Segunda 20 de Maio de 2024

Internacional

PREMIAM OBAMA

As guerras do Nobel da Paz

22 Oct 2009 | O premio Nobel da Paz a Barack Obama surpreendeu todo mundo, inclusive ele que aceitou o premio mas se apressou em dizer, como se fosse necessário aclarar, que não tem méritos no que se refere à paz, e que não o entende como um reconhecimento a seus méritos, “mas uma afirmação da liderança norte-americana...”. Afirmação esta, “sensata” se considerarmos apenas as duas guerras em curso entre os Estados Unidos e o Iraque e o Afeganistão.   |   comentários

Prêmio pela paz a presidente em guerra

Após oito anos de governo republicano, que danificaram seriamente a imagem dos EUA pelo mundo afora, a chegada de um governo democrata (encabeçado por um negro) gerou grandes expectativas. Estas expectativas não foram alimentadas sozinhas, mas pelas promessas de mudança que mais cedo ou mais tarde terminaram se chocando com a realidade: Obama não terminou com a guerra... no entanto o premiam pela paz.
Foi entregue o prêmio pela paz a um presidente em guerra, que continua, financia e reforça a empreitada inaugurada por George Bush em 2001 (que já havia respaldado enquanto senador votando a favor dos enormes orçamentos militares). Obama recebeu um premio pela paz após ter aumentado o orçamento para a guerra e de haver enviado 21,000 soldados a mais (aos que se acabam se somar mais 13,000) para fortalecer a “ocupação” imperialista no Afeganistão, onde os militares e mercenários norte-americanos são acusados permanentemente de abusos e assassinatos. No Iraque, apesar da promessa de retirada das tropas, grande parte dos soldados continuará aí até 2011 e os EUA continuaram intervindo na política do país.
Galardoa-se a continuidade das piores e mais odiadas instituições do governo Bush: Guantanamo e a tortura. É fato que Obama decidiu (e anunciou) o fechamento de Guantanamo, no entanto, a prisão famosa pela violação dos direitos humanos continua aberta e funcionando. È fato que Obama proclamou a proibição da tortura nos interrogatórios de pessoas suspeitas de terrorismo, porém se nega a julgar os torturadores e dessa forma outorga impunidade aos agentes da CIA, militares e o próprio governo de Bush que ordenava as torturas.
Galardoa-se a um presidente que em Honduras, em nome da democracia e com um duplo discurso legitimou nos fatos, mediante sua política de “dialogo” , o regime golpista. Apesar de alguns gestos, os EUA nunca retirou seu embaixador Hugo Llorens, que continua participando de todas as reuniões públicas e secretas para chegar a um acordo que contemple a impunidade dos que perseguiram e assassinaram.
Galardoa-se a um presidente que, para além de seus gestos de “bom vizinhança” , mantêm a agenda de dominação imperialista sobre nosso continente: acordou com o governo de à lvaro Uribe a instalação de sete novas bases militares na Colómbia, e mantêm o criminoso bloqueio de Cuba apesar de anunciar ter levantado restrições a viagens e remeça de dinheiro.

Boas intenções?

Muitos dizem que o Nobel foi outorgado por suas boas intenções, que Obama que mas não pode, não o deixam... mas, trata-se de um homem de boas intenções rodeados de falcões (que ele próprio elegeu para se gabinete)? É importante lembrar que Obama foi quem manteve Robert Gates como secretário de Defesa, o mesmo cargo que Bush lhe havia designado durante seu governo.
Milhões nos Estados Unidos e no mundo repudiaram Bush e o imperialismo norte-americano, especialmente suas guerra. O establishment político aprendeu e apostou em lhe dar um novo rosto a suas aspirações de dominação no mundo convulsionado e às portas de uma importante crise económica.
Por isso Obama contou com o apoio das grandes empresas e bancos (que lhes foi devolvido com o resgate financeiro); é também por isso que foi apresentado pelos meios internacionais como o símbolo de uma nova etapa de dialogo e diplomacia milti-lateral, em contraposição a Bush.
Por isso, as esperanças que a chegada de um negro à Casa Branca gerava foram cinicamente aproveitadas e se ergueu a figura de Obama como o “presidente mudança” para recompor o golpe a hegemonia norte-americana.
À serviço desses objetivos estão as iniciativas como, os denominado dialogo com o Iraque, o desarmamento do escudo anti-mísseis na Polónia ou a disposição para o dialogo com a Coréia do Norte.
Se as intenções não são boas, dizem outros, foi um erro da fundação Nobel. Pensemos nos que vieram antes de Obama: Woodrow Wilson, o presidente norte-americano que levou os EUA à Primeira Guerra Mundial; ou um antecedente muito pior, o ex Secretário de Estado Henry Kissinger, premiado por “negociar a paz” com o Vietnam, após ter pessoalmente planificado os bombardeios contra o Camboja, apenas para nomear alguns exemplo da longa lista de guerras e assassinatos perpetrados pelos EUA. O premio abandona a idéia de que se possam bombardear cidades, assassinar milhões de pessoa em nova da paz, a democracia e até a “guerra contra o terrorismo” e ser galhardeado pela paz. E é dessa forma que o Nobel funciona (novamente) como instrumento político para legitimar a busca dos Estados Unidos de impor suas inspirações imperialistas.

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