Sexta 17 de Maio de 2024

Movimento Operário

TODO APOIO A LUTA, PAGAMENTO IMEDIATO E NENHUMA PUNIÇÃO!

Por que algumas mulheres estão em greve?

25 Jun 2008 | Desde os anos 80, os empresários, através de seus jornais, canais de televisão e seus intelectuais na Universidade têm tentando de toda forma dividir os trabalhadores, começando por convencê-los de que eles próprios não existem mais! Dizem que não existe mais classe, que estamos em novos tempos, de cooperadores, colaboradores e amigos da empresa. Apesar de no dia-a-dia, os trabalhadores sentirem na pele a opressão, o patrão que lucra aos custos de seu esforço, o desemprego latente, seu filho não conseguindo passar no vestibular e todos seus companheiros sofrendo os mesmos ataques, a ofensiva neoliberal conseguiu fragmentar e desorganizar os trabalhadores. Entre esses passos largos, a custo de muito suor e sangue, entra também a terceirização.   |   comentários

Terceirização?

Entre as medidas implementadas pra dividir a classe trabalhadora, está a terceirização. Dividindo os trabalhadores em fixos e temporários, classificando os serviços em importantes e secundários, fragmentam os trabalhadores. Sem direitos, recebendo salário miseráveis, sem contrato fixo, com insegurança, sendo assediados e humilhados diariamente, a situação dos terceirizados é muito precária. É essa super-exploração que mantém cotidianamente os lucros, e dentro da Universidade, não tem sido diferente, a terceirização avança bastante a partir dos anos 2000. De fato, a terceirização do trabalho apresenta-se, hoje, como a estratégia fundamental do capital (em resposta a sua própria crise estrutural), pois, ao mesmo tempo em que possibilita ganhos expressivos de lucratividade (redução salarial e o corte de benefícios trabalhistas), a mesma permite aos capitalistas um maior controle sobre a força de trabalho (maior pressão, controle e cobrança no exercício de suas atividades).

Unesp pra quem?

Em nossa universidade, o mesmo projeto neoliberal de retirada de direitos e de mercantilização do ensino aplicado no mundo inteiro, também avança. Parcerias milionárias com Bancos(Real e Santander), precarização do ensino(Unesp Zona Leste e a recente criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo- UNIVESP) e pesquisas para grandes empresas, fazem da Unesp um grande laboratório do governo e de seus cães fiéis, reitores e diretores. E pros trabalhadores? Menos direitos, humilhação e insegurança.

No Instituto de Biociências, 14 mulheres, mães de família, trabalham 44 horas por semana limpando o chão para receberem pouco mais que um salário mínimo. Esse é o projeto de Universidade que temos, que atendem aos bancos e empresários e que, através da super-exploração dos trabalhadores, engordam os bolsos da burocracia. Por terem ficado sem receber desde o dia 12 de junho da empresa Lima Santos, essas mulheres entraram em greve na luta por seus direitos. É a terceira vez, nos últimos anos, que as trabalhadoras terceirizadas em Rio Claro paralisam, sendo que muitas destas já foram despedidas. Infelizmente, o SINTUNESP, sindicato dos trabalhadores da Unesp, acaba se adaptando à lógica da reitoria e dos empresários, achando que não é sua tarefa se colocar na trincheira desses trabalhadores da Unesp, afinal, não são trabalhadores fixos que fazem parte do sindicato. Com isso, largam todas essas trabalhadora à mercê do sindicato patronal. Os trabalhadores fixos da Unesp precisam entender que seus filhos serão os terceirizados de amanhã e que nenhuma luta nas universidade será realmente vitoriosa e irá avançar para a democratização do ensino e por melhores condições de vida se não unificarmos toda a classe trabalhadora. Foi a solidariedade do SINTUSP que garantiu avanços nas lutas dos terceirizados da USP. É tarefa do Sintunesp, pela estrutura que possui e pela estabilidade de seus trabalhadores, se colocar à frente dessa luta! É mais do que necessário que ele, em conjunto com os Centros Acadêmicos e com todos os funcionários, estudantes e professores dispostos a defender essas trabalhadoras, impulsione uma ampla Frente de Solidariedade à greve! Somente a solidariedade ativa nesse momento pode garantir o pagamento imediato dos salários, nenhuma punição pela greve e começar a construir a luta pelo direito elementar dessas trabalhadoras: salário igual aos funcionários fixos e incorporação ao quadro de funcionários da Unesp sem concurso público.

