Palavra Operária

Nesta semana sofremos o duro golpe da saída do curso de Sistemas da greve. Como já colocamos anteriormente, esse não é um caso isolado, faz parte do constante esvaziamento da greve. Já há alguns dias vemos a Fundação cada vez mais vazia e os estudantes sem tarefas claras. Uma assembléia como a que teve na última Segunda feira ajuda a esvaziar e a desmobilizar os estudantes, pois foi mais uma assembléia que não encaminhou nada de concreto para o movimento, uma assembléia que votou para o dia seguinte que os estudantes fizessem o que quisessem!!!

Essa proposta foi colocada pelo Dalmo, estudante de História e militante do Espaço Socialista. Foi colocada por ele para mais uma vez não legitimar as assembléias de curso, porque sabe que quanto mais profundas forem as discussões entre os estudantes, menos iremos legitimar a atuação dessa direção burocrática, que busca fechar acordos por cima, que discute as escondidas com o PT, chegando a se reunir com o presidente do diretório municipal do PT e com o presidente da câmara de Santo André, pelas costas dos estudantes.

Depois da assembléia de Segunda feira foi realizada uma reunião com o curso de Sistemas para tentar convence-los a voltar para a greve, já que os estudantes resolveram voltar a ter aulas, mas mantinham seu apoio ao movimento, nesse reunião acordou-se com esses estudantes que todos iríamos passar nas salas de Sistemas e conversar com o conjunto dos estudantes, dialogar sobre a necessidade de voltarem, discutir sobre as debilidades que eles enxergam.
Todos pareciam concordar com a importância de retomar Sistemas, mas a direção da greve preferiu organizar uma reunião de cúpula no DA para discutir que nossas posições ’ estudantes da Corrente Operária ’ não poderiam ser colocadas em panfletos e pretendiam nessa reunião votar se podemos ou não expressar o que pensamos. O Dalmo e o Boni (militante do POM) de tanto discutir com o PT estão aprendendo a colocar mordaça na boca dos que o criticam. O grande problema para eles é que não podem permitir que os estudantes questionem as decisões que estão sendo tomadas, não podem permitir que essa direção burocrática seja questionada e mais, não podem permitir que os estudantes tomem as rédeas da greve.

Na Terça feira, enquanto os estudantes de Sistemas e da FAECO se degladiavam no prédio da FAENG, numa briga sangrenta para poderem ocupar as salas e assistir aulas, Dalmo, Boni e Cia se esquecendo completamente do acordo com Sistemas no dia anterior, discutiam no DA se as correntes podem expressar suas opiniões. A reitoria faz uma manobra absurda para jogar estudante contra estudante, de nos fragmentar, de nos cansar e as direções do movimento estão preocupadas em não serem criticadas.

Não podemos fazer como essa direção na assembléia geral, que mente dizendo que a greve está forte. Sabemos que a greve está se esvaziando dia-a-dia e que vário cursos estão voltando a ter aula. Porque a direção do movimento mente dizendo que nossa luta está cada dia mais forte e não se preocupa com a necessidade de que os estudantes voltem para a Fundação Santo André, para discutirmos com eles que precisam se somar a luta?

Não fazem isso porque a política dessa direção é submeter os estudantes a uma saída petista e por dentro do regime de poder, o mesmo regime que nos ataca com altas mensalidades, repressão, etc. Essa direção quer fechar um acordo, junto com os professores, para colocar o Cacalano como reitor, negociando com a prefeitura que é quem manda e desmanda nessa universidade há muito tempo. Para a política da direção do movimento, pouco importa se há poucos estudantes nos dias da greve, porque pra eles a saída vai se dar por cima das nossas cabeças e não pela força da nossa mobilização. Assim, os atos públicos, para eles devem estar à serviço de barganhar as negociações com o PT, e não massificar a greve e expandir a luta para além da FSA, para ganhar apoio dos trabalhadores e do povo do ABC.

