Segunda 20 de Maio de 2024

Internacional

ESTADOS UNIDOS: NOVAS AMEAÇAS CONTRA OS IMIGRANTES

Militares e racistas vigiam a fronteira

13 Jul 2010   |   comentários

A poucos dias de entrar em vigor a lei SB 1070 no Arizona, que possibilita a polícia interrogar qualquer pessoa que suspeitem ser imigrantes ilegais, se encorajaram as patrulhas civis antiimigratórias e os grupos racistas. Em relação a lei da governadora de Jan Brewer e a intensificação da atividade de grupos racistas e xenófobos a Casa Branca responde com... uma tímida demanda judicial. É desse modo que Obama planeja enfrentar uma lei que as organizações sociais, políticas e de direitos humanos já denunciaram como a institucionalização do racismo! Ao mesmo tempo o governo democrata envia mais 1200 soldados da guarda Nacional de fronteira, sendo mais de 500 para o Arizona, centro da atual discussão sobre a reforma migratória.

Em meio ao polarizado debate sobre imigração e à sombra da política de segurança da fronteira de Obama (que mantém as detenções e deportações de imigrantes, que já superam as realizadas pelo governo Bush), proliferam os grupos antiimigrantes. Grupos identificados com o nazismo e com a supremacia branca, portando suásticas e símbolos da Ku Klux Klan, vigiam armados a fronteira entre os EUA e o México. Nos últimos dia se difundiram as atividades do chamado Movimento Nacional Socialista, grupo neonazista que organiza patrulhas antiimigrantes na fronteira da Califórnia. Dirigidos por um ex mariner este grupo é uma das expressões mais aberrantes da crescente ameaça que paira sobre a comunidade latina, em particular os imigrantes.

Lamentavelmente, estes racistas não são uma exceção e nem caem como um raio em céu aberto. Em 2009, enquanto Obama pedia paciência para a comunidade latina que aguardava a prometida reforma imigratória, foi sancionado em vários estados mais de 350 leis contra os imigrantes, os chamados crimes de ódio (com motivações racistas, xenófobas e religiosas) cresceram 40% e os grupos racistas superaram hoje o número de 1200. Grupos como Minutemen ou a A Patrulha fronteiriça Americana defendem que os EUA devem expulsar- sem eufemismos- 11 milhões de imigrantes sem documentos. Entre as táticas que impulsionam estes grupos, que são públicas, está a de chamar a organizar linchamentos nas portas das fábricas onde trabalham os imigrantes (muitos sem documentação) e campanhas de constrangimento nos bairros e escolas da comunidade latina. A isto se soma a perseguição oficial feita pela polícia e funcionários como o Xerife Joe Arpaio, que ganhou fama pelo seu "campo de concenatração" dos "sem documentos", detidos no condado de Maricopa no Arizona, em barracas com condições subhumanas.

Em um momento onde a crise econômica e o desemprego (perto de 10%) golpeiam milhões de trabalhadores e pobres nos EUA, se multiplicam as tensões raciais e as divisões instigadas pelo establishment e seus partidos. Inclusive, vários políticos flertam com medidas duras como a Lei Arizona, com vistas nas eleições de novembro, seja dentro do partido Republicano ou fora dele no movimento conservador Tea Party. Os setores reacionários, cujos expoentes extremos podemos ver hoje nas fronteiras, erguem a bandeira da batalha cultural pelos valores norteamericanos. Exemplos de suas iniciativas conservadoras é a recente votação num povoado de chicago onde foi estabelecido pela primeira vez o inglês como idioma oficial ou a restrição ao acesso à saúde e educação pública para os estrangeiros por ser considerado um desperdício dos "impostos que pagam os cidadãos norteamericanos".

Na contramão das expectativas de milhões de afroamericanos, latinos, mulheres e jóvens, o governo Obama não tem significado um avanço nos direitos destes setores históricamente discriminados, apesar do enorme peso simbólico da chegada do primeiro afroamericano à Casa Branca. Pelo contrário, a postergação da reforma imigratória se soma ao descontentamento pelas consequências da crise e as custosas guerra do Iraque e do Afeganistão.

Esta nova lei, que entrará em vigor no dia 29/7, aponta contra os trabalhadores sem documentos de grandes redes como o Wal-Mart, das fábricas alimentícias ou do setor agrícola. Para a próxima semana se preparam protestos contra esta lei e a criminalização dos imigrantes. A Luta contra o racismo e xenofobia fortalece a luta dos trabalhadores e trabalhadoras dos Estados Unidos, um triunfo dos imigrantes é um triunfo para a classe operária e o povo de ambos os lados da fronteira.

Tradução: Rafael Borges

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