Sexta 26 de Abril de 2024

Juventude

A reforma universitária já está em curso

O movimento estudantil começa a dar suas primeiras repostas

20 Mar 2004   |   comentários

Ao contrário do que o governo Lula quer fazer parecer, a reforma universitária, é um processo que já está em curso em todas as universidades do país. A escalada de repressão que se viveu no ano passado e ainda hoje segue a pleno vapor é só a preparação, que visa a afugentar a vanguarda estudantil, frente aos ataques mais profundos que se anunciam. Em universidades como a UNICAMP já funciona um cartão de matrícula em convênio com o banco Santander. Nas universidades particulares o processo de repressão é mais intenso e vem acompanhado de aumentos extorsