Segunda 29 de Abril de 2024

Internacional

100 DETIDOS E UMA DEZENA DE FERIDOS EM SIDOR

Venezuela: Pelo triunfo da greve dos trabalhadores da Sidor

15 Mar 2008   |   comentários

Após o fracasso da reunião de 12/3 entre a empresa Ternium Sidor (do grupo argentino Techint) e do Sutiss (Sindicato dos trabalhadores), os operários resolveram paralisar toda a fábrica, inclusive antes que o próprio sindicato o indicasse formalmente. A raiva dos trabalhadores é tão grande que não esperaram a resolução da direção do sindicato, e que logo se propós 80 horas como primeira ação de uma série de paralisações escalonadas.

No dia 13/3 se tentou montar uma nova manobra por parte do ministro do Trabalho, José Ramón Rivero, para desmontar o conflito, querendo chamar um referendo nos portões da empresa nas costas do Sindicato, que foi rapidamente desmontada pelos próprios trabalhadores. No dia 14/3 os trabalhadores sofreram uma forte repressão por parte da Guarda Nacional com bombas lacrimogêneas, balas de borracha, entre outros, com um saldo de aproximadamente 100 trabalhadores detidos dentro da empresa, outros 12 detidos na delegacia, assim como oito feridos a bala e 2 a bala de borracha. Ante esta repressão os trabalhadores gritavam indignados “Onde está o socialismo do governo?” .

Nos poucos meses deste ano de 2008, o Sutiss convocou 5 greves que somam 160 horas de paralisação aos mais de 13.500 trabalhadores (4500 fixos e 9000 terceirizados) do aço e das empresas contratistas. Nesta luta não faltam mobilizações espontâneas de trabalhadores, como a do dia 4/3 com ações de rua nas cidades de Porto Ordaz, que culminou na repressão por parte da Guarda Nacional. Tampouco faltou iniciativa dos trabalhadores que no último dia 6/3 impuseram ao próprio sindicato a greve de 24 horas frente à suspensão das negociações, já que o sindicato não dava respostas. Cruz Hernández, delegado sindical de base detido e ferido na repressão de hoje, relatava ao início da greve que “os trabalhadores resolveram levar esta ação frente à intransigência da empresa em se negar a atender as exigências feitas” .

Logo após 13 meses de se ter iniciado a discussão da Convenção Coletiva, a empresa Ternium Sidor segue ignorando os direitos dos trabalhadores, postergando indefinidamente a negociação. Desta maneira reitera sua negativa em reconhecer as demandas fundamentalmente em matéria de salários, oferecendo miseráveis aumentos, que em nada compensa as perdas salariais.
A multinacional, após 10 anos de regime escravista desde a privatização da empresa, continua enchendo os bolsos com lucros multimilionários que os próprios trabalhadores. Sidor somente propós um aumento salarial diário de 42 bolívares fortes, sob a forma de 22 BF à firma e duas alíquotas de 10 bolívares durante a vigência da convenção coletiva em janeiro de 2009 e janeiro de 2010; 1.5% por reconhecimento mais um bónus de 13.000 BF como compensação pelos 22 meses sem receber benefícios económicos, entre outras ofertas. Esta proposta foi rechaçada pelo sindicato, que agora exige um aumento de 53 BF diários, após defender 80 BF. É necessário dizer que o próprio governo, através do ministro do trabalho, vem atuando em favor da empresa e contra os trabalhadores, por exemplo com a manobra (fracassada) de impor a Junta de Arbitragem na qual os trabalhadores tinham tudo para perder, e inclusive chegando a propor o aumento da bonificação a 20.000 bolívares fortes com fundos do Estado, uma falta de vergonha quando é da empresa que rouba os trabalhadores que tem que sair os fundos.

Como declarara Cruz Hernández após o fracasso da reunião de 12/3, “a empresa é a única responsável de que esta greve tenha estalado” . Esta é uma das transnacionais mais poderosas em nosso país, que quintuplicou seus lucros às custas dos trabalhadores. Esta greve pode se transformar no primeiro passo para a greve indefinida se a empresa não responde às demandas dos trabalhadores. A pressão por baixo dos trabalhadores é muito grande, o que impede a própria direção do sindicato a chegar em um acordo facilmente. Vinte sindicatos da região (onde se encontra a maioria das indústrias básicas do país) já haviam declarado que irão à greve em solidariedade com os trabalhadores da Sidor se estes iniciavam a paralisação. É necessário aprovar com solidariedade ativa esta importante luta que se desenvolver- se como greve indefinida reanimaria o conjunto das lutas operárias do país por suas demandas.

Por uma paralisação regional em apoio à luta e em repúdio à ação repressiva do governo!

Por Comitês de Apoio nas fábricas, lugares de trabalho e estudo!

Traduzido por Simone Ishibashi

A Juventud de Izquierda Revolucionaria (JIR), é a organização irmã da LER-QI na Venezuela, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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