Sexta 3 de Maio de 2024

Juventude

ENE 2008

Desafios e propostas para o Encontro Nacional de Estudantes

02 Jul 2008   |   comentários

Parte importante dos protagonistas
das diversas lutas ocorridas desde 2007 se reunirão no Encontro Nacional dos Estudantes no dia 02 de julho, prévio ao I Congresso da Conlutas.
Acreditamos que este pode ser uma ferramenta da vanguarda
estudantil para os desafios que seguem
colocados ao movimento, desde que parta de um balanço profundo da política levada à frente nos últimos embates.

Para que a Conlute não seja uma abstração para a ampla maioria dos estudantes, que apenas promove uma reunião nacional de tempos em tempos, mas de fato seja um pólo organizador
dos setores mais combativos,
é preciso que não repitamos os erros do último ENE, no qual fizemos uma série de propostas sobre como armar um novo movimento estudantil antiburocrático e pró-operário, que o PSTU, organização majoritária na Conlute, apoiou, apesar de nunca ter atuado para concretizar.

Para fazer com que de fato este Encontro Nacional Estudantil sirva para armar os estudantes é que apresentamos
estas propostas.

O ENE deve lutar pelas demandas dos trabalhadores e do povo pobre

Um dos principais balanços que temos que fazer em relação às importantes
lutas estudantis que começaram
no ano passado é que se faz urgente ligar a luta pela transformação da universidade com as demandas dos trabalhadores e do povo pobre, questão que não se concretizou e terminou
deixando os estudantes em luta isolados.

Para superar essa debilidade, os estudantes do ENE têm que se pronunciar sobre as questões mais sentidas pela maioria da população: os trabalhadores e a juventude explorada
e oprimida que não estão na universidade pelo caráter elitista e racista que esta tem. Isso significa que os estudantes devem se elevar a fazer política e não apenas a lutar por suas reivindicações imediatas. movimento
estudantil, para se tornar uma referência para o povo pobre e forjar uma aliança com os trabalhadores tal como fizeram os estudantes do Maio de 68, tem que defender as demandas daqueles e ligar sua luta na universidade
com a luta pela transformação desta decadente sociedade de classes
em que vivemos. Sobretudo suas demandas democráticas, que são constantemente negadas e violadas pela burguesia.

Portanto, frente ao constante assassinato do povo pobre e dos trabalhadores
pela polícia e agora mais recentemente pelo próprio exército no Rio de Janeiro destacado para cumprir
funções policiais, é preciso que os estudantes se levantem contra a violência do Estado. Isso se liga à luta pela retirada da polícia nos campus universitários, cuja presença, além de reprimir o movimento estudantil, serve à manutenção do caráter racista e elitista
dentro de seus muros. A deve impulsionar junto aos estudantes uma ampla campanha de atos e manifestações,
dentro e fora da universidade,
para expressar sua solidariedade aos trabalhadores e ao povo reprimido e assassinado e seu mais radical combate
contra a polícia.

Da mesma maneira, a Conlute
deve se pronunciar em defesa de outro direito democrático: o direito ao aborto. Devemos levantar bem alto a bandeira da luta contra a hipocrisia burguesa, que condena à morte ou a conviver com terríveis seqüelas as mulheres que são obrigadas a fazer abortos clandestinos em péssimas condições, na sua maioria trabalhadoras.
Bem como repudiar a reacionária campanha da Igreja, encabeçada por ninguém menos que Heloísa Helena, que fala em nome do “socialismo” , mas defende posições medievais e obscurantistas como esta. Chamamos o ME a travar este combate!

Precisamos avançar também na defesa do classismo no movimento estudantil, aportando para que os trabalhadores
recuperem a confiança em suas próprias forças, superando de vez as direções que apesar de falarem em seu nome, levam à frente uma política
de conciliação de classe, tal como são Heloísa Helena e o PSOL. Assim, a Frente de Esquerda não é uma alternativa
para os trabalhadores já que expressa um programa conciliador em função da hegemonia do Assim,
a Conlute tem que se pronunciar por uma verdadeira Frente Classista, que levante um programa de independência
política dos trabalhadores.

