Quarta 8 de Maio de 2024

Movimento Operário

GREVE DOS SAPATEIROS

Operários de Franca se colocam em luta

17 Mar 2010   |   comentários

Na manhã desta segunda-feira, (15/03), os sapateiros da fábrica Tenny Wee em Franca, iniciaram a semana em greve, reivindicando melhores salários, em detrimento dos humilhantes 4,36%, equivalente ao reajuste de míseros 24 reais, que a patronal quer impor e exigindo que os patrões fechassem o acordo proposto pelo Sindicato dos Sapateiros (CUT), que infelizmente não ultrapassam os 7,5%.

Este sindicato vem sendo duramente golpeado pelos patrões e o chamado “sindicato fantasma” (Força Sindical) - que, com aparato da justiça burguesa dando liminares a seu favor - vem à Franca para servir à patronal mais reacionária da cidade e deslegitimar um sindicato criado historicamente pela luta dos trabalhadores.

Diante deste cenário, os sapateiros da Tenny Wee, paralisaram a maioria da produção e cruzaram os braços no interior da fábrica, fazendo assembléias, e colocando na ordem do dia que não passarão os ataques da patronal nem do sindicato fantasma.

A mobilização destes combativos sapateiros e sapateiras (que inclusive vem se colocando na linha de frente do enfrentamento com a patronal) tornou-se exemplo para outras fábricas que já paralisaram ou ameaçam paralisar, forçando seu sindicato a impulsionar greves e paralisações, métodos de luta sempre esquecidos durante as campanhas salariais, fechamento de fábricas e ameaça de demissões em massa.

Temeroso de que a greve se radicalizasse e ganhasse ainda mais força, o patrão da Tenny Wee, vice-presidente do Sindicato Patronal (SindiFranca), logo pela manhã do dia 16/03, na entrada dos trabalhadores, MILITARIZOU a porta da fábrica e seu interior, tanto de policiais como de seguranças particulares, que inibiram fisicamente os trabalhadores e trabalhadoras, forçando os mesmos a voltarem a trabalhar com ameaças de demissões.

Também colocaram um alambrado nas grades da fábrica e um cordão de seguranças para que os sapateiros não conseguissem se comunicar com o sindicato e com os estudantes que se solidarizavam, chegando ao absurdo de não permitir que os trabalhadores pudessem sair da fábrica, como de costume, durante seu horário de almoço.

A MILITARIZAÇÃO e a repressão policial vem sendo métodos recorrentes por parte dos patrões e dos governos. O ano passado, José Serra, colocou a tropa de choque dentro da USP (Universidade de São Paulo) para combater e reprimir brutalmente os trabalhadores que protagonizavam uma importante greve.

Nesse sentido, nós, estudantes da LER-QI estamos impulsionando uma ampla e ativa solidariedade aos sapateiros de Franca, chamando estudantes e trabalhadores repudiando a patronal e seu braço direito no movimento operário (sindicato pelego da Força Sindical) e a crescente repressão contra as liberdades democráticas dos trabalhadores e trabalhadoras. A repressão NÃO PASSARÁ!

Em Franca, uma cidade sapateira, o que acontece nessa categoria atinge a maioria da população e aí está a força desses trabalhadores. Por isso, nós lutamos para que as greves e paralisações não se limitem somente a pressão para acordos parciais e limitados, mas sim para transformar o protesto numa mobilização operária e popular de todo o povo, começando por uma assembléia geral, que unifique as demandas de todas as fábricas.

O salário de um sapateiro já é um dos mais rebaixados e arrochados a nível nacional.O reajuste que propõe o sindicato de 7,5% (somente 3% de aumento real) não resolve em nada a situação de miséria e super-exploração. Um momento de greve deve ser visto como um importante espaço para que todos os sapateiros se coloquem politicamente em cena, avançando de forma decisiva em suas demandas.

Nós, desde o Movimento A Plenos Pulmões e do grupo de mulheres Pão e Rosas, chamamos os estudantes, professores, entidades estudantis (em especial a ANEL), a se colocarem a tarefa de propagandear essa importante iniciativa de combativos sapateiros e sapateiras de Franca, mas em primeiro lugar a desenvolver uma militancia ativa e de luta, ajudando estes companheiros trabalhadores em sua batalha para que possam triunfar.

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