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DCE defende o governo Dilma, e os corruptos da Petrobrás

18 Mar 2015   |   comentários

Na Unicamp, a gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) “Nada Será como Antes”, uma coligação entre PCdoB (UJS), setores do PT e o PSDB, toma para si a defesa, por dentro do movimento estudantil, de defesa dos corruptos e inimigos da democracia e dos trabalhadores

Em recente nota divulgada nas redes sociais, o DCE da UNICAMP tenta se localizar enquanto uma entidade que retoma os debates nacionais para cumprir o papel histórico de “defender o Brasil e a nossa democracia”, participando do ato do dia 13 junto com as entidades que historicamente defendem o Governo Dilma. A gestão “Nada Será como Antes”, uma coligação entre PCdoB (UJS), setores do PT e o PSDB, toma para si a defesa, por dentro do movimento estudantil, de defesa dos corruptos e inimigos da democracia e dos trabalhadores.

Os atos do dia 13 nada mais foram do que a tentativa das bases do governo (CUT, MST e UNE) de tentarem reestabelecer a força de um Partido que há muito perdeu sua base de trabalhadores, do campo e de estudantes, foi uma tentativa de responde ao ato do dia 15 chamados pela oposição. Como uma nuvem que some no céu sob o Cantareira, os atos do dia 15 colocaram em xeque as posições ditas de massa do governo, embora fossem majoritariamente de classe média os atos, com poucos negros e setores populares, Dilma enxergou a demonstração de força dada pela direita e já esta com um discurso de calma para “reorganizar o pais”, ou seja passar seus cortes econômicos. O que sobrará para grande maioria da população (setores de trabalhadores e pobres) que passam longe dessa jogatina?

Frente à crise de representatividade, os partidos que possuem algum peso de governo (PT, PMDB, PSDB) buscam retomar o diálogo entre si, tentando os melhores caminho para que os escândalos de corrupção não desnudem um regime podre em sua essência, não a toa que o PP, herdeiro da ARENA (partido dos Ditadores), sinaliza sua possível diluição frente aos escândalos da Operação Lava-Jato. Semana passada também o ex-presidente FHC corroborou posições de dentro do PSDB que o impeachment não seria solução. No todo, desde Dilma até os setores mais conservadores da estrutura partidária brasileira tentam rearranjar-se para que a situação cada vez mais sufocante, não vire uma bomba contra o governo e o regime.

A defesa da Petrobrás

Para a atual gestão do DCE, temos que defender uma Petrobras a serviço do desenvolvimento nacional, alem de esconderem sua defesa do Governo Dilma atrás da defesa da estatal. Esse projeto de desenvolvimento nacional não tocou por exemplo na terceirização dos serviços da Petrobras, iniciada por FHC e continuada pela gestão Dilma-Foster na estatal – para cada trabalhador efetivo da empresa, 5 são terceirizados e realizam o mesmo trabalho com salários menores – e que hoje estoura na greve dos trabalhadores do Complexo Petrolífero de Itaboraí, o COMPERJ, principal investimento da Petrobras nos últimos anos.

Projetos assinados pelo Conselho de Administração da estatal que conta com ministros, técnicos e inclusive o sindicato da CUT, presumidamente defendendo o desenvolvimento nacional, tenta se localizar frente a avaliação cada vez pior que os mercados fazem da empresa. A empresa que presumidamente “pertence a todos os brasileiros” na verdade defende somente os interesses dos acionistas e grandes bancos que estrangulam a empresa mais endividada do mundo.

Participar da direção de uma das maiores empresas do mundo não a toa lhe classifica para participar da administração de um dos maiores países do mundo, desde o ministro Jacques Wagner até a própria Dilma Rousseff tiveram seu reconhecimento em implantar um dos maiores projetos de precarização do trabalho já feitos, ou seja, aqueles que governam provaram com unhas e dentes que conseguem cortar salários, benefícios e todo tipo de segurança em relação a permanecer no trabalho.

