Domingo 28 de Abril de 2024

Juventude

UNIVERSIDADE

8 anos de governo Lula na educação: privilégios para o setor privado e precarização do ensino público!

12 Aug 2010   |   comentários

Lula se utiliza de sua popularidade para falar aos “quatro cantos” que hoje vivemos uma “Revolução na Educação” no Brasil. É um dos principais carros chefes dos comícios de Dilma para o pleito eleitoral. Entretanto, a política do PT de Lula conserva a estrutura privada do ensino superior e mantém ainda um ensino básico precário. Diferente de Serra e os demo-tucanos que enchem a boca ao falar de privatizações, o PT vende o lado social de políticas como ProUni, mas esconde que seus principais fundamentos estão em manter os lucros dos capitalistas da educação.

Os 8 anos de governo Lula na educação mantém como princípio as diretrizes do imperialismo elaboradas no Plano Bologna em 1999, em reduzir os centros de excelência para os quadros de uma “elite econômica pensante”, pulverizando o restante do ensino superior para o restante dos trabalhadores e da população pobre, na formação de uma mão de obra semi qualificada capaz de se readequar ao desenvolvimento econômico de forma mais rentável para a extração de mais valia [1]. Ao mesmo tempo, que impõe novos mecanismos para manter os monopólios no ensino superior privado frente à crise econômica, como o EaD e o empréstimo de R$1 bilhão [2] do BNDES para as IES [3], na tentativa de conter a evasão de estudantes, onde o setor privado era responsável por 98% das vagas ociosas em 2009. Além disso, a atual fase da crise, e o endividamento do Estado Brasileiro, após o resgate de Lula dispondo mais de R$300 bilhões para salvar os capitalistas, demonstram uma tendência agravante no orçamento da União, onde em 2006 o quadro representava R$23 bilhões destinados para área educacional contra mais de R$176 bilhões para os encargos da dívida pública.

Revolução na educação?

A base de propaganda do governo está em divulgar que houve um aumento nas vagas presenciais na graduação com a criação do Reuni. Sem entrar na análise em relação a qualidade de infra-estrutura e ensino, isso significou um aumento de 106, 8 mil vagas em 2003 para 195, 3 mil vagas em 2009. De fato, num país onde a regra era o jovem pobre passar longe de um curso universitário esses dados aparentam uma melhora, entretanto, quando observamos mais profundamente a situação da Universidade, não há duvida que o seu caráter permaneça sendo elitista e racista.

O governo FHC terminou seu mandato com 9% dos jovens (18 a 24 anos) matriculados no ensino superior e com a proliferação anárquica das universidades privadas. Mesmo com o PNE [4] estabelecer uma meta de 30% dos jovens matriculados, o descaso com a educação começa aparecer quando atualmente vemos que a previsão para o término do mandato de Lula conta com apenas 14% de matriculas.Desse total de matriculados, mais de 75% estão em universidades particulares, que mostra que Lula e o PT mantiveram os monopólios como o Grupo Anhanguera( que conta com um patrimônio líquido atual de R$973 milhões, por ano possui uma receita líquida de R$115 milhões e especula suas ações na bolsa de valores) à custa das milionárias mensalidades pagas pelos estudantes e da isenção de imposto promovida pelo Prouni.

O vestibular separa os ricos dos pobres!

Os recentes resultados do ENEM 2009 demonstram que na educação básica a situação é inversamente proporcional a educação superior. É sensitiva a falta de investimento ao ensino público quando no ranking das escolas a imensa maioria é privada. O 1º colocado é o colégio Vértice de São Paulo, que no 3º ano do Ensino Médio possui uma mensalidade de R$2700 reais, quase 6 vezes mais que o salário mínimo.

O novo ENEM criado por Lula, portanto, para nada muda essa realidade, já que os vestibulares das principais universidades do país ainda selecionam suas vagas separando os ricos dos pobres. Daqueles que podem ter uma condição preparatória estudando num Colégio como o Vértice, dos outros, filhos de trabalhadores, que são obrigados a estudar numa escola pública sem nenhum tipo de investimento, professores com salários baixos e uma infra estrutura precária.

O pacote da “autonomia do capital” nas Universidades Federais.

E meio a campanha eleitoral para Dilma, Lula, termina seu mandato com um novo pacote para as IFES [5] , tentado remediar o que o Reuni causou- um relativo aumento de vagas com expansão precária- gerando vagas ociosas, falta de infra-estrutura e ausência de professores. O novo pacote desenvolve o fortalecimento das fundações privadas no interior dos campi para tentar resolver questões como a assistência estudantil, as obras não concluídas e o financiamento de pesquisas, liberando o Estado desse papel e concedendo ao capital a autonomia de gerir a Universidade.

Lula promove mais esse ataque dizendo para todos que é uma medida importante para garantir a autonomia universitária, porém esconde que a “autonomia” de permitir a iniciativa privada dentro da universidade significa os investimentos tendo como base de plataforma o lucro, sem nenhum tipo de preocupação com o conhecimento. As determinadas fundações que tiverem as licitações nos campi atuarão a seu bel prazer, precarizando ainda mais o trabalho com terceirizações, moldando os currículos para os interesses do mercado e avançando em medidas privatizantes dentro das unidades.

A maneira truculenta de Serra e os Demo-tucanos privatizarem a universidade!

Diferente de Lula, que impõe o projeto burguês na educação com um sorriso no rosto e conquistando a todos com seu falso discurso, Está Serra e os demo-tucanos, com os generais da PM ao lado. Explicitam totalmente suas intenções de precarização da qualidade do ensino, quando Serra ao assinar o decreto de criação da Univesp [6] , afirmou sarcasticamente: "Eu mesmo tenho o pé atrás (com a educação à distância). Vendo TV, fico me perguntando se dá mesmo para aprender" [7].

Não à toa Serra e Alckmin evitam em debater o tema educação com o PT, pois por uma lado compactuam do mesmo princípio e por outro tem no Estado de SP um péssimo exemplo de sua política onde são conhecidos pela privatização e repressão. Como foi visto na greve dos professores do 1º semestre e mais recentemente na USP, onde Serra não possui facilidade para implementar tais medidas. A combatividade dos trabalhadores da USP e das estaduais e suas batalhas de classe vêm sendo um fator determinante para conter o avanço da política privatizante e é por isso que Serra escolheu a dedo seu reitor, Rodas, que tem como objetivo principal acabar com o SINTUSP, perseguindo todos seus lutadores com diversos processos contra ativistas e membros do sindicato, mantendo a demissão a Brandão [8] e agora através das chefias de unidade punindo a companheira Patrícia que participou ativamente na greve do 1º semestre.

[1Diferença entre o valor produzido do trabalho e o salário pago ao trabalhador. Sendo a base de lucro dos patrões no capitalismo.

[2Protocolo de atuação conjunta nº 01/2009.

[3Instituições do Ensino Superior.

[4PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

[5Instituições Federais do Ensino Superior

[6Universidade Virtual do Estado de São Paulo

[7José Serra na assinatura do decreto de criação da Univesp em 09/10/2008.

[8Dirigente sindical do Sintusp e militante da LER-QI, Demitido político desde 2008.

Artigos relacionados: Juventude









  • Não há comentários para este artigo