Segunda 29 de Abril de 2024

Movimento Operário

ENCONTRO LATINO-AMERICANO E CARIBENHO DE TRABALHADORES

Construir um Encontro democrático para unificar os setores antigovernistas e antiburocráticos da América Latina

11 Dec 2007   |   comentários

A Conlutas convoca o Encontro Latino-americano e Caribenho de Trabalhadores, a realizar-se nos dias 7 e 8 de julho de 2008, em Betim, Minas Gerais. A Central Operária da Bolívia (COB), a Batalha Operária (Haiti) e a Tendência Classista e Combativa (corrente sindical do Uruguai) assinam o chamado ao Encontro.

Chama a atenção que a burocracia da COB seja convocante, mas não as organizações representativas do processo antiburocrático e antigovernista que marca os últimos anos de luta na América Latina. Cadê o processo antiburocrático e combativo da Argentina, que tem grandes expressões como o Sindicato dos Ceramistas de Neuquen, posto avançado do movimento de fábricas ocupadas e sob controle operário, as diversas comissões de fábricas e corpos de delegados eleitos como parte de um combate antiburocrático no Metró, Estaleiro Rio Santiago e diversas fábricas e empresas, e as oposições sindicais na CTA e ATE? Da Venezuela não deveríamos ter como convocantes os operários da Sanitários Maracay, que lutam contra o governo Chavez e a patronal pelo controle da fábrica, e os setores antiburocráticos que reúne diversos sindicatos na C-Cura? E os novos sindicatos organizados na Bolívia, que muitas vezes se vêem abandonados pela COB?

A partir de uma discussão democrática no interior da Conlutas, o que não ocorreu na preparação do Encontro que se convoca, trata-se de discutir como unificar esses sindicatos, organizações e ativistas que em diversos países da região enfrentam os governos e as burocracias sindicais, convocando-os a construir um democrático, combativo e unitário Encontro que realmente expresse a unidade dos setores antigovernistas e antiburocráticos da América Latina. A partir dessa vanguarda sindical organizada a nível internacional seria possível ter uma política para desenvolver uma coordenação internacional ativa e combater as centras sindicais governistas, burocráticas e conciliadoras a CGT e a CTA argentinas, a COB, a CUT, dando primeiros passos na luta por uma unificação classista da maioria dos operários latino-americanos.

Total independência perante os governos burgueses

A convocatória divulgada pela Conlutas deixa claro que o caráter do Encontro, tal como ele está sendo organizado, está definido pela oposição aos governos “neoliberais” e ao imperialismo em geral. A convocatória fala “contra o imperialismo” , “a burguesia” e os “governos lacaios” , aos quais pode-se enquadrar, a depender dos conceitos de cada um, governantes como Lula, Bachelet (Chile), Preval (Haiti), Uribe (Colómbia), Calderon (México), entre outros. A luta pela total independência política das organizações operárias perante os governos burgueses de todos os países não é colocada como parte dos objetivos do Encontro. Se fosse, a participação da COB no encontro deveria estar ligada a uma exigência de que esta central mobilize as massas bolivianas para enfrentar a direita fascista que levanta a cabeça neste país; e a uma denúncia que isso não acontece a direção da COB prefere se subordinar à linha “pacífica” e conciliadora de Evo Morales (considerado “antineoliberal” assim como Chavez na Venezuela) em suas negociações com a burguesia. O primeiro passo no reagrupamento desse novo movimento operário que começa a surgir na América Latina exige princípios claros de independência de classe e não manobras organizativas que acabam embelezando parte da burocracia sindical que apóia os governos de conciliação de classes na América Latina.

Artigos relacionados: Movimento Operário , Internacional









  • Não há comentários para este artigo