Segunda 6 de Maio de 2024

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O PCO de braços dados com o stalinismo

14 May 2008   |   comentários

O Partido da Causa Operária (PCO), que se reivindica trotskista, ficou enfurecido (para não dizer enlouquecido) porque outras organizações políticas denunciaram que Rui Costa Pimenta, seu presidente, pronunciou seus discursos de 1º de Maio em um palco com fotos de Mao Tse Tung. Em seu desenfreado anseio de competir no 1º de Maio com as outras correntes de esquerda como o PSTU o PSOL, chamaram a um ato supostamente classista junto com correntes populistas que praticam a conciliação de classes... mas que contribuíram mobilizando as suas bases e permitindo mascarar um pouco o estancamento do PCO.

A direção do PCO esta enfurecida e para justificar a sua capitulação desenvolveram uma “teoria” sobre distintos tipos de stalinismo [1]. Segundo esta teoria, existiria um “stalinismo de direita” , que seria aliado do PSOL e do PSTU; e um “stalinismo de esquerda” , que seriam “lutadores classistas” aliados do PCO. Para o PCO, “O stalinismo não foi ’ porque já não existe mais ’ uma ideologia ou um programa político, mas a burocracia dirigente do primeiro Estado Operário, a URSS, um fenómeno social e não um conjunto de idéias” . Isso é ignorar que muitas vezes o fenómeno social se vai, mas as idéias que fazem parte de seu programa e seus métodos (de conciliação de classes) se adaptam às novas circunstancias e continuam assombrando os vivos.

Essa falsa “teoria” está a serviço de justificar um oportunismo bem verdadeiro. Trata de esconder que seus aliados maoístas defendem uma “República Popular” destinada a “respeitar e assegurar a propriedade da burguesia nacional (média burguesia), na cidade e no campo” [2]. Ou seja, nada muito diferente do clássico etapismo de conciliação de classes maoísta/stalinista. Aqui, mais uma vez mostra-se como o sectarismo e o oportunismo são duas caras da mesma moeda. Rui Costa Pimenta faz coro com Valério Arcary (PSTU), o qual também faz questão de dizer que após a queda do muro de Berlim é necessário “superar as velhas fronteiras” entre o stalinismo e o trotskismo. Por um lado, no 1º de Maio organizado pelo PSTU, PSOL, PCB, do MST, do MTST e da Pastoral Operária, o PSTU fez todo tipo de “concessões táticas” à Igreja, aos reformistas, populistas e até mesmo governistas. Por outro lado, o PCO fez todo tipo de “concessões ideológicas” ao organizar um ato em que não diz uma palavra para criticar a estratégia da direção maoísta, que defende a média burguesia “nacional” . Uns rezam o pai nosso junto com Igreja e Heloísa Helena; outros discursam para os fantasmas de Mao Tse Tung.

O PCO, incomodado com a revelação de seu oportunismo, foi obrigado a recorrer aos métodos de seus aliados maoístas, por tradição especialistas em calúnias. Escreveu artigos enfurecidos onde atacava a LER-QI acusando-nos de fazermos parte das capitulações do PSTU à Igreja (chamamos a vanguarda operária e estudantil a ler nossos artigos no jornal e no site). Fazem essa manobra porque querem se manter no espaço do trotskismo e, para isso, têm que atacar a LER-QI, ainda que seja com calúnias, e numa perda total das proporções caracterizar ao PSTU e sua militância como “contra-revolucionários” . Essa é uma diferença central que temos com o PCO e da qual nos orgulhamos: nos recusamos a caracterizar a Conlutas, o PSTU e seus militantes como “contra-revolucionários” . Tampouco concordamos com o delírio de igualar Heloísa Helena ao fascismo, pois confundir reformismo com fascismo não pode mais que desorientar a vanguarda. Aliás, (coincidentemente?) essa era a confusão que conscientemente fazia o stalinismo na década de 30 com sua tória de “social-fascismo” que Trotsky tanto combateu.

Temos diferenças estratégicas e programáticas com o PSTU, mas o consideramos uma organização operária e lutamos junto com seus militantes e simpatizantes nas questões que temos acordo ao mesmo tempo em que travamos uma luta teórico-política por nossas posições. Essa é nossa atitude com todas as organizações operárias e que se reivindicam anti governistas ou revolucionárias, inclusive em relação ao próprio PCO. Fomos a única organização que tomou a defesa da candidatura de Rui Costa Pimenta a presidente em 2006, quando foi proibida por uma medida bonapartista do Estado. Bem diferente do sectarismo estéril do PCO, que o isola dos trotskistas e o aproxima das direções maoístas.

[1Ver artigo ““Mostre os seus stalinistas... que eu escondo os meus” , em http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=5488.

[2Ver resolução congressual da Liga Operária-Camponesa (LOC) em seu site: http://www.ligaoperaria.org.br/documentos/congresso2-5.htm

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