Segunda 29 de Abril de 2024

Mulher

Trabalhadoras em luta e a origem do 8 de março

20 Mar 2005   |   comentários

O 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, e atrás de tantas flores e bombons hoje fica oculto que esta data teve origem em homenagem àquelas trabalhadoras que levaram adiante as primeiras ações organizadas de mulheres contra a exploração capitalista. Em 1857, operárias de uma fábrica têxtil em Nova Iorque declararam greve pela redução da jornada de trabalho e aumento de salários e foram brutalmente reprimidas pela polícia; em 8 de março de 1909 140 jovens operárias, em greve, foram queimadas na fábrica têxtil onde trabalhavam em um incêndio criminoso, no qual os patrões, frente a ameaça das operárias, mandaram fechar as portas da fábrica e atear fogo; após alguns meses 30.000 trabalhadoras declararam greve em Nova Iorque, e apesar de toda repressão, tiveram apoio ativo de todos os setores em luta.

Em 1912, ocorreu uma greve que ficou conhecida como “Pão e Rosas” , onde as trabalhadoras resumiam nesta palavras de ordem suas reivindicações por aumento de salário e melhorias nas condições de vida. E em 1917, operárias russas, na comemoração do Dia Internacional da Mulher, decidiram ir às ruas exigindo “Pão, paz e liberdade” e transformaram este no primeiro dia da Revolução Russa, na qual, assim como na Comuna de Paris, lutaram bravamente junto aos homens.

Hoje, depois de tantas lutas históricas e direitos conquistados, as mulheres continuam sendo oprimidas e as mulheres da classe trabalhadora continuam sendo exploradas no mundo inteiro.

A situação atual das mulheres e o papel das organizações feministas

Somos mais da metade da população mundial e representamos 51% da população brasileira. Representamos 2/3 no índice de analfabetismo e 70% das pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Uma em cada 3 brasileiras já sofreram algum tipo de violência e 150 mil por ano morrem ou ficam com sérias seqüelas por causa do aborto ilegal.

As mulheres, somos as que sofremos pela dupla jornada de trabalho e que recebemos salários de em média 43% menores que os homens. Muitas vezes temos que passar pela humilhação que nos submetem os patrões de mostrar nossos absorventes sujos todos os meses a fim de não sermos despedidas caso desejemos ter filhos. A situação é ainda pior em relação as mulheres negras que representam 61% nos piores tipos de trabalhos, como o de empregada doméstica.

Agora, o governo Lula/PT nos ameaça com Reformas que atacam as poucas conquistas e direitos historicamente conquistados em nossas lutas. Com a Reforma Sindical quer atacar o direito de livre organização de nossa classe, submetendo os sindicatos às decisões das centrais sindicais como a CUT, controladas hoje por setores governistas, debilitando nosso poder de organização e resistência contra ataques como as Reformas Universitária e Trabalhista. A Reforma Trabalhista implica ataques como a flexibilização dos direitos trabalhistas (CLT) ’ como o direito à licença maternidade ’ dando ao patrão autonomia para “negociá-los” segundo seus interesses. Já na Reforma Universitária, o governo utiliza verbas que deveriam ser investidas na manutenção e ampliação do ensino público e gratuito para o ensino privado a fim de salvar da crise os grandes empresários do ensino.

Frente a tais condições, muitas feministas dizem que devemos, enquanto mulheres, nos unificarmos todas. Mas será que as donas de fábricas e empresas assim como as mulheres que participam dos mais altos cargos nos governos burgueses querem que sejamos vitoriosas nestas lutas? Certamente que não! Essas lutam pela igualdade entre homens e mulheres apenas nos “espaços de participação” na sociedade capitalista. Mas nós trabalhadoras, que somos submetidas à exploração, devemos lutar pela superação da subordinação social no marco de uma sociedade sem classes. Somos oprimidas por nosso gênero e exploradas por nossa classe! Jamais alcançaremos nossa independência financeira e nem disputaremos bons cargos em empresas, e sem a perspectiva de classe junto aos homens trabalhadores, jamais seremos libertas da opressão e exploração.

Frente a isso, devemos denunciar e romper com o papel nefasto que cumprem hoje as organizações feministas como a Marcha Mundial das Mulheres, que ocultam todo o conteúdo de classe de nossas lutas, defendendo a participação de uma minoria nas instâncias de poder capitalista, mesmo que isso não signifique em nada melhorias nas condições de milhões de mulheres trabalhadoras no mundo todo.

Na luta por nossos direitos e pelo fim da opressão

Compreendendo a luta por nossos direitos no marco de um questionamento profundo do sistema que sustenta a desigualdade mais extrema, devemos nos unir com todos os trabalhadores e desempregados que se encontram, assim como nós, sendo explorados diariamente sem salário digno e condições mínimas de vida.

Devemos exigir que frente ao desemprego e às péssimas condições de trabalho que somos submetidas, a divisão das horas de trabalho por todas as mãos disponíveis para trabalhar sem redução de salário, exigindo também que frente à disparidade de salário entre homens e mulheres e entre brancos e negros, salário igual para trabalho igual. Igualdade nas condições de trabalho da mulher trabalhadora com creches, restaurantes e lavanderias em cada bairro, escola e local de trabalho, para que possamos trabalhar sem ter a preocupação de onde deixar nossos filhos, acabando com a dupla jornada de trabalho.

Frente à ilegalidade do aborto, somos obrigadas a nos submeter a cirurgias sem as mínimas condições, podendo morrer ou sofrer graves seqüelas, exigimos a legalização do aborto já, garantido pelo Estado com toda a assistência médica, psicológica e material. Exigimos sistema de saúde pública gratuita e de qualidade. Exigimos o direito de decidir sobre nosso corpo, nossa sexualidade e nossas vidas. Anticoncepcionais para não abortar e aborto livre e gratuito para não morrer.

A fim de sermos vitoriosas em nossas lutas, por nossos direitos e contra todos os ataques que o governo Lula/PT junto à burguesia nos impõem, necessitamos romper com o governo e o PT, e construir novas ferramentas que nos unam e coordenem enquanto classe uma vez que as organizações feministas e os partidos que se colocam hoje não são alternativas reais de nossa luta. Nesse sentido chamamos a construção da CONLUTAS e CONLUTE e de uma secretaria de mulheres que seja conseqüente e se coloque enquanto uma real alternativa para nossas lutas.

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