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Internacional

DEBATE

Por que a extrema esquerda se nega a levantar os Estados Unidos Socialistas da Europa?

27 Nov 2011   |   comentários

No meio da crise histórica do capitalismo a nível mundial, as diferentes burguesias européias tem levado a Europa a um novo impasse sem saída. Os estados burgueses são totalmente impotentes, buscando salvar-se por si mesmos e uns em detrimentos de outros. Suas opções de saída só podem agravar a crise, aumentando os atritos entre as distintas nações que compõe a União Européia.

Frente a este caminho reacionário, como marxistas revolucionários, devemos dizê-los em voz alta aos trabalhadores a única saída progressista e em benefício de todos os povos que compõe a Europa: que somente a classe operária poderá fazer uma verdadeira integração e unificação da Europa, que os Estados Unidos Socialistas da Europa são a única saída progressista frente ao marasmo atual e a catástrofe que nos ameaça.

Em especial, nos países imperialistas mais fortes como Alemanha e França, fortes credores dos países da periferia do mediterrâneo da UE, devemos claramente lutar contra todo o projeto semicolonizador de nossas próprias burguesias. Abaixo aos planos de austeridade para Grécia, Portugal, etc.!, deve ser o grito de guerra em países como França e Alemanha, onde seus grandes bancos e governos impõem condições desiguais a estes países. Retomemos o exemplo da Internacional Comunista (IC) frente ao fatídico Tratado de Versalhes, cujas os reparos e as dívidas que gerou a Primeira Guerra, ao não ser resolvida progressivamente, levaram a Segunda Guerra Mundial. Dizia a IC:

“As Internacionais II e II¹/² se dedicam a apoiar a ala radical da burguesia, que representa antes de tudo, os interesses do capital comercial e bancário em sua luta impotente pela supressão dos reparos. Como em todos os problemas, neste também marcham com a burguesia. A tarefa dos partidos comunistas e em primeiro lugar dos países vitoriosos, é portanto, explicar às massas que o trabalho de paz de Versalhes joga todo o peso sobre os ombros do proletariado tanto nos países vitoriosos quanto nos países vencidos, e que os proletários de todos os países são suas verdadeiras vítimas. Sobre esta base, os partidos comunistas, e sobretudo os da Alemanha e França, devem levar a cabo uma luta comum contra o tratado de Versalhes.

O Partido comunista francês deve lutar com todas suas forças contra as tendências imperialistas de sua própria burguesia, contra sua tentativa de enriquecer-se mediante a exploração aguda do proletariado alemão, contra a ocupação da bacia de Ruhr, contra a divisão da Alemanha, contra o imperialismo francês. Atualmente já não basta combater na França a chamada defesa da pátria, é preciso lutar passo a passo contra o tratado de Versalhes.

O dever dos Partidos comunistas de Tchecoslováquia, de Polônia e dos demais países vassalos da França é vincular a luta contra sua própria burguesia e a luta contra o imperialismo francês. É preciso, mediante ações comuns de massas, explicar ao proletariado francês e alemão que a tentativa de levar à prática o tratado de Versalhes reduz à mais profunda miséria ao proletariado dos países e com ele ao proletariado de toda Europa" [1] (grifo nosso).”

Por sua vez, uma atitude como a segunda, de oposição aos ditames da troika e de seu próprio governo e burguesia poderia ser adotada em países como Grécia, Portugal ou Irlanda, os mais avançados em um processo de transferência de atributos chaves de sua soberania, uma nova semicolonização.

Lamentavelmente esta perspectiva e agitação propagandista está ausente nas propostas da maioria das correntes e partidos da extrema esquerda. No nosso partido, o NPA, este é o caso das propostas do Grupo de Trabalho Econômico (GTE), como mostra os artigos de Henri Wilno e Isaac Joshua, dois de seus mebros na "Imprecor" de julho-agosto-setembro. Segundo Joshua, os três pontos chaves do programa de emergência são o repúdio de uma parte substancial da dívida, a reforma do BCE para permitir o financiamento monetário do déficit público e uma reforma fiscal que grave mais aos ricos e aos lucros. [2]. Como se vê, se aceita o quadro das instituições imperialistas como o BCE mas reformado a favor dos interesses dos trabalhadores para uma saída keynesiana, por outra parte totalmente utópica no quadro da atual debacle capitalista. Por sua parte, Wilno, quem disse reivindicar em sua nota o programa de transição de Trotsky, termina defendendo um programa similar. Desta maneira, o programa e o método transicional que se anuncia volta-se ao contrário: de ponte entre a consciência atual das massas e suas necessidades e a necessidade de derrotar o capitalismo e tomar o poder, torna-se uma programa utópico, meramente antineoliberal, nem capitalista nem socialista, para reformar as instituições imperialista no marco do capitalismo em putrefação.

[1] "Resolução sobre o Tratado de Versalhes", IV Congresso da IC.
[2] Isaac Joshua "Crise: A hora da verdade."

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