Palavra Operária

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Nós, trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da empresa UNIÃO, que presta serviços de limpeza em dezenas de unidades da Universidade de São Paulo, viemos por meio desta carta agradecer a todos os estudantes que se sensibilizaram com a nossa luta e com as condições de trabalho a que somos submetidos através da terceirização. Com esta luta aprendemos que os trabalhadores organizados podem conquistar os seus direitos e fazer coisas que nunca imaginamos fazer. Dos corredores da universidade, de cabeça baixa passamos às salas de aula de cabeça erguida, nos dirigimos a centenas de estudantes e professores para contar sobre a nossa luta. Fizemos passeatas e atos de rua. E foi quando centenas de estudantes se levantaram de suas carteiras, que nossa luta conseguiu ter um novo horizonte.

É por isso que a ajuda dos estudantes foi fundamental para conquistar as nossas reivindicações. Primeiro o apoio daqueles que logo no primeiro momento se colocaram ao nosso lado. Daqueles que acordavam às 5h da manhã para nos acompanhar nos piquetes. Os que organizaram festas e passagens em salas de aula para arrecadar fundo de greve. Mas também os que choraram ouvindo nossas histórias e situações humilhantes de trabalho. Os que não nos percebiam, e a partir da sujeira começaram a nos dar ouvidos. Agradecemos enormemente aos que construíram um Comitê de Luta Pela Efetivação dos Terceirizados. Isto tudo é também resultado de nossa luta, de como a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da limpeza conseguiu ser explosiva, e adentrar nos corações e mentes de tantos estudantes.

Agora, com parte de nossas reivindicações imediatas alcançadas, precisamos continuar lutando. A força dos estudantes, da chamada "aliança operária-estudantil" como muitos de vocês diziam em suas falas, precisa prevalecer. A melhor forma de fazer isso é ser parte de uma grande luta contra a terceirização, e pela efetivação de todos os trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas sem necessidade de concurso público, para dar uma resposta definitiva a este problema. Muitos de nós não estaremos mais na USP, quem sabe um dia voltemos, mas estamos certos de que deixamos uma profunda marca nesta universidade: de que não é possível estudar, dar aulas ou trabalhar numa USP baseada no trabalho semi-escravo. Chamamos os estudantes a não esquecer disso, nós não esqueceremos.

Trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da empresa UNIÃO (USP)
25 de abril de 2011

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