Sábado 27 de Abril de 2024

Juventude

REPRESSÃO NA UNESP

Estudante expulso da UNESP chama campanha pela reintegração de todos os lutadores

01 Feb 2015   |   comentários

Entrevista com Vyni, estudante de Ciências Sociais da UNESP-Araraquara, um dos estudantes suspensos e expulsos pelo recente anúncio da diretoria de Araraquara e militante da Juventude às Ruas.

Entrevista com Vyni, estudante de Ciências Sociais da UNESP-Araraquara, um dos estudantes suspensos e expulsos pelo recente anúncio da diretoria de Araraquara e militante da Juventude às Ruas.

Pode nos dizer mais informações sobre o anúncio das expulsões em Araraquara?

17 estudantes da UNESP Araraquara foram expulsos no dia 29 de janeiro, acusados por ocupar a diretoria do campus num processo de “averiguação” altamente arbitrário e autoritário, baseado num estatuto herdeiro da ditadura militar. O anúncio das expulsões foi feito em um período de esvaziamento do campus por conta do início das férias, feito nesse período para dificultar uma resposta dos estudantes.

Quais foram as lutas vocês fizeram parte no último período?

Nós, estudantes da UNESP-Araraquara, lutamos e construímos uma greve, ao lado dos funcionários, estudantes e professores das três Estaduais Paulistas e uma ocupação estudantil. Essa greve durou mais de 100 dias, contra os ataques do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo) e do governo do Estado de Geraldo Alckmin, à Educação Pública. Em Araraquara, esses ataques foram sentidos no corte de bolsas de extensão, em 38 expulsões da moradia estudantil, no reajuste salarial negado aos funcionários da Universidade, na manutenção de subquadro de professores, na tentativa de implementação Ensino à Distância nas licenciaturas e muitos outras formas de sucateamento da universidade. Esses ataques aprofundam o processo de privatização e elitização, destruindo ainda mais o caráter social da universidade, mas deixamos claro que esse processo sempre existiu: os filhos dos trabalhadores não podem entrar na universidade graças ao filtro social que é o vestibular, enquanto, na verdade, são eles aqueles que a sustentam com seus impostos!

A repressão na UNESP-Araraquara é algo novo?

Pelo contrário! Já tem um histórico: em 2007 houve a primeira entrada da Policia Militar em uma Universidade Pública desde o fim da Ditadura Militar e pra retirar estudantes que estavam ocupando a diretoria pelos mesmo motivos: lutar por educação pública! Dessa vez, sete anos depois a história se repete, os estudantes que mantinham a ocupação no dia também foram retirados à força do local pela Policia Militar à mando do diretor da Universidade, Arnaldo Cortina. 
Além disso, temos câmeras que vigiam o vão de CAs, professores que nos assediam todos os dias e inúmeras sindicância, que é processo interno da universidade para punir os estudantes que “saem” da linha. Eu mesmo, além dessa expulsão, já estava sofrendo um processo na justiça comum (!) acusado de pichar um vão do CAs que sempre foi utilizado pelos estudantes para se manifestarem artisticamente, com piches, desenhos, grafites etc.

A repressão é só na unidade Araraquara?

Não. Tem também 95 estudantes que foram suspensos por 60 dias por lutar contra o PIMESP (programa que dificultaria o ingresso de negros e indígenas na universidade) e por permanência estudantil. Esses estudantes perderam o semestre e suas bolsas, numa clara perseguição política.
No estado de São Paulo, o governo Alckmin mandou reprimiu as manifestação contra a Copa do Mundo, com um trabalhador e estudante da USP, Fábio Hideki, inclusive proso com acusações forjadas. Na USP, Alckmin colocou a polícia militar para reprimir trabalhadores e manifestantes em atos e piquetes feitos para garantir o direito de greve. Além disso, 42 metroviários foram demitidos por lutar por melhores condições de trabalho e transporte para a população. Demissões de caráter unicamente político.

Qual você acha que é o objetivo da diretoria nas expulsões e suspensões?

Não acho que é só da diretoria o objetivo. Esse é um projeto de privatização da educação pública, que está colocado pra todas as universidades do estado e do país. Em um ano de crise econômica e redução de repasse já anunciado para as universidades, a REItoria e a diretoria preparam o terreno para um período de cortes brutais de qualidade e estrutura nas estaduais paulistas e em todo ensino público, perseguindo e intimidando o movimento estudantil que se coloca contra esse projeto. Repressão e sucateamento andam lado a lado.

Como você acha que os estudantes devem responder a esse ataque?

Construindo uma forte campanha pela REINTEGRAÇÃO DOS 17 ESTUDANTES EXPULSOS E PELA REVOGAÇÃO DAS 95 SUSPENSÕES.
Para isso, nós, da Juventude Às Ruas, acreditamos que é essencial a construção de assembleias para que os estudantes organizem uma resposta a altura desse ataque. Chamamos os Centros Acadêmicos da UNESP-Ar (CAFF, CACEL, CAMT, CACEF, CAAP), das outras unidades da UNESP a dar apoio (político, jurídico e financeiro) aos estudantes expulsos. Mas não só da Unesp, essa luta é estadual, contra as reitorias da USP, UNESP E UNICAMP, que mantém um projeto de elitização, negando políticas de permanência enquanto seus reitores ano a ano se envolvem em escândalos de super salários, impor a reintegração desses estudantes é parte da luta contra o estatuto autoritário pelos quais as reitorias se apoiam para reprimir qualquer um que se manifeste. Nesse sentido, chamamos todos os estudantes e coletivos a se unirem a campanha e construírem essa luta e num ano que teremos o congresso da Anel, devemos ter como tarefa primordial na sua preparação articular uma grande campanha contra as expulsões.

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