Domingo 5 de Maio de 2024

Movimento Operário

CHICAGO

Ocupam fábrica na terra de Obama

16 Dec 2008   |   comentários

Entre os dias 5 e 11 de
dezembro, os trabalhadores
da Republic Doors & Windows,
fábrica de portas e janelas de
Chicago nos EUA, ocuparam
a planta ao tomarem conhecimento
que a fábrica seria fechada
e não receberiam seus
direitos assegurados por lei. Os
trabalhadores argumentavam
que não existia uma crise na
fábrica, mas os empresários diziam
que faltava crédito para o
seu funcionamento depois do
corte feito pelo (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of América.
No mesmo dia que iniciavam
a ocupação, o governo
anunciou o fechamento de
533.000 postos de trabalho no
mês de novembro (2 milhões
em 2008). A ocupação terminou
depois que o (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of América
e outros bancos anunciaram
financiar os cerca de 2 milhões
de dólares necessários ao
pagamento de indenizações,
férias e seguros de saúde.

Com uma enorme crise
social de fundo, um desemprego
de 6,7% (ou 12,3% considerando
a quem já não busca
trabalho e os subempregados),
a luta da Republic expressou
um primeiro passo da resistência
dos trabalhadores norteamericanos
frente as demissões
e a crise, tornando-se uma
referencia nacional.

“A vocês os salvaram, a
nós nos demitem”

Um dos fatores mais irritantes
e que provocou a onda
de adesões à luta dos operários,
foi que o banco que retirou
o crédito que financiava
os salários e outros gastos era
nada menos que o (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of
America, que recebeu 25 bilhões
de dólares como parte
do gigantesco resgate que realizou
o governo com dinheiro
público. A luta nesta fábrica
ganhou apoio em todo país,
sendo visitada por políticos e
dirigentes sindicais, além da
grande solidariedade da comunidade
latina, trabalhadores,
sindicatos, estudantes e
moradores de Chicago. No dia
10 de dezembro, a manifestação
em frente ao banco chamada
pelo Sindicato contou
com 1000 pessoas. Em várias
outras cidades ocorreram pequenas
manifestações frente a
grandes bancos, onde se viam
palavras de ordem do tipo: “os
trabalhadores pedem dinheiro,
os bancos dizem não. Apoiamos
os trabalhadores que ocupam
a fábrica!” .

O escandaloso resgate
aos bancos e instituições financeiras,
denunciado na época
por algumas manifestações,
hoje é questionado novamente
e explica a ampla cobertura
nacional do conflito e as
pressões que recebeu o banco
para reabrir o crédito. Isso porque
as empresas médias como
Republic (hoje com cerca de
300 trabalhadores, mas no pico
da bolha imobiliária chegou a
700) representam um setor particularmente
sensível à crise em
curso, já que dependem estritamente
de créditos bancários.
Além disso, segundo o senso
oficial (Burreau Labour Stadistics),
em empresas como Republic
é onde trabalham 80%
dos trabalhadores (empresas
com menos de 1000 operários).
A margem desta realidade, estes
empresários “médios” tem
respondido às crises como os
capitalistas de todo tamanho:
descarregando os custos sobre
as costas dos trabalhadores. E
os empresários temem que a
luta de Republic se transforme
num exemplo para as fábricas
que enfrentam similares dificuldades
com o crédito.

Uma luta exemplar

O método de luta que
elegeram estes trabalhadores
da Republic, a ocupação e a
“sit-in” como é chamada nos
EUA (sentados dentro da fábrica),
não era utilizado desde
a década de 1930, quando
ocorreram grandes greves que
desafiaram a patronal quando
esta intensificava os ritmos da
produção nas fábricas para
recuperar-se da crise de 1929.
Destas greves surgiram os grandes
sindicatos da região do Noroeste
dos EUA e as importantes
conquistas salariais e trabalhistas,
que depois seriam estendidas
para todo país. Nunca
desde essa época os trabalhadores
ocuparam os lugares de
trabalho, método que pode se
ampliar numa situação onde
se multiplicam as demissões
e há menos possibilidade de
conseguir emprego.

A luta dos trabalhadores
da Republica coloca, mais do
que seu peso na economia,
um importante precedente
para a luta da classe operária.
Apesar de apresentar limites e
contradições, como o apoio
a Obama e a reivindicação
restrita aos direitos trabalhistas
e não ao controle operário da
produção, a ação dos trabalhadores
de Chicago tem um
enorme peso simbólico, já que
a ocupação e a ação direta
são algo pouco comum nas
medidas de pressão impulsionada
pela burocracia sindical,
e por isso ganhou enorme simpatia
entre os trabalhadores.

Burocratas sindicais, deputados,
o governador e até
mesmo Obama saíram rapidamente
a dizer que os operários
“têm razão” em pedir o
que lhes é direito. Espantam-se
com a ação direta dos trabalhadores
e querem assim evitar
a todo custo que esta luta se
transforme num exemplo em
meio a uma onda de demissões.
Por isso não questionam
que os empresários descarreguem
a crise sobre os trabalhadores.
Nem os burocratas nem
os políticos burgueses exigem
que se reabra a empresa ou se
investiguem seus livros de contabilidade,
nem sequer quando
há rumores de que os patrões
estariam abrindo uma fábrica
similar em outro estado. É
vital que os trabalhadores não
se deixem chantagear pela
“falta de créditos” ou os resultados
dos maus negócios dos
patrões. Ante os fechamentos
e demissões é necessário lutar
pela nacionalização sem indenização
destas empresas sobre
controle operário.

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