Terça 30 de Abril de 2024

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CAMPANHA

Em defesa do SINTUSP, pela readmissão de Brandão e contra os ataques de Serra à Universidade

11 Feb 2009   |   comentários

Não é por acaso que a reitoria ataca o Sintusp. Esse é um ataque contra o que nosso sindicato representa, pelas lutas que temos travado nos últimos anos. O Sintusp se destaca não só pela luta em defesa das condições salariais e de trabalho dos funcionários da USP. Nosso Sindicato cumpre um papel central na luta em defesa da universidade pública, contra os ataques privatistas que os governos tucanos vêem tentando implementar há anos. E também é um sindicato que não se preocupa apenas com o que acontece dentro dos muros da universidade, e sim em momentos chaves se coloca em defesa dos interesses do conjunto da classe trabalhadora e do povo oprimido não só no Brasil mas também em outras partes do mundo, como ocorre hoje com nossa defesa povo palestino frente ao genocídio do Estado de Israel e nossa luta pelo fim do Estado sionista, racista e colonialista. Como não poderia ser diferente, essa atitude se dá juntamente com uma luta permanente contra as tentativas da reitoria de perseguir, criminalizar e reprimir os dirigentes do Sintusp, assim como os setores mais combativos de funcionários, estudantes e professores da universidade.

A greve/ocupação da reitoria contra os decretos de Serra: um marco na história da universidade

Na greve/ocupação da reitoria em 2007, nosso sindicato, desde o primeiro momento, se colocou lado a lado com os estudantes na luta contra os decretos privatizantes do Serra, e manteve esta aliança até o último momento. Essa luta provocou uma forte crise na casta de “acadêmicos” parasitas que dirigem a universidade, e ganhou amplo apoio da população, obrigando o governador a recuar.

Para tentar sair dessa crise, desde o fim da greve/ocupação de 2007 a reitoria vem tentando implementar uma um ofensiva de repressão contra trabalhadores e estudantes que estiveram na linha de frente da luta, através de sindicâncias, processos judiciais e policiais. O Sintusp, junto à Adusp e o DCE, tem resistido a essa ofensiva da reitoria; luta essa que culminou com o “Manifesto de intelectuais e organizações contra a repressão e as novas medidas contra a qualidade de ensino na USP” , assinado por importantes intelectuais como Ariovaldo Umbelino, Paulo Arantes, Ricardo Antunes, Fábio Konder Comparato, Marcos Del Roio, entre muitos outros; e num ato realizado no dia 4 de novembro em frente à reitoria, que contou com a participação de personalidades como o intelectual Chico de Oliveira e o deputado Carlos Giannazzi do PSOL.

Os ataques de Serra continuam...

Esta perseguição da reitoria contra os que estiveram na linha de frente da greve/ocupação da reitoria vem se dando ao mesmo tempo em que o governo Serra busca avançar, por outros meios, na implementação dos ataques que não conseguiu implementar através dos decretos.

No dia 19 de junho de 2008, José Serra sancionou a Lei Complementar 1049, que estabelece diretrizes para a inovação tecnológica em São Paulo. Conhecida como “lei da inovação tecnologia” , e relacionada com as já conhecidas “pesquisas operacionais” que lutamos contra em 2007, esta vai muito além das fundações de direito privado que já atual na universidade, permitindo que a universidade seja colocada muito mais aberta e diretamente a serviços dos interesses capitalistas; seja através da produção do conhecimento voltado aos interesses do aumento dos lucros dos grandes empresários ou através da utilização mais ampla das instalações da universidade por parte dos grandes monopólios empresariais.

No dia 09 de outubro de 2008, o governador assinou o decreto que cria a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), sistema de ensino superior à distância, que é uma forma do governo “vender” a imagem de “democratização da universidade” através da precarização do ensino.

A casta de parasitas “acadêmicos” que dirigem a universidade

Mas os planos de Serra e da burguesia paulista para a universidade não poderiam ser implementados sem que estes tivessem setores “acadêmicos” dentro da universidade que se colocassem a serviço de implementar sua política em troca de enormes benefícios, com enormes salários e infinitos privilégios. São os parasitas que dominam os principais cargos de direção da USP e que não podem implementar seus planos se não combatem e “eliminam” os estudantes, funcionários e professores que lutam em defesa da universidade. É isso o que ocorre, por exemplo, na Unesp, onde professores que denunciaram escândalos de corrupção por parte dos órgãos de direção da universidade estão sendo ameaçados de morte.

