Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

Reorganizar os bancários numa Oposição antigovernista e antiburocrática

Extrair as lições da greve dos bancários para avançar

10 Oct 2004   |   comentários

A Oposição Bancária (dirigida pelo PSTU em conjunto com a Articulação de Esquerda) esteve à frente da greve dos bancários e dos piquetes em vários estados. Pelo importante significado desta greve, e o que ela indica como tendência para as próximas mobilizações, os trabalhadores, ativistas e os militantes revolucionários devem procurar extrair as principais lições para reconhecer a impotência da estratégia implementada pelo PSTU ao longo da greve, corrigir os erros.

Os piquetes não faziam parte de um plano efetivo para paralisar o sistema bancário. Os centros de compensação e controle do sistema não foram afetados, os caixas eletrónicos substituíram os serviços das agências; foi negociado com a gerência das agências a entrada de alguns funcionários para garantir os serviços.

Contra o boicote financeiro dos burocratas da CUT, que não repassavam recursos para a greve, a Oposição Bancária deveria ter proposto medidas como o controle de todas as finanças do sindicato pelos bancários organizados, para destinar à greve os milhões que estão nas mãos desses burocratas.

O governo Lula começou a reprimir nos bancos estatais, com ameaça de corte dos dias, e os banqueiros se negavam a negociar apostando no desgaste da greve. A Oposição publicava boletins falando que a greve era forte e crescia. Porém, ao invés de se apoiar nos milhares de ativistas e piqueteiros e apostar na radicalização da greve, a Oposição buscava “alternativas” conciliadoras com o único objetivo de reabrir negociações. Audiência com o ministro (dirigente sindical bancário) Berzoini foi marcada para pedir-lhe que “intercedesse a favor da greve e para que os bancos não usassem a polícia” . O PSTU deveria denunciar os ministros Berzoini, Gushiken e Olívio Dutra como traidores dos bancários e responsáveis, porque estão no governo, pela repressão que se desencadeava contra os grevistas. Não aproveitaram a raiva dos bancários contra os burocratas sindicais para começar a discutir e tentar aprovar que esses ministros deveriam ser expulsos do sindicato, pois são traidores que governam para os banqueiros e o capital.

Lembremos que a greve começou porque os banqueiros, o governo e os dirigentes da Confederação Nacional dos Bancos, que reúne os sindicatos da CUT, fizeram um acordo de 8,5% a 12,7% de reajuste salarial. Os bancários não aceitaram e impuseram a greve. Sem negociação e sem um plano organizado para a greve, o PSTU começou a defender a apresentação de uma contraproposta para mostrar que “não era intransigente” e “queria negociar” . Em São Paulo, defenderam primeiro rebaixar os 25% para 15%, enquanto a Articulação de Esquerda, corrente petista que faz parte do bloco oposicionista com o PSTU, defendeu 12,7%. Porém, em Porto Alegre havia sido aprovada a contraproposta de 19%, o que levou a Oposição em São Paulo a defender os 19%. Ao mesmo tempo, o PSTU [vergonhosamente] defendeu que os bancários recorressem à Justiça do Trabalho, alimentando nos trabalhadores a ilusão nessa instituição que está a serviço dos interesses dos patrões, como se fosse possível conquista qualquer coisa na justiça sem a radicalização do movimento.

Esta capitulação do PSTU fortaleceu os burocratas do sindicato que buscaram recuperar base de sustentação entre setores dos bancários denunciando que o PSTU abria mão das reivindicações da categoria (25%) e ainda impunha os tribunais burgueses. Era bizarro ler jornais dos burocratas sindicais com títulos como “Fora os Tribunais” e pela “Defesa das reivindicações da categoria para enfrentar os banqueiros” .

Como os banqueiros e o governo não se preocupavam em ser “intransigentes” e viram se abrir mais brechas para desgastar a greve, a contraproposta foi simplesmente desconsiderada, aumentando ainda mais o desânimo entre os bancários, o que se refletiu na última semana quando as assembléias diárias baixavam de 2.500 bancários para 900, 700, até a aprovação da suspensão da greve.

O PSTU deve romper a unidade que mantém na Oposição Bancária com a Articulação de Esquerda (AE). Esta corrente é tão governista quanto a Articulação e o PCdoB, com seus ministros Gushiken, Berzoini, Olívio Dutra, Aldo Rebelo e outros. A Articulação de Esquerda, além de ser do PT faz parte diretamente do governo, com vários cargos inclusive o Ministério da Pesca.

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