A defesa da democracia

Para a gestão que pretende ser o novo no DCE, defender a democracia é defender o projeto eleito na última eleição, uma eleição que está provada na própria Operação Lava-Jato que não deve ter sido possível realiza-la sem os grandes empresários do ramo da construção civil apoiando-a. No mais puro cinismo a gestão diz que “Defender este projeto, no entanto, não significa defender o governo Dilma ou suas ações”, enumerando os cortes no Ministério da Educação (que hoje ultrapassam 14 bilhões) e os cortes aos direitos dos trabalhadores dizem que não os apoiam, como se defende o projeto eleito “pelo povo” na última eleição mas não defende as medidas que esse projeto tem que tomar?

Está mais do que claro que esse projeto não foi eleito pelo povo, Dilma e seus seguidores não estão ali por qualquer vontade popular, mas porque provaram para os ricos que podiam implementar seus cortes e ter o discurso mais demagógico, contando com o apoio dos burocratas da UNE e da CUT para valer seu esforço.

Ao invés disso não refletem na necessidade de que as apurações de corrupção sejam realizadas da forma mais democrática possível, não pelos próprios políticos corruptos, mas pelos sindicatos, entidades estudantis e do campo, uma força tarefa que nem UNE, nem CUT nem MST estão dispostos a botar a frente porque isso significaria um questionamento ao seu aparatismo, ou seja, o usufruto das entidades somente para auto-promoção e estabilidade do governo.

Seria a Reforma Política Democrática uma saída?

Durante a eleição o PT defendeu o projeto de Reforma Política, mais do que uma carta que o governo sacou em junho de 2013, esse projeto constrói uma visão totalmente distorcida do nosso sistema político. Começando pelas proposições, que resumidamente abarcam a perda de privilégios de financiamento privados que os grandes partidos conseguem, sendo o campeão desses o PT.

Foram esses financiamentos que garantiram a maior parte dos deputados eleitos, que logo na primeira sessão de seu mandato fazem uma das medidas mais antipopulares, aumentar o próprio salário para mais de 40 vezes o salário mínimo, serão esses deputados que votarão o fim de seus privilégios eleitorais?

Defendendo que esse projeto iria “aprofundar a nossa democracia e combater de verdade a corrupção” o DCE ligado a UNE deixa de cumprir qualquer papel de defender os trabalhadores e a grande maioria da população contra os capitalistas e seus gestores.

Em um exercício simples, se estamos questionando todas as relações profundamente podres que a Administração da Petrobrás exerceu com as grande empreiteiras e os grande políticos, por que não os tiramos do comando de um recurso tão importante quanto o petróleo? Por que não colocamos a Petrobrás 100% estatal sob o comando de todos seus trabalhadores organizados em cada refinaria e poço de extração, em conjunto com os caminhoneiros que pararam cada rodovia e com intervenção direta e aberta do povo que necessita do petróleo?

Uma polêmica com o governo “mais a esquerda”

Um setor da UNE criado recentemente pelo grupo da direção nacional do MST (chamado Consulta Popular) hoje se insere na juventude pelo nome de Levante Popular da Juventude, em tese não são do PT, mas estão em cada manifestação a favor dele, inclusive com declarações de seu dirigente histórico Stédile de que apoiaria Lula até o fim. O que significa esse apoio num momento em que nem CUT, nem UNE nem MST conseguem chamar seus mais de 30 milhões de representados para as ruas? Como discutimos acima estar do lado da democracia, dos trabalhadores e dos setores que compõem a maioria da população passa pela independência dos governos que precarizam e não está disposto a entregar todas as apurações para comissões formadas nas universidades, bairros, fábricas, grandes centros de serviços e outros locais onde estão a maioria da população possam averiguar e realizar seus julgamentos.

Para nós, da Juventude às Ruas, a democracia só pode ser defendida a partir da perspectiva dos despossuídos, explorados e oprimidos. Nesse momento de profundo debate nacional vemos que nem a direita nem o governo estão do lado da grande maioria da população, para nós, num momento de crise de representatividade e crise econômica, os estudantes devem estar lado a lado com cada luta defendendo que nossa Democracia e nosso projeto econômico só pode ser construído por nós mesmos.

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