Quarta 1 de Maio de 2024

Juventude

UNIVERSIDADE

Elementos de balanço das eleições do DCE da USP e perspectivas

16 Dec 2008 | Governistas massacrados e o novo petismo (PSOL + PCB) sofre derrota histórica. Nada será com Antes? É isso que uma série de ativistas está se perguntando. Com a demissão do Brandão, é isso que já se coloca à prova. Nós, que publicamos uma “Carta aos estudantes da USP frente às eleições do DCE” , queremos continuar aquele debate e fazer propostas para que esse resultado possa significar efetivamente um passo no sentido de forjar um novo movimento estudantil, para além dos discursos.   |   comentários

Um voto contra Lula,
Serra e a burocracia
estudantil

A eleição se deu sem
discussões profundas, mas os
estudantes mostraram consciência
com relação à situação
da universidade e da sociedade,
rechaçando não somente
a burocracia estudantil profissional
lulista, mas também
a privatização da pesquisa e
o ensino à distância que Serra
vem implementando, que
tiveram na chapa Nada Será
como Antes a sua única via
de expressão contrária.

A derrota do novo petismo
que vinha parasitando
o DCE há anos, sem impulsionar
uma luta, ajoelhandose
para o governo e as autoridades
universitárias, coloca
a perspectiva de retomarmos
o DCE como ferramenta de
luta, superando o PSOL que
defende o “socialismo com
empresários” como Jorge
Gerdau que doou 100 mil
reais para a campanha da Luciana
Genro.

É por isso que, apesar
das diferenças que temos e
são públicas com os companheiros
do PSTU, reivindicamos
os votos na chapa
que construíram com independentes
porque expressam
que o “espectro da ocupação”
ainda ronda a USP e que
pode haver mais uma grande
luta no ano que vem.

Que nada seja como
antes

Chamamos a votar na
chapa “Nada...” porque era a
única que se propunha a lutar
contra a lei paulista e o ensino
à distância, reivindicando a
ocupação de 2007, o que sem
dúvida foi o que garantiu sua
vitória com ampla margem.
Isso apesar de que seja mais
pela ausência desses aspectos
nas outras chapas , do que
porque o PSTU tenha sido
um agente destacado na luta
contra essas medidas ou na
ocupação, já que segue marcado
na cabeça dos ativistas
o fato de que se colocaram
pela desocupação a partir do
5º dia e por seis vezes.

Além disso, chamamos
o voto porque era “a única
que coloca a necessidade da
aliança com os trabalhadores” ,
o que é uma questão
estratégica, principalmente
frente ao cenário de crise
económica que estão descarregando
sobre as costas dos
trabalhadores e da juventude.
É o que mostra os fenómenos
mais avançados de luta da juventude
européia na Grécia,
Itália e Espanha, onde a juventude
está se ligando cada
vez mais aos trabalhadores e
potencializando a luta contra
os governos.

Porém, os apoiamos
criticamente, sendo um dos
nossos argumentos centrais
o fato de que vinham sendo
abstencionistas com relação à
campanha contra a repressão,
“porque não era uma prioridade” .
A tentativa de demissão
do Brandão mostra como estávamos
corretos. Frente a ela,
os companheiros do PSTU
vêm tomando iniciativas que
consideramos importantes e
chamamos a redobrar os esforços,
agora com a responsabilidade
e potencialidade de
direção do DCE.

Chamamos o DCE a
colocar todos seus esforços
na campanha, apoiando todas
as medidas dos trabalhadores
da USP, para obrigar a
reitoria a recuar neste ataque
brutal, ligando-as à perspectiva
estratégica de preparar os
trabalhadores e a juventude
para fazer com que os capitalistas
paguem pela crise,
tomando para si a construção
de um Encontro Regional
de Trabalhadores e Jovens
em janeiro que foi aprovado
pelos trabalhadores da USP,
mobilizando todas as forças
da Conlutas de São Paulo
para durante as férias fortalecermos
a campanha contra a
demissão ligada à construção
deste encontro.

Essa é a melhor maneira
de preparar uma calourada
politizada, que ligue a
campanha contra a repressão
aos demais ataques do Serra.
Afinal, a luta contra os planos
do governo não pode estar
descolada da luta contra os
métodos que são utilizados
para implementá-los. Organizemos
uma ampla frente
única para transformar o rechaço
dos estudantes que se
expressou nas urnas em um
movimento real.

A tentativa de deslegitimar
a eleição por parte
do PCB e PSOL, chegando
a quase conseguir impugnar
a eleição por causa da prestação
de contas numa votação
de 17 a 15, demonstra
que a burocracia estudantil
vai fazer de tudo para, a partir
do Conselho de Centros
Acadêmicos e dos CA´s, em
sua maioria controlados pelo
PSOL, impedir uma ligação
orgânica do DCE com a base
e tentar boicotar a gestão.
Isso fortalece ainda mais a
necessidade de impulsionar
a auto-organização . Infelizmente,
salvo raras exceções,
o PSTU se nega a impulsioná-
la. Chamamos a rever essa
posição para impulsionarmos
um DCE que seja de fato representativo
e ligado à base.

A proposta do Congresso
Nacional de Estudantes
deve ser construída a partir
das bases. Por isso, propomos
que o DCE encampe a
proposta do DCE da Unesp
de realizar um Encontro Estadual
de Estudantes em abril.

Acreditamos que se
impulsionamos essas tarefas,
estaremos na prática aportando
para um novo movimento
estudantil, superando o
corporativismo e apontando
a perspectiva da transformação
radical da universidade
e da sociedade, forjando um
movimento estudantil anticapitalista
e pró-operário,
que infelizmente o PSTU não
leva adiante .

Negação da Negação:
e a luta contra a
repressão?

Os últimos dias têm
sido uma demonstração lamentável
do que dissemos
nas eleições, que a luta contra
a repressão do MNN não
passa das palavras, mesmo
sendo praticamente o único
ponto programático que levantam.
Se isso se revertesse
em fortes ações contra a
demissão do Brandão, tudo
bem, mas não estão participando
das ações e somente
depois de uma semana soltaram
uma nota.

Mas não é tarde para
mudar o rumo! Chamamos
os companheiros a concretizar
a perspectiva correta que
apontam na nota de “reorganizar
e unificar tanto o movimento
estudantil como o movimento
dos trabalhadores da
USP. Um luta que deve ser
iniciada desde já, e intensificada
no ano que vem a partir
da calourada de 2009!”

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