Terceirizadora Lima Santos, LUIZ CARLOS E MACARI: TODOS CULPADOS!

O diretor do Instituto de Biociências, Luiz Carlos Santana, e o reitor Marcos Macari, tentam, de toda forma, dizer que não possuem culpa alguma. Que pagaram os salários, que a responsabilidade é da empresa, e que, infelizmente, nada podem fazer. É justamente essa a lógica da terceirização na Universidade: tirar a responsabilidade pelos mínimos direitos dos trabalhadores das costas da burocracia e justificar a miséria e a precarização. A diretoria e a reitoria possuem a mesma responsabilidade na culpa! São eles responsáveis pela privatização da universidade e pela retirada de direito dos trabalhadores. O avanço das fundações de direito privado, das parcerias com bancos e empresas, a repressão ao movimento estudantil e dos trabalhadores, a presença da polícia militar dentro do campi, os casos de corrupção e a TERCEIRIZAÇÃO, tudo isso está ligado a falta de democracia na Universidade e à essa corja de professores com altos salários e poderes, a burocracia acadêmica. O FMI não tem escritório aqui dentro, o governo não tem escritório aqui dentro. Então quem implementa a política do FMI, quem implementa a política dos governos, quem defende o interesse das empresas terceirizadoras, da LIMA SANTOS, é a burocracia acadêmica. A luta contra a burocracia acadêmica é uma luta política essencial para combatermos a terceirização e transformar radicalmente essa estrutura anti-democrática da Universidade. Se lutamos contra a burocracia acadêmica, nós golpeamos o governo, golpeamos este projeto político.

Um chamado a todos os estudantes!

Nós do Movimento A Plenos Pulmões (LER-QI e independentes), acreditamos que é tarefa de todos aqueles que lutam pela transformação da universidade se colocar ao lado dos que com seus braços movem tudo, os trabalhadores. De nada adianta um movimento estudantil que avança nos métodos, com ações radicalizadas de ocupações contra os decretos neoliberais de Serra e contra a Reforma Universitária de Lula, se não avança em seu programa político; será um movimento fadado a derrota. É mais do que necessário apoiar e buscar a aliança daqueles que sentem na pele dia-a-dia todos os ataques, os trabalhadores precarizados. Serão esses os lutadores mais corajosos e os que podem realmente transformar junto com os estudantes, através da luta, essa universidade elitista e racista e colocá-la a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Recentemente trabalhadores da REVAP(terceirizados da Petrobrás), deram grandes exemplos de luta para os terceirizados e pro conjunto da classe, e prestamos, dentro de nossos pequenos mas enérgicos esforços, a solidariedade ativa através de militantes do Movimento A Plenos Pulmões da PUC-SP e USP que foram até São José dos Campos.

Reforçamos o chamado a todos os Centros Acadêmicos e estudantes a impulsionar uma Frente de Solidariedade à greve das trabalhadoras terceirizadas. Somente a luta pelo pagamento imediato dos salários e por nenhuma punição, mas que busque travar uma batalha por salários iguais para todos os trabalhadores e incorporação imediata de todos os terceirizados sem concurso público pode garantir a essas corajosas mulheres os mínimos direitos. Nos colocamos a disposição das funcionárias para qualquer ajuda!

Assinam essa carta

Conselho de Centros Acadêmicos, Diretório Acadêmico e Centro Acadêmico dos Estudantes da Geografia da UNESP de Rio Claro e pelo Movimento A Plenos Pulmões (LER-QI e independentes).

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