Domingo 28 de Abril de 2024

Movimento Operário

Balanço das eleições do Sintusp e perspectivas

11 Dec 2007 | A Chapa 1 - “Sempre na Luta Piqueteiros e Lutadores” - venceu as eleições com uma esmagadora maioria de 74%, contra míseros 16% da chapa 2 do PSOL e 10% da chapa 3 do PT. Queremos fazer um debate com os trabalhadores da USP sobre o balanço dessas eleições, principalmente com aqueles que se reivindicam classistas e combativos e apoiaram a chapa 1, colocando algumas tarefas que propomos levar à frente.   |   comentários

Os trabalhadores rechaçaram as chapas do governo e dos pelegosOS TRABALHADORES RECHAÇARAM AS CHAPAS DO GOVERNO E DOS PELEGOS

Em sua grande maioria, os trabalhadores sindicalizados do SINTUSP rechaçaram a chapa que apóia o governo Lula que segue aplicando os mesmos planos neoliberais do governo de FHC e suas leis antioperárias, como mostra o ataque recente ao direito de greve dos servidores públicos. Rechaçaram também a chapa 2 do PSOL que vota ataques aos trabalhadores como o Supersimples, e na categoria sempre se colocou contra nossas medidas mais radicalizadas de luta.

Os trabalhadores da USP castigaram as correntes antioperárias que apóiam diretamente ou colaboram com o governo e deram seu apoio à chapa combativa da atual diretoria, a qual se somou o companheiro Brandão, reconhecido dirigente de nosso sindicato, como forma de expressar a necessidade de lutar e nos organizar contra o governo de Lula e do PT.

Como LER-QI, fizemos campanha de apoio à chapa 1 que finalmente ganhou as eleições, mas sem escondermos as diferenças que temos com o grupo majoritário da chapa Piqueteiros e Lutadores. Assim como no processo eleitoral, continuaremos defendendo e buscando convencer os trabalhadores da USP dessas posições porque achamos que contribuem para que nossa categoria se fortaleça para combater os nossos inimigos: a burocracia acadêmica, sindical e os governos.

Unidade de todos os trabalhadores para fortalecer a categoria!

Apesar do que a votação dessas eleições expressou de positivo, se expressou uma debilidade incontestável. Somente 18% dos trabalhadores efetivos votaram, e uma porcentagem ainda menor (12%) reconhece a nova chapa como representante legítima da categoria.
Enquanto na USP somos 19 mil trabalhadores entre efetivos, terceirizados e precarizados, apenas 14% dos trabalhadores votaram.
A precarização e a terceirização corroem cada vez mais nossos postos de trabalho e direitos. Longe de ser um processo restrito à universidade, é parte de uma ofensiva da burguesia mundial que ataca nossas condições de trabalho para melhor competir no mercado mundial. Com isso, também enfraquecem as organizações operárias com a divisão dos trabalhadores.

A única forma de combater à altura os ataques da burocracia acadêmica, da burguesia e dos governos será se nossa categoria se torna um exemplo para os trabalhadores de todo o país, mostrando que é possível unir as fileiras operárias (efetivos, precarizados e terceirizados), superando a divisão que a burguesia e seu Estado querem nos impor.

Devemos lutar para que nosso sindicato seja uma ferramenta expresse a unidade de nossa classe. Neste sentido, propomos como tarefa fundamental da nova diretoria impulsionar uma ampla campanha pela incorporação dos trabalhadores precários e terceirizados, campanha na qual nos dispomos a estar na linha de frente.

É necessário organizar a nossa categoria de baixo para cima!

Foi uma importante conquista impedir que os governistas e o PSOL ganhem o SINTUSP. Porém, devemos ter claro que frente aos inimigos que temos que combater, não basta ter uma diretoria combativa. Para preparar as próximas lutas num patamar superior, é fundamental que façamos cumprir o programa da chapa que defende a criação de comissões por local de trabalho. Precisamos forjar uma nova camada de ativistas nas unidades que junto ao sindicato possa organizar o conjunto dos trabalhadores.

Nesse sentido, propomos levar à frente conjuntamente a tarefa de organizarmos comissões de representantes eleitos nas unidades, onde estejam representados os trabalhadores efetivos, precarizados e terceirizados. Para nós, essas comissões, junto à atual diretoria, seriam uma direção mais forte e representativa dos trabalhadores da USP, pois representaria diretamente o conjunto dos trabalhadores e, em especial, os setores mais explorados de nossa classe como os precarizados e terceirizados, que infelizmente a maioria dos sindicatos em todo o país dão as costas.

