Domingo 28 de Abril de 2024

Internacional

TRAGÉDIA HAITIANA

Fora ianques do Haiti!

30 Jan 2010   |   comentários

A duas semanas do trágico terremoto, foram confirmadas cerca de 200 mil mortes, 250 mil feridos e mais de 1 milhão que ficaram sem casa (em um país de 10 milhões de habitantes). O governo de Obama está levando a frente uma cínica campanha “humanitária” consistente no envio de 13 mil soldados, uma frota de guerra e centenas de helicópteros com a desculpa de “previnir” desmandos e “assegurar” a entrega de alimentos e medicamentos. Na verdade, o objetivo é reprimir a população desesperada e garantir a continuação dos negócios da burguesia local e das multinacionais instaladas sobretudo na fronteira com a República Dominicana onde seus trabalhadores são semi-escravos, praticamente sem direitos trabalhistas nem sindicais.

Hipocrisia imperialista

A capital, Porto Príncipe, é um mar de desolação com milhões de famintos vagando sem lugar para dormir. Mais de 400 mil pessoas foram levados a campos de refugiados fora da cidade e milhares de crianças encontram-se totalmente desamparados. Longe de resolver os urgentes problemas do povo haitiano, as tropas norte-americanas tomaram o controle do país e enquanto entregam a “ajuda” a conta-gotas, exigem ordem e calma à população.

Frente aos questionamentos internacionais dos quais essa política foi alvo, a secretária de Estado Hillary Clinton declarou sentir-se “profundamente decepcionada com aqueles que agridem à generosidade de nosso povo e a liderança de nosso presidente quando tratamos de responder à catastrófica situação sem precedentes no Haiti”.

Como se sabe, a atual tragédia vem somar-se à extrema pobreza estrutural na qual o país está submerso (o mais pobre do continente) desde décadas pela continua espoliação imperialista que levou 80% da população a viver abaixo da linha da pobreza e ficar sem trabalho. Desde 2004, o país encontra-se ocupado pela Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) integrada pelo Brasil, Uruguai, Chile, Argentina, Bolívia e outros. Estas tropas protagonizaram repressões brutais ao povo haitiano e pesam sobre elas denuncias de abusos e estupros. Os governos de Lula, Tabaré, Kirchner y demais “progressistas” são cúmplices na situação desesperadora pela qual passa o Haiti.

Nesse marco, a nova ocupação norte-americana disfarçada de missão humanitária, busca aprofundar ainda mais a dominação imperialista. Por isso, Alejandro Wolff, embaixador da ONU, assegurou que a presença militar ianque no Haiti “será de longo prazo”.

ONU: “reconstrução” do país ou negócios capitalistas?

Em 21 de janeiro, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, reunidos em Washington, haviam pedido para “passar da ajuda de emergência à reconstrução”. Como se os problemas sanitários e alimentícios estivessem resolvidos.

Posteriormente, na reunião da ONU pela reconstrução do Haiti que aconteceu, na segunda-feira, 26, em Montreal, Canadá, informou-se que a tarefa levará uns “10 anos de trabalho duro” e que contratarão 10 mil haitianos por um salário de fome de 5 dólares por dia para realizá-la. Cabe assinalar que participaram da reunião o Banco Mundial, o FMI e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que nem sequer perdoaram a dívida externa haitiana, que nas últimas décadas aumentou 40 vezes (de 40 milhões para 1,6 bilhões de dólares) para seguir os planos econômicos ditados por eles próprios.

Curiosamente, a declaração saída dessa reunião faz menção à “soberania” do Haiti ao mesmo tempo em que destaca o papel de “coordenador” da ONU e das mencionadas entidades financeiras nas tarefas de reconstrução. Nada bom virá para o povo haitiano das mãos de Obama, da ONU e do FMI.

Só as organizações operárias e populares devem controlar a ajuda. Tem-se que colocar em marcha uma grande campanha internacionalista em solidariedade ao povo haitiano.

Fora as tropas ianques e da Minustah!

Não ao pagamento da dívida externa!

Que os capitalistas nacionais e estrangeiros paguem o custo do desastre com seus lucros!


GRAVES DENÚNCIAS E CHAMADO À SOLIDARIEDADE DO GRUPO HAITIANO BATAY OUVRIYE (BATALHA OPERÁRIA)

A luta de classes que continua sob os escombros.

Em um chamado desesperado à solidariedade da classe trabalhadora mundial, o grupo Batay Ouvriye (Batalha Operária) do Haiti, denuncia: “enquanto alguns capitalistas forçam os operários a voltar ao trabalho em fábricas rachadas; enquanto os grandes comerciantes opõem-se a distribuir suas mercadorias e as vendem a preços altos; enquanto o Estado mostra – demonstra de novo- como sempre, sua ausência, sua incapacidade e incompetência (a única coisa que sabem fazer é roubar e manobrar, apoiando os proprietários de terras, os burgueses e outras multinacionais); enquanto a policia nacional brilha por sua ausência (a única coisa que sabem fazer é reprimir o povo); enquanto as forças imperialistas estão claramente se aproveitando da ajuda que dão para estabelecer uma evidente e, em sua intensão, definitiva tutela...operários, trabalhadores de todo tipo, massas populares em geral sofrem, extremamente dependentes, nessa situação catastrófica.”

No mesmo texto, assinalam que algumas rádios permitem coordenar as iniciativas independentes de alguns comitês populares que trabalham em tarefas de resgate e de distribuição de alimentos. No entanto, os meios são escassos e precisam da solidariedade internacional de seus irmãos e irmãs de classe de todo o mundo. “Na medida do possível, evitamos passar pelas vias oficiais e governamentais de abastecimento. Mas, a situação chega a ser insustentável! Por isso, viemos hoje lançar um CHAMADO DE SOLIDARIEDADE para todos os operários, todos os trabalhadores, todos os progressistas conseqüentes no mundo inteiro para nos ajudarem a sair desse tão catastrófico passo.”, dizem em seu comunicado.

Batay Ouvriye recebe a ajuda material em sua sede de Delmas 16, # 13 bis, Puerto Príncipe, Haití.
Para enviar dinheiro, a conta bancaria 01 000 9845 do City National Bank of New Jersey, localizado na 900 Broad Street, Newark, NJ 07102. Número ABA 0212-0163-9 City of NJ Newark. A conta está no nome de de Batay Ouvriye e está em Fonkoze, Ave. Jean Paul II, # 7, Port-au-Prince, Haití.

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