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Mulher

Debate "A mulher e o imperialismo" na PUC-SP

21 Mar 2007   |   comentários

Na terça-feira, dia 06/03, o Conselho dos Centros Acadêmicos realizou uma atividade sobre "A Mulher e o Imperialismo", com o intuito de abrir o debate acerca da questão de gênero em decorrência do Dia Internacional das Mulheres, data que coincide com a visita do Bush à São Paulo, o que coloca em pauta a discussão do imperialismo. Nesse contexto, foi discutido entre os centros acadêmicos que a atividade teria que servir pra propagandear o ato do 8 de março.

A mesa era composta por duas estudantes da PUC (Marina, da Ler-qi e Júlia do C-Sol / P-Sol) e a Mara do Hip-hop da Corrente Operária/P-Sol, mediada pela Joana da Psicologia (independente). A atividade foi pouco divulgada devido ao acúmulo de atividades preparativas para o dia 8 de março e a desorganização dos CA’s de conjunto, trazendo ao auditório cerca de 30 pessoas, majoritariamente da vanguarda do movimento estudantil. Apesar de esvaziada, a discussão foi bastante qualitativa, trazendo a tona um tema pouco debatido no movimento estudantil e na esquerda de conjunto.

A Marina foi a primeira a falar, a partir de uma abordagem teórica da questão da opressão da mulher desde suas origens, a partir de Engels e Trotsky, colocando um corte de classe entre a mulher burguesa e a mulher proletária. A questão de gênero é relacionada com o imperialismo à medida que a mulher é super-explorada pelas transnacionais (como no Wal-Mart), à medida que a guerra imperialista explora, tortura, estupra e assassina as mulheres, à medida que os planos imperialistas aplicados através das reformas do governo Lula vêm ameaçando os direitos da mulher e dos trabalhadores de conjunto. É levantada a questão do aborto, que não deve ser tratado apenas como um direito da mulher, mas um dever do Estado de garantir a sua gratuidade e segurança, citando a questão de Portugal, onde o aborto foi discriminalizado, mas ainda se mantém como um privilégio de mulheres abastadas. Contra a dupla jornada, a camarada friza a importância da existência de creches nos locais de trabalho e de estudo. A camarada conclui o seu discurso mostrando como na PUC a questão da opressão da mulher trabalhadora se faz presente no nosso cotidiano ao observarmos as trabalhadoras terceirizadas da faxina da PUC, que vivem em condições miseráveis, alegando que é em homenagem a estas mulheres e mulheres em semelhantes condições que devemos dedicar o 8 de março.

A próxima a falar foi a Júlia, que deu uma ênfase na questão da violência contra a mulher, levantando números que expressam a realidade da mulher brasileira. Segundo as estatísticas, uma mulher é espancada a cada 15 segundos e na maioria dos casos, isto se dá por autoria de seus próprios companheiros. De acordo com a primeira fala, é frizada a questão do aborto, hoje responsável por um número significativo de mortes de mulheres provenientes das classes mais baixas, que não têm acesso às clínicas e tentam praticar o aborto a partir de métodos caseiros ou não convencionais. Ela conclui a sua fala com críticas às reformas do governo Lula e à realidade da mulher trabalhadora.

Por último, a companheira Mara centra a sua fala na questão da mulher negra, que é duplamente oprimida e ocupa os postos mais precários de trabalho. A companheira resgata o histórico da mulher brasileira, que passa de escrava pra trabalhadora super-explorada, demonstrando a opressão histórica que vive a mulher negra nessa sociedade racista e machista. Ela retoma a questão das mulheres do Haiti, ligando à discussão com o imperialismo.

As intervenções foram bastante qualitativas. A Mariana da SR/P-Sol fez uma fala sobre a violência da mulher e da situação da mulher trabalhadora. A Miriam da LER-QI fez uma fala polemizando com o P-Sol e com o PSTU, que particparam da Frente de Esquerda, cuja candidata presidencial e principal figura pública da frente, Heloísa Helena, se declarou publicamente ser contrária à legalização do aborto e apoiou o Super-simples, uma medida que ataca os direitos de tod@s trabalhador@s de pequenas e médias empresas. Não houve resposta por parte das militantes do PSTU e do P-Sol presentes na atividade.

A atividade concluiu com um chamado a tod@s a compor o Bloco Feminista Classista no 8 de março, em defesa da mulher trabalhadora que luta contra o imperialismo. Outra resolução importante do debate é a proposta da construção de um coletivo de mulheres da PUC, que dê continuidade ao debate sobre gênero e classe, a partir do estudo teórico e de lutas concretas da mulher trabalhadora.

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