Devemos lutar para que essas comissões organizem os trabalhadores mais combativos das unidades e discutam uma resposta a todos os problemas dos trabalhadores e não da chefia! Pois nenhum diretor e os inúmeros chefetes estão preocupados em defender uma universidade que atenda aos interesses dos trabalhadores e de maneira nenhuma se preocupam com os problemas de segurança, insalubridade, periculosidade, contratação de funcionários, enfrentamento dos casos de assédio moral e perseguições políticas que ocorrem nas unidades.
Propomos também que nas unidades de ensino estas comissões se liguem diretamente ao movimento estudantil combativo, pensando conjuntamente como organizar um plano de lutas.

Alguns companheiros poderão dizer que o Conselho de Diretores de Base cumpre esse papel. Nossa opinião é de que não, pois o CDB é somente dos associados do sindicato, que já vimos como é uma minoria da categoria, além do esvaziamento e falta de uma dinâmica efetiva desse organismo que é visível para todos os trabalhadores.

É necessário impulsionar uma forte campanha contra a repressão!

A ocupação e a greve da USP se tornaram um exemplo para os lutadores de todo o país. Por isso, depois do governo Serra demitir 61 lutadores do Metró, quer agora, junto à reitoria, punir os lutadores que se puseram em defesa da universidade para tentar inibir futuras mobilizações.

Por isso, mesmo assinando um acordo que garantia não haver punições pela greve e a ocupação, a reitoria e a burocracia acadêmica vêm perseguindo e punindo trabalhadores que estiveram na linha de frente da greve e da ocupação, como a companheira Patrícia que trabalha na reitoria. Vários diretores do Sintusp estão sendo processados e perseguidos. Estudantes que estiveram à frente da ocupação estão sendo chamados para depor. Não podemos aceitar nenhuma punição! Se atacam um, atacam todos! Organizemos já um comitê contra a repressão unificado que exija da reitoria que cessem todas as punições e sejam retirados todos os processos aos lutadores imediatamente!!!
Chamamos o Sintusp a estar na linha de frente dessa campanha e a lutar para que se generalize numa campanha nacional contra a repressão, convocando uma ampla frente única com o Fórum das Seis, ativistas da Conlutas, organizações combativas e intelectuais em defesa dos lutadores da USP e de todo o país.

Não podemos conviver pacificamente com os burocratas sindicais!

Nessas eleições concorreram chapas diretamente governistas e burocráticas na chapa 3 e colaboracionistas como o PSOL. Nossa opinião é de que a falta de debate político nessas eleições só favoreceu a esses setores e perdemos uma excelente oportunidade de melhor preparar os trabalhadores para combater nossos inimigos de classe, que não estão somente no parlamento e nos altos mandos da reitoria, mas que também estão dentro da nossa classe.

Foi isso que ficou demonstrado pela chapa 3, que têm membros como Bezerra que já recorreram à justiça burguesa contra o sindicato e certamente o fariam de novo e da qual participam setores como Regina que convida para as assembléias de trabalhadores dirigentes da Força Sindical ligados até a medula aos patrões e ao governo.

Nossa posição é de que não podemos mais aceitar a convivência pacífica entre setores combativos e pelegos dentro de nosso sindicato e chamamos os companheiros da nova diretoria a começar a forjar uma nova tradição. Travemos juntos uma luta política intransigente para que os trabalhadores não tenham a menor confiança nestes burocratas traidores.

Porém, se não foi uma surpresa a Chapa 3, a chapa 2 também chegou ao absurdo de trazer “bate-paus” do RJ que não se atreveram a agir somente pelo tamanho do massacre nas urnas. O pior é que esses setores do RJ são parte da Conlutas, que havia declarado apoio público à chapa 1. Não podemos aceitar que dentro da Conlutas seja utilizado esse método contra os setores combativos. Isso ultrapassa qualquer patamar mínimo necessário de princípios que é necessário ter para fazer parte de uma mesma coordenação de lutas. Propomos que o Sintusp abra essa discussão na Conlutas para que possamos de fato construir uma coordenação que supere a burocracia cutista.

Pablito é trabalhador precarizado da USP

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