Só podemos confiar em nossas forças para sermos vitoriosos em nossas reivindicações, e derrubar o Odair! Ficar esperando as negociatas dos de cima e seus acordos só faz esvaziar a greve e conduzira o movimento mais forte que já existiu na FSA a um beco sem saída.
Nesse momento precisamos discutir seriamente sobre os problemas da greve, colocar quais são as diferenças, sem medo de que digam que isso é dividir o movimento, pois quem divide o movimento é justamente essa direção que dia após dia trai a greve! Vemos que tanto o Espaço Socialista do Dalmo, quanto o POM do Boni, são organizações de esquerda e não da burguesia, mas que essa forma de atuar é igual a forma de atuação do Stalinismo que perseguia, expulsava e matava os trabalhadores revolucionários que denunciavam a política espúria e traidora de Stalin e sua corja. Não podemos permitir que nenhum estudante ou corrente política seja impedida de falar!

Reivindicamos a posição do PSTU nessa reunião que aconteceu na Terça feira, pois se posicionaram contra essa política Stalinista de calar os que se opõem. Agora, é preciso dar um passo além: deveriam estar combatendo abertamente, sem tréguas, essa política de colocar o movimento a reboque da prefeitura petista e chamar os estudantes a combater esse direcionamento que está se colocando no movimento, sem se adaptar e sem capitular!

Precisamos organizar urgentemente todos os estudantes, os que estão aqui hoje e aqueles que foram embora, queremos que todas as posições sejam discutidas abertamente, para nós, a divergência serve para politizar o movimento e só com ele organizado e politizado poderemos avançar na nossa mobilização. Para nós a única maneira de fazer com que a greve avance é formar comitês de mobilização que tenham a tarefa de trazer os estudantes de volta para a FAFIL, é discutir o apoio da FAECO e da FAENG e explicar a eles que a reitoria manobra para nos desgastar e para joga-los contra a greve, precisamos abrir uma diálogo sério com a população e precisamos discutir profundamente com os cursos, pois são eles que fazem a greve.

Temos que discutir democraticamente, entre todos os estudantes, os planos do PT e da burocracia acadêmica, para evitar que nos utilizem para suas manobras por cargos e pelo controle burocrático e anti-estudantil da FSA. Devemos fazer com que os estudantes rediscutam sua pauta de reivindicações (mensalidades, condições de ensino, etc.), reorganizem e unifiquem todos os cursos, a partir das bases, elegendo estudantes representantes (delegados) por sala e curso para criar um verdadeiro e representativo comando geral de greve que decida democraticamente respeitando as deliberações das assembléias de cursos.

Se o movimento Estudantil da FSA não se reorganizar para tomar em suas mãos o controle da nossa luta, estaremos fadados à derrota, com ou sem Odair! E para que os estudantes sejam os que realmente exerçam o poder na luta, se faz imprescindível combater as tendências burocráticas e os “dirigentes” que pretendem seguir “dirigindo” por cima, temos que colocar todos os esforças para massificar a nossa luta entre todos os estudantes e cursos e para fora da universidade, buscando apoio ativo dos trabalhadores e da população da região.

Esperamos que essas correntes ’ Espaço Socialista e POM ’ expressem se essa é uma posição individual ou se é uma frente antidemocrática e stalinista! E queremos junto com o PSTU, como todos os estudantes grevistas e professores democráticos discutir seriamente e não permitir que sejam aplicados no movimento estudantil os mesmo métodos utilizados pelas ditaduras.

- Contra o desmantelamento da greve, que tem como responsável a direção do movimento que quer colocar os estudantes submetidos à Prefeitura petista!
– Retomar as bandeiras do movimento: contra o aumento de mensalidades! Contra a repressão! Pela volta da qualidade de ensino!
– Pela formação de comitês por curso pra mobilizar os estudantes!
– Por um comando de greve baseado em representantes votados em cada curso!
– Eleições diretas para todos os cargo! Cada cabeça um voto!

Em discussão com a LER-QI

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