Sábado 18 de Maio de 2024

Juventude

Fundação Santo André: Colocar de pé uma ampla campanha contra a repressão!

23 Oct 2007   |   comentários

A ocupação da Fafil pela tropa de choque da PM a mando do Reitor Odair Bermelho com a cumplicidade do Prefeito Avamileno e o processo em curso contra 50 ativistas da greve, entre professores e estudantes, colocam uma nova tarefa ao nosso movimento: impulsionar uma ampla campanha democrática, contra a repressão e em defesa dos estudantes e professores que estão sendo processados.

Essas medidas de repressão aqui na Fundação são parte de um processo mais amplo, desencadeado contra o movimento estudantil e de trabalhadores, como foram as demissões dos trabalhadores do metró e como estão sendo as ações repressivas contra o movimento estudantil da USP, Unesp e Unicamp. Para combater essas medidas temos que buscar a mais ampla unidade entre os estudantes e professores da Fundação, mas também a nível estadual e nacional, principalmente com os estudantes que estão ocupando diversas reitorias nas universidades federais contra o REUNI do governo Lula.
Nosso movimento precisa se defender seriamente dos ataques repressivos. Sem isso, o movimento jamais será capaz de triunfar na luta pelas nossas demandas. O Reitor que já esteve à beira do precipício hoje está fortalecido, colocando as armas nas cabeças dos que lutam. O prefeito Avamileno colocou sua mão-de-ferro, nomeando como seu “candidato” nas prévias para prefeito no PT o professor da FSA e deputado Siraque, com o objetivo de disciplinar a ala petista de Cacalano e retomar o domínio da FSA. O reitor Odair se sentiu forte, porque seus chefes Avamileno e Siraque conseguiram hegemonizar. O reitor mandou a tropa de choque e abriu processo contra estudantes e professores, mas atua como “pau-mandado” do prefeito, e no mínimo acobertado pela conivência do Siraque.

Impulsionar uma campanha contra a repressão poderá ser o primeiro passo para recuperar a nossa greve, trazer de volta os estudantes da FSA para a mobilização buscando a massificação, única forma de retomar a ofensiva para derrubar Odair e conquistar nossas demandas.

Fazemos as seguintes propostas práticas para impulsionar uma ampla campanha democrática em defesa dos grevistas da Fundação:

1. Impulsionar um abaixo assinado contra a repressão e pela retirada dos processos. Devemos buscar assinaturas de professores e estudantes da Fundação, em especial do curso de Sistemas, da Faeco e da Faeng. Temos que demonstrar que mesmo aqueles que não estão em greve não apóiam as medidas repressivas.

2. Os professores processados devem estar entre os primeiros a assinar. Infelizmente, houve professores dizendo que os professores não montaram barracas e por isso não deveriam ter seus nomes no processo. Não podemos aceitar posturas como essa! Os professores devem se colocar ao lado dos estudantes nesse momento e não tirar os seus nomes da reta, como alguns tentam.

3. Temos que enviar comitivas para exigir que os candidatos da prévia petista, Siraque e Ivete se posicionem publicamente, assinando o abaixo-assinado e fazendo declarações para a imprensa. Não aceitamos apoios entre quatro paredes! Todos os que são contra os processos que se posicionem publicamente e assinem o abaixo-assinado.

4. Montar bancas de coletas de assinaturas fora da FSA em locais como o centro de Santo André (estação de trem e terminal de ónibus, rua Oliveira Lima, Paço Municipal), portas de fábricas, de escolas e universidades. Não podemos permitir que o movimento fique isolado. Temos que conseguir o apoio dos trabalhadores e do povo do ABC!

5. Buscar assinaturas de personalidades políticas nacionais. A começar pelo Senador Suplicy, que não só deveria assinar o abaixo-assinado, mas também ajudar a propagandeá-lo. É muito fácil vir aqui e marcar reuniões com o prefeito que não resolvem nada. Devemos exigir que se ele quer de fato nos ajudar deveria se colocar incondicionalmente ao nosso lado e participar de uma campanha democrática como essa.

6. Os partidos políticos que participam da luta, principalmente o PSTU e o PSOL, deveriam trazer suas principais figuras públicas para nos apoiar. Além disso, deveriam se colocar na linha de frente da campanha democrática e coletar assinaturas para o abaixo-assinado em todo o país, além de enviar moções de apoio e trazer representantes dos seus sindicatos, centros acadêmicos e oposições para participar dos nossos atos, debates e assembléias.

7. Nenhuma reunião com aqueles que nos reprimem! Toda e qualquer reunião, seja com o prefeito Avamileno, seja com o Ministro da Educação do governo Lula, seja com quem for, só pode acontecer se como condição prévia a pessoa se colocar contra a repressão e pela retirada dos processos. Nenhum diálogo com os carrascos e seus aliados! A única negociação, agora, é a retirada imediata e incondicional de todos processos contra os que lutam!