A demissão de Brandão: um ataque político

A reitoria da USP e o governo Serram sabem que a história de luta do Sintusp em defesa da universidade não começou em 2007, e que o Sintusp é uma verdadeira “pedra no sapato” para a implementação dos planos da casta de “acadêmicos” que parasitam os órgãos de direção da universidade. Já em 2005, os trabalhadores da USP encabeçaram o movimento de greve por mais verbas para a universidade, através da luta pela derrubada do veto de Alkcmin que impedia esse aumento. O Sintusp é um dos poucos sindicatos no país que luta por iguais salários iguais direitos entre os trabalhadores “efetivos” e os terceirizados, assim como pela incorporação dos terceirizados como trabalhadores efetivos da universidade sem necessidade de concurso público.

A demissão de Brandão é um ataque à política do Sintusp de lutar contra as medidas de privatização e precarização que o governo Serra busca aplicar sobre a universidade e de lutar contra as medidas que essa reitoria busca implementar como agente do governo dentro da USP. Com essa demissão a reitoria pretende atacar uma parte hoje essencial da força do Sintusp e abrir as portas para a demissão de outros diretores que são linha de frente do nosso sindicato, além de estudantes que vêm sendo sindicados e processados desde 2007. Ou seja, é um ataque que concentra, num setor que vem se colocando na linha de frente da defesa da universidade pública, um ataque mais amplo que vai pretende atingir o conjunto do movimento de estudantes, funcionários e professores da três universidades estaduais paulistas. A luta contra a demissão de Brandão é uma luta elementar pelo direito democrático dos trabalhadores de se organizarem e atuarem sindical e politicamente.

Uma solidariedade exemplar numa luta que só começa

É este caráter político do ataque que a reitora pretende implementar com a demissão de Brandão e o papel de linha de frente que o Sintusp vem cumprindo na luta em defesa da universidade que explica a ampla solidariedade que a campanha pela readmissão de Brandão conquistou rapidamente.

A demissão foi feita no dia 09/12. Já no dia 11/12, os trabalhadores da USP realizaram uma assembléia com mais de 400 trabalhadores, onde votaram uma campanha pela readmissão, que dentre várias outras medidas incluía um acampamento impulsionado por estudantes da USP em frente à reitoria e um ato-paralisação em frente à reitoria no dia 16/12, quando seria realizada a última reunião do ano do Conselho universitário. Apesar das férias, o ato contou com a participação de mais de 1.000 pessoas, obrigando o Conselho Universitário a mudar o local de sua reunião. Participaram do ato políticos e parlamentares como Jamil Murad (vereador do PC do B) e Eliseu Gabriel (Vereador PSB); e intelectuais e professores como Leonel Itaussu (Prof. da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Chico Miraglia (ADUSP), Milton Vieira (Adunesp) e Edmundo Fernandes (Adunicamp e coordenador do Fórum das Seis).

O abaixo assinado pela readmissão de Brandão impulsionado pelo Sintusp, Adusp e DCE já foi assinado por importantes personalidades políticas como Paulo Vanucchi, ministro da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal; senador Eduardo Suplicy (PT); Nabil Bonduki, ex-vereador de SP pelo PT e professor da FAU; Vicentinho (PT), José Genoíno (PT) e Ivan Valente (PSOL), os três deputados federais, sendo que os dois últimos emitiram pronunciamento na Câmara dos Deputados exigindo que a reitoria da USP retrocedesse na demissão de Brandão. Assinaram importantes intelectuais e professores como Emir Sader, João Bernardo, Paulo Arantes, Emilia Viotti da Costa, Luiz Renato Martins, Franklin Leopoldo e Silva, Ricardo Musse, Ruy Braga, entre muitos outros. Assinaram juristas nacionalmente reconhecidos como Fábio Konder Comparato e Jorge Luíz Souto Maior. E também assinaram várias entidades e dirigentes sindicais, incluindo Júlio Turra, membro da Executiva Nacional da CUT, assim como as organizações políticas da esquerda como o PSTU, a CST, a Consulta Popular, o PCO etc.

Agora, com a volta das férias, vamos retomar a campanha para obrigar a reitora a recuar. Vamos retomar com as reuniões de unidade, colar cartazes por toda a universidade, trabalhar com o abaixo-assinado e o jornal do Sintusp feito especialmente para a campanha pela readmissão de Brandão, retomar o acampamento e preparar uma forte mobilização para a calourada.

Pablito é trabalhador da USP e dirigente da Liga Estratégia Revolucionária.

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