedir as demissões e o fechamento das unidades, começando por unir e coordenar todas as quatro unidades ameaçadas, exigindo dos sindicatos da CUT e Força Sindical uma frente única para enfrentar a patronal e garantir o emprego; campanha de solidariedade em todas as fábricas metalúrgicas da base do sindicato; ações de solidariedade e unidade com outros sindicatos e trabalhadores, em todas as regiões; ocupação das fábricas para lutar pela expropriação, sem indenização, exigindo a estatização sob controle dos trabalhadores; mobilização dos sindicatos da Conlutas para forjar uma frente única ampla que abarque também os movimentos sociais, entre outras medidas combativas.

Só assim, com um plano combativo será possível defender os empregos, enfrentar os planos patronais e encontrar uma saída progressiva que seja um exemplo para todos os trabalhadores do país ’ a ocupação das fábricas que ameaçam fechar e demitir, ocupando e produzindo sob controle dos trabalhadores, mostrando que enquanto os patrões dominarem as fábricas só teremos desemprego e perdas, e que é necessário “demitir” os patrões e controlar a produção em defesa do emprego.

Em São José dos Campos há indicações de que outras empresas passarão por essa mesma situação. A Tecsat, fabricante de antenas parabólicas, com 150 trabalhadores, está há meses com atrasos salariais, e não tardará a ameaça de fechamento. Se o PSTU colocasse a luta na LG Philips no marco de uma estratégia de classe, poderia deixar uma lição e um exemplo para que os trabalhadores tomem em suas mãos a defesa do emprego e da manutenção das plantas industriais, ocupando-as para unificar a produção de diversas fábricas que compõem uma mesma cadeia produtiva, como é o caso, onde a LG Philips fabrica cinescópios (tubos) e a TecSat produz antenas parabólicas.

Os sindicalistas do PSTU, que dirigem a Conlutas, têm que aprender com a realidade, rompendo sua lógica sindicalista. Este partido tem que romper seu sectarismo, pois não aceita críticas nem considera os alertas e posições de pequenos grupos, como fizemos seriamente ao criticar o acordo com a patronal em fevereiro. Naquele momento, “nenhuma reunião da Conlutas foi convocada para preparar a solidariedade ativa, como parte de um plano de ação unificado para a luta de toda a classe trabalhadora contra os planos flexibilizadores da patronal. Nenhuma campanha efetiva foi feita pelo sindicato, Conlutas ou PSTU para fortalecer esta greve e mostrar aos trabalhadores da LG Philips que poderiam contar com apoio para resistir e não entregar suas conquistas. Enfim, a luta na LG Philips não foi levada como parte da luta de toda a classe trabalhadora contra as medidas de flexibilização da patronal e do governo” .

Este alerta continua valendo para esse grave momento com a ameaça de fechamento das unidades. É hora de o PSTU aprender com seus erros e corrigi-los, ou será responsável por uma enorme derrota dos trabalhadores da LG Philips, de São José dos Campos. Um partido como esse, que se reivindica trotskista e dirige dezenas de sindicatos, a Conlutas e a Conlute tem a obrigação de romper a estratégia reformista de pressão e negociação, avançando para um plano combativo e classista. Nesse sentido, seria bom para os sindicalistas do PSTU aprenderem e tirarem lições da importante experiência que estão fazendo os operários de Zanon, que já se converteram em uma referência de militância classista nacional e internacional.

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