Domingo 5 de Maio de 2024

Nacional

EDITORIAL

Se atacam um, atacam todos

16 Dec 2008   |   comentários

Com a chegada da
crise económica ao Brasil, os
trabalhadores já começaram
a sentir suas conseqüências
na própria pele. Enquanto
o governo Lula já colocou
centenas de bilhões de reais
nas mãos de empresários e
banqueiros, as demissões
em massa já começaram em
muitas empresas. A Vale já
demitiu mil e trezentos operários,
as montadoras deram
férias coletivas para mais de
40% dos seus trabalhadores
e as primeiras demissões já
começaram. Esse processo,
em maior ou menor medida,
já se estende à maioria dos
setores económicos, como
autopeças, calçados, eletroeletrónicos,
siderurgia, etc.

Junto com os ataques
da patronal em aliança
com os diversos governos,
inclusive o governo Lula,
vão se intensificar os ataques
repressivos aos dirigentes
combativos de trabalhadores,
estudantes e movimento
populares. É que a burguesia,
para conseguir descarregar a
crise sobre as nossas costas,
vai precisar destruir a vontade
de luta dos trabalhadores,
calar as suas organizações e
deixar fora de ação os seus
dirigentes combativos.

A demissão de
Claudionor Brandão, diretor
do Sintusp (Sindicato dos
Trabalhadores da USP), um
dos mais combativos do país
e o primeiro sindicato que
aderiu à Conlutas na cidade
de São Paulo, é um exemplo
de como a burguesia e
seus governos se preparam
para enfrentar a crise. Essa
demissão, levada a cabo pela
reitora Sulely Vilela, aliada
do governador José Serra,
junto com a pilha de processos
e sindicâncias que ameaçam
dezenas de dirigentes
e ativistas trabalhadores e
estudantes na USP, mostram
a disposição do governo tucano
em atacar as organizações
operárias para conseguir
aprovar seus planos de ataque
à educação e ao funcionalismo
público do estado de
São Paulo. Assim, a luta em
defesa do companheiro Brandão
deve se tornar também
um exemplo de como os trabalhadores,
em aliança com
os estudantes, vão lutar para
manter de pé suas organizações
combativas, preservar
os postos de trabalho e lutar
em defesa da educação e da
universidade pública.

Se atacam um, atacam
todos!

A greve e ocupação na
USP em 2007 se converteu
num grande exemplo de luta
para a juventude, e desencadeou
ocupações de reitorias e
greves em todo o país. Para
os governantes, fazer rolar as
cabeças dos principais dirigentes
deste processo é uma
necessidade para conseguir
aplicar seus planos.

Brandão, em especial,
se tornou ao longo da última
década num símbolo do que
existe de mais combativo na
universidade: defensor da
unidade entre efetivos e terceirizados,
da unidade entre
estudantes, professores e trabalhadores,
impulsionador
dos piquetes e das assembléias
de base como organismos
fundamentais para
a organização e democracia
direta de trabalhadores, professores
e estudantes. Agora,
com esse ataque ao Brandão
e ao Sintusp, a reitoria e o governo
estadual estão atacando
justamente essas formas de
luta que os trabalhadores da
USP foram forjando ao longo
das greves dos últimos anos
(2000, 2002, 2004, 2005,
2006, 2007) e esperam abrir
caminho para descabeçar o
novo movimento estudantil
e de trabalhadores que se forjou
na USP principalmente a
partir de 2007. Assim, a luta
em sua defesa se torna uma
questão de primeira importância
para todos os lutadores
’ na USP, Unesp e Unicamp
e em todo o país ’ que tomaram
a luta de 2007 como
um exemplo a ser seguido
e aprofundado. Pois é esse
exemplo que agora estão tentando
apagar.

A campanha de assinaturas
em todo o país já foi
iniciada e está tendo uma
ampla repercussão. Convocamos
todas as organizações
de trabalhadores, estudantis e
democráticas a se somarem a
essa campanha e transformarem
a luta contra a demissão
do Brandão num símbolo
nacional da luta contra a repressão
política e em defesa
da liberdade sindical e dos
lutadores sociais.

Apesar de que já estamos
em período de férias
nas universidades, e de que a
USP vai entrar em recesso do
dia 19 de dezembro até o dia
5 de janeiro, os trabalhadores
não esperaram para tomar as
primeiras medidas de força
contra esse ataque. Foi convocada
uma importante assembléia
ocorrido na quintafeira,
dia 11, que seguiu em
ato para a reitoria. Foi montado,
por estudantes em defesa
do companheiro, um acampamento
que está se esforçando
para informar e aglutinar os
poucos estudantes que ainda
estão na universidade. A
paralisação dos funcionários
neste dia 16 será uma importante
medida de força tomada
para demonstrar sua disposição
de luta contra a reitoria.
Nesse dia serão discutidos os
próximos passos a dar nessa
campanha. Contamos com a
solidariedade dos lutadores
de todo o país para transformar
essa luta num símbolo
nacional de defesa da educação
pública e da liberdade de
organização sindical e contra
a criminalização das lutas sociais.
Se atacam um, atacam
todos!

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