Por fim, o movimento estudantil
deve ser antiimperialista e levantar uma política de independência não só em relação aos governos burgueses de tintura nacionalista como Chaves, Correia e Evo Morales; mas também em relação às oposições burguesas que têm se enfrentado contra estes governos. Caso contrário, a corre perigo de terminar apoiando setores reacionários, como foi o apoio do PSTU ao movimento estudantil “esquálido” na Venezuela, composto em sua ampla maioria por filhos da burguesia golpista. Esta é uma lição que devemos nos apropriar: anti-governismo
sim, mas com uma posição classista.

Por um movimento estudantil antiburocrático, pró-operário e anticapitalista

Este ENE deve ser o marco da superação da política de privilegiar os acordos com o PSOL e a Frente de Luta contra a Reforma Universitária como se esta fosse a saída para o movimento. experiência mostra exatamente
o contrário. Na FLCRU, sempre
primou uma dinâmica burocrática de um falso “consenso” norteado pela política da APS e do MES. Esta política
precisa ser rompida já, na medida em que estas correntes se constituem hoje como uma nova burocracia estudantil,
que transforma as entidades estudantis em parte orgânica do regime
universitário e instrumentos de conciliação com as burocracias acadêmicas.

Submeter-se ao é na prática submeter-se à burocracia da UNE e não ajuda a construir a Conlute
como uma coordenação combativa
dos estudantes. Conlute deve impulsionar a luta por CA”™s e DCE”™s militantes e isso passa pelo combate contra a burocracia estudantil, seja governista
(UNE, PT e PCdoB), seja anti-governista, tais como o MES e a APS. Muitas vezes as entidades estudantis terminam sendo, para estes setores, escolas preparatórias rumo ao parlamento
burguês, destino de muitos “dirigentes” estudantis. Para acabar com o carreirismo destes setores, temos
que combatê-los politicamente e materialmente, lutando contra os privilégios
materiais (como os a salários) da burocracia estudantil.

É preciso lutar não apenas de maneira defensiva, como foram as lutas contra os ataques do governo Serra no caso da USP, ou contra a corrupção dos reitores, como no caso da UnB, mas pela radical transformação
da universidade. E isso significa o mais duro combate pela sua real democratização, que só será possível com o fim do vestibular, a estatização das universidades privadas e mais verbas para as universidades através do não-pagamento da dívida interna e externa. Para forjar a aliança operário-estudantil capaz de materializar este programa temos desde já que apoiar os setores de trabalhadores que saem a lutar, principalmente a juventude trabalhadora.

Isso se liga à necessidade de que o movimento estudantil trave também
uma luta ideológica dentro da universidade,
defendendo a liberação da ciência das amarras da propriedade privada, para colocá-la a serviço dos trabalhadores e o marxismo ferramenta
teórica de transformação da realidade.
Para responder a este desafio, propomos a todos os estudantes do ENE que lutemos para abrir Cátedras Livres de Marxismo que sejam verdadeiras
usinas de subversão revolucionária
dentro da universidade.

Para nós, do Movimento A Plenos Pulmões, esta é a via para a construção de um movimento estudantil que ultrapasse os muros das universidades e coloque
seu conhecimento a serviço dos trabalhadores; que faça luta ideológica
contra a academia burguesa; que se rebele contra o status quo que nos querem impor e contra toda a diplomacia
intelectual que não delimita campos entre os que estão a serviço do capital ou dos trabalhadores; que lute conseqüentemente contra a burocracia
estudantil e atropele-a a partir de uma ligação orgânica com a base estudantil nas salas de aula, impulsionando
a auto-organização e entidades militantes; que veja como não é possível
a luta por uma nova universidade sem lutar contra o imperialismo. Por fim, este é o movimento estudantil que queira resgatar o melhor do espírito
revolucionário e subversivo que já mostrou a juventude, questionando os valores capitalistas em todas as suas expressões na vida.

Chamamos todos os que simpatizam
com nosso projeto a atuar conosco no ENE e no Congresso da Conlutas, como parte de uma experiência
em comum para construir o Movimento A Plenos
Pulmões.

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