Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Polícia mata trabalhadora da USP

A ditadura da burguesia faz mais uma vítima

24 Feb 2007   |   comentários

No dia 21/2, a mídia burguesa paulistana noticiou que a polícia matou mais uma trabalhadora. Na São Remo, favela vizinha à USP, a polícia ficou intimidada com os ovos que as crianças jogavam numa brincadeira de carnaval e que acertavam o carro de polícia, e matou uma mulher tentando dispersar a multidão. Este é mais um crime da polícia.

Não faltam deputados, empresários, juízes, comentadores na televisão, pastores e padres que tentam nos convencer que uma coisa necessária para resolver a “falta de segurança” é ter mais polícia, mais presídios, pena de morte, redução da maioridade penal. Não ter nenhuma “tolerância” aos pequenos crimes porque eles alimentam os grandes, ou seja não deixar nenhum ladrão de galinhas ficar impune. Enquanto isto todos mensaleiros, sanguessugas, Collor, Maluf, o filho do juiz que queimou um índio em Brasília, os empresários que reduziram os custos na obra do metró e mataram sete pessoas, o governo de Serra/Lembo/Alckmin responsáveis por este crime, andam todos soltos. O remédio da tolerância zero é só para nós trabalhadores.

Tentam nos convencer de que se tivéssemos muito mais polícia, nos livraríamos rapidinho de assassinos como os do menino João Hélio no Rio e haveria menos violência. O que aconteceu anteontem na São Remo é mais uma prova da mentira que nos contam. Lá havia ampla cobertura policial, tratou-se os menores com veemência, não foi tolerada nenhuma atividade, por menor que fosse, como uma brincadeira de carnaval. O resultado: uma trabalhadora terceirizada da USP morta.

Outra mostra da mentira do argumento que tentam nos dar é que ele ignora completamente as causas da violência. Ignora completamente que o Estado não garante as mínimas condições de vida, não há educação, saúde decentes. Com poucas perspectivas, os jovens são jogados nas mãos do tráfico e do crime organizado. E esta situação, ao contrário de todo barulho, é em certa medida boa para os empresários. Enquanto a violência correr solta na favela, a organização contra os empresários será menor, e ainda por cima, os sobreviventes servirão de mão-de-obra barata.

A justiça não está do nosso lado

O policial responsável pagou fiança e responderá em liberdade. E a justiça, se é que este crime chegará tão longe, com certeza o inocentará, como isenta e coloca em liberdade todo grande criminoso do país, os empresários e seus crimes cotidianos nas fábricas e canteiros de obras, os desvios milionários dos impostos como o da boutique Daslu, os caixas-dois e mil-e-uma falcatruas, os fazendeiros que matam sem-terra e ecologistas como a missionária no Pará, todos estes tem um futuro garantido: a justiça está de seu lado. E mesmo que condenem este assassino de farda, o resultado será mais viaturas com mais policiais assassinos rondando a favela, tudo isso com o discurso mentiroso de que “estamos cuidando das maçãs podres” .

Enquanto isso, nos permitem votar em alguns deputados - que quase sempre são empresários, bancados pelo dinheiro tirado do nosso trabalho ’ deixam o grosso do poder completamente fora de nosso controle. Quem controla o que acontece numa fábrica, numa fazenda, a não ser seus donos? E quem julga os “abusos” ? A justiça, tentam nos falar que é algo livre, onde a verdade vence. E de fato ela é livre. Livre para que a verdade sempre esteja do lado dos empresários, que seus argumentos sejam sempre melhores que os dos trabalhadores, livre para inocentar cada mensaleiro, livre para inocentar cada crime de colarinho-branco e cada filho de burguês e juíz que mate índio, mendigo, negro, trabalhador. Se não bastasse a justiça, os empresários e seus deputados, seus inspetores nas fábricas, eles ainda têm a polícia para garantir a segurança. Segurança que é a deles e não a nossa.

Todo grevista, todo jovem que luta, todo sem-terra e sem-teto, todo morador de favela e trabalhador que já tomou uma geral sabe que a polícia serve para o burguês e o governo terminarem as mobilizações, acabar com os piquetes, manifestações, ocupações e atacar os trabalhadores. Foi isto que a polícia fez na São Remo e é isto que os empresários, políticos, comentadores da TV, pastores e padres querem que nos acostumemos. Querem usar o tráfico, o PCC, o menino João Hélio para que se multiplique a polícia e as punições aos trabalhadores, que além de tudo ainda têm que sobreviver ao crime organizado. Se nossos filhos e vizinhos roubarem uma galinha que apodreçam na prisão, se o crime organizado mata um filho de trabalhador, ninguém move uma palha, se nos organizarmos com greves e ocupações seremos desalojados, espancados, presos e depois ainda demitidos com a ajuda dessa mesma polícia. Quando eles matam, roubam, se organizam em seus partidos, para planejar como nos roubam retirando o direito à aposentadoria, licença maternidade, estão exercendo sua liberdade e não devem sofrer nenhuma restrição. Exercem a liberdade de tirar a nossa liberdade.

A liberdade e democracia que temos é a liberdade e democracia dos burgueses. Garantida pela organização deles em seus partidos, em suas federações da indústria, com seus deputados, juízes e a polícia. A polícia é o último instrumento que eles têm para nos calar. Quando os seus intelectuais, parlamentares, juízes, sindicalistas pelegos, pastores e padres não conseguirem que nos acostumemos com “o mundo como ele é” , a polícia garante à força nosso respeito a este mundo que serve aos burgueses e não a nós trabalhadores. Criaram uma força para garantir a ordem, a polícia e suas armas que estão completamente separadas da população. A polícia e suas armas estão voltadas contra a população. Não vivemos numa democracia, vivemos numa ditadura da burguesia.

Punição dos culpados!

Nós trabalhadores precisamos nos organizar para investigar cada crime e punir exemplarmente este assassino e todos envolvidos neste crime. Precisamos fazer com que cada partido, organização, sindicato, central sindical, associação de bairro, associação de direitos humanos que afirma estar do lado dos trabalhadores denuncie os crimes que a burguesia e a polícia comete contra nós trabalhadores. Cada enterro de uma pessoa morta pela burguesia e sua polícia tem que ser um ato contra esta ditadura. Precisamos nos organizar para nos proteger contra a polícia e outros bandidos, nós sabemos quem é assassino, quem é culpado e quem não é. Saberemos como fazer para ter segurança em nossos bairros e nas fábricas, com nossa organização e defesa e não com a polícia.

A burguesia parte de cada morte, de cada crime para tentar nos atacar de conjunto, sua organização extrapola cada empresa e chega até a justiça e a polícia, nós trabalhadores precisamos fazer o mesmo. Precisamos nos organizar em um partido revolucionário que vá muito além de cada bairro, de cada sindicato, que sirva para derrubar os interesses da burguesia em cada fábrica, em cada bairro. Temos que acabar com esse parlamento, tribunais e a polícia que servem aos nossos inimigos. Tomar as fábricas, empresas e fazendas, para que sirvam a todos e não para o lucro de um punhado de empresários que nos exploram, torturam e matam a cada dia.

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