8. Organizar uma campanha ampla de denúncia daqueles que se recusarem a assinar o abaixo-assinado. Organizar um painel com os nomes de todos os professores da Fundação que se recusarem a assinar. Organizar cartazes para colocar na cidade com a foto de todos os políticos e personalidades que se recusarem a nos apoiar. Quem não se posiciona contra os processos, apóia a repressão e o Reitor!

9. Na marcha à Brasília dia 24, devemos nos organizar para conseguir uma reunião nacional de estudantes, para que consigamos mais apoio para nossa luta e para impulsionar uma campanha nacional contra a repressão ao movimento estudantil, operário e popular. Essa reunião é mil vezes mais importante e efetiva do que nos sentarmos com o ministro da educação, inimigo dos estudantes em luta nas universidades federais.

10. Para levar adiante essas tarefas, que são muitas, as assembléias gerais e o comando de greve não serão suficientes. Propomos que cada curso em greve forme comitês de mobilização para trabalhar o abaixo-assinado entre os estudantes e professores do seu curso, organizar a lista de apoiadores e das pessoas que devemos denunciar publicamente, para ir à Faeco e à Faeng, para coletar assinaturas entre a população de Santo André e para ir atrás de personalidades políticas, acadêmicas, artísticas etc.

**

A greve na Fundação vem se esvaziando e perdendo força, o que se demonstrou nitidamente com a saída do curso de Sistemas, mas também com a diminuição do número de estudantes de outros cursos que vêm para a faculdade durante a greve. Ao mesmo tempo, o Reitor se fortaleceu dando um golpe que foi a entrada da polícia mais uma vez na faculdade, conseguindo retomar um espaço geográfico importante que vinha sendo ocupado pelos estudantes em luta. É preciso tirar lições.

Um sério problema da greve ao longo dessas semanas tem sido o fato de que a mobilização não se massificou, com muitos estudantes voltando pra casa, mesmo aqueles que defendem as demandas pelas quais o movimento começou. Não achamos que a culpa está nas costas desses estudantes. O problema é que aqueles que dirigem a mobilização estudantil colocaram o movimento a reboque da política defendida pela ala do Cacalano, que quer somente colocá-lo no lugar do Odair e para isso colocaram todo o eixo em pressionar o prefeito e o Conselho Diretor. Ao invés de propor ações para trazer mais estudantes para a greve, a cada momento de esvaziamento, seguiam dizendo “o movimento está mais forte a cada dia” .

Somente uma mobilização massiva com milhares de estudantes, discutindo e tomando em suas mãos democraticamente (a partir das assembléias de curso que formem um Comando de Greve realmente representativo dos estudantes para dirigir a luta) cada passo da greve, e com ações para ganhar o apoio dos trabalhadores e da população do ABC, é que poderia ter feito cair Odair quando estava a um passo do abismo e impor as nossas demandas.

Além disso, em vários momentos a bandeira “Fora Odair” substituiu as demandas dos estudantes como redução de mensalidades e reabertura dos cursos, como se a queda do reitor já garantisse a conquista de todas as outras demandas. Isso fez com que muitos estudantes passassem a ver a greve muito mais como uma briga entre frações de professores que querem ser Reitoria do que uma luta pelas demandas dos milhares de estudantes. Também por isso, muitos voltaram para casa ou se recusam a continuar na greve querendo a volta às aulas.
Entre os estudantes de Sistemas, sabemos que muitos defendem as bandeiras que fizeram o movimento começar. Tanto foi assim que entraram na greve e durante semanas se reuniram em assembléias de curso. No mínimo, o movimento grevista precisa ouvir o que opinam esses estudantes ’ não somente os que se colocam como seus porta-vozes ’, saber que avaliação fazem sobre o movimento e chamá-los a construir uma ampla campanha contra a repressão e pela retirada do processo da Reitoria contra professores e estudantes. Por exemplo, o enfrentamento entre estudantes que o DA permitiu que acontecesse, como vimos nesses dias entre setores da vanguarda que xingavam os estudantes de Sistemas de pelegos, só pode servir para nos dividir, favorecendo os setores realmente anti-greve, a reitoria e a burocracia universitária dos professores que atuam como ” militantes políticos” das diversas alas do PT, tentando “dirigir” o movimento para impor seus interesses e não as reivindicações justas e legítimas dos estudantes.

Agora que a reitoria nos ataca o máximo de unidade é imprescindível. O que não significa que os estudantes devam silenciar suas críticas, porque para nos defender e avançar precisamos a cada momento enxergar os erros, refletindo conjuntamente como corrigi-los.

Em discussão com a LER-QI

Artigos relacionados: Juventude









  • Não há comentários para este artigo