Domingo 19 de Maio de 2024

Internacional

DEBATE:

INTERCAMBIO COM O PARTIDO OBRERO SOBRE O “BRINDE” DE ALTAMIRA COM GELBLUNG

21 Aug 2011   |   comentários

Na segunda passada (15/08), Altamira foi ao programa de rádio de Chiche Gelblung convidado por este para celebrar com um brinde. A repercussão foi rápida já que se trata de um dos programas de maior audiência no período da manhã: centenas de tweets, dezenas de emails que recebemos de companheiros, amigos e de votantes da Frente de Esquerda criticando este ato público de nosso principal candidato. A isso se somou a justa e compreensível indignação de nossa companheira Alejandrina Barry, testemunha contra Gelbling, diretores e staff do editorial Atlantida por este ter orquestrado uma campanha a favor do genocídio utilizando sua figura como uma criança – no ano 1977 – logo após as Forças Armadas terem assassinado seus pais.

A direção do PTS então entregou uma carta à direção do P.O., carta publicada aqui, onde afirmamos que “defendemos o direito dos socialistas revolucionários de aproveitar até a última brecha para difundir nossas denúncias, idéias e propostas inclusive frente a “jornalistas” como o citado, hoje financiado pelo grupo Clarin. Consequentemente com isso que os deputados do PTS na FIT participaram (e participarão) de programas ou entrevistas realizadas por figuras que distanciam muito de ser democratas conseqüentes. Mas consideramos um importante erro político a participação de Jorge Altamira não em uma entrevista, mas em uma celebração com uma figura sinistra como Gelblung. Não temos nada a celebrar com um reconhecido colaborador da ditadura genocida”.

No dia seguinte o P.O. respondeu com outra carta que também publicamos aqui. Esta última merece alguns comentários:

1) é mais que surpreendente que a direção do P.O. saiba apenas agora que Gelblung não apoiou a ditadura “assim como numerosíssimos jornalistas de sua geração que atuam nas mídias privadas ou oficiais“ (como colocam em sua carta) mas que lidera a lista de colaboradores do genocídio através da direção de publicações como a emblemática revista Gente. O que pensaria qualquer pessoa minimamente informada se o dirigente de um partido de esquerda dissesse que o apoio de Mariano Grondona ou de Bernardo Neustadt a Videla é “comum a numerosíssimos jornalistas...”?

Também surpreende que os companheiros advogados da APEL saibam apenas agora que Gelblung estava envolvido na causa que segue nossa companheira. Basta buscar no Google as numerosas notícias jornalísticas que fizeram com Alejandrina Barry onde esta coloca Gelblung como um dos principais responsáveis da “canalhagem” que a ditadura fez com ela.

2) Não concordamos com a apologia que fazem os companheiros do P.O. a um tipo de “diplomacia secreta” que deveria haver entre organizações revolucionárias. A quem ocorreria que o PTS teria feito uma carta “privada” para fazer uma crítica a um erro político que acreditamos prejudicar a Frente de Esquerda? Todas nossas críticas políticas, não deixando de ser por vezes duras, são tão públicas como fraternais. Consequentemente defendemos o direito da companheira Andre D’Atri e de todo militante de nossa organização a fazer as críticas políticas que considere, sempre e quando não existam calúnias nem injúrias infundadas (o que não é o caso).

3) Ao contrário do método que parecem defender os companheiros do P.O., consideramos bom, muito bom, para uma frente de partidos de esquerda, operários, que se reivindicam trotskistas, que existam críticas sobre atitudes e posições políticas que acreditamos errôneas para o fortalecimento de nossa Frente. Por mais que tenhamos divergido totalmente em seu conteúdo, o mesmo P.O. fez suas críticas ao PTS em numerosas ocasiões (como por exemplo sobre nossa política para a FIT em Neuquén), e consideramos totalmente normais (nunca acreditaríamos que se trataria de um “ataque”, uma “campanha “pérfida”, uma “manobra combinada”, “liquidacionista”, realizada com “motivo fracional” que termina sendo uma “provocação” contra nossa partido... frases e palavras que, a dizer a verdade, tornam-se pouco sérias). Nossa Frente de Esquerda e dos Trabalhadores não se colocou nem se colocará em questão ou em dúvida por críticas políticas.

4) Pese que deixamos claro que não apenas é lícito, ao contrário é quase uma obrigação aproveitar as tribunas que nos permitam divulgar nossas denúncias anticapitalistas e o programa revolucionário, os companheiros do P.O. voltam a amalgamar esta política com brindes, celebrações com uma figura do regime militar, hoje a custo do abatido grupo Clarín. Assim como não fizemos antes, não iremos criticar que Altamira ou qualquer candidato da FIT tenha tido uma, cem ou mil entrevistas com Gelblung, Grondona ou figuras de seu escalão.

5) Somos companheiros, nos reivindicamos revolucionários. Desde quando não se pode criticar a atitude de algum de nós? Haveria em nossas fileiras pessoas infalíveis porque hoje são candidatos a tal ou qual cargo? Não acreditávamos, não acreditamos não acreditaríamos.

6) Nossa crítica está fundamentada e é política. Não há calúnia, nem ocultamento, nem agressão alguma. Simples e sinceramente criticamos Altamira pelo que consideramos um “importante erro político”.

7) Constatamos que efetivamente Myriam Bregman e Christian Castillo escutaram dizer de Altamira que Gelblung o havia convidado a brindar se passássemos os 400 mil votos. Isso aconteceu no dia 8 de agosto na calçada dos Tribunais, de modo ocasional e absolutamente informal, como um comentário –e não uma consulta-. Está mais que claro que a seis dias das eleições, nenhum de nós tinha a certeza de poder passar o piso proscritivo, assim que a ninguém poderia ocorrer então estar pensando o planificando festejos ou qualquer brinde. Por outra parte, o PTS nem ninguém pode ser censor do que faz ou diga as centenas de companheiros que são candidatos da FIT. Finalmente, a carta do P.O. dá a entender que por mais que os companheiros o tivessem dito algo, Altamira teria ido da mesma forma, pois em nenhum momento deixam sequer entrever que não o teria feito.

8) Nossa Frente tem um programa que defendemos. Mas também aspiramos a que tenha um método crítico, revolucionário, que possamos compartilhar entre todas as organizações que a integramos. Esconder nossas diferenças, deixar que as críticas sejam patrimônio de um punhado de dirigentes, não é um bom método. Aspiramos compartilhar com as demais forças que integramos a Frente e postulamos Altamira-Castillo como nossa fórmula presidencial para as eleições de outubro.

 CARTA DO PTS AO PO (16/08)

 RESPOSTA DO PARTIDO OBRERO (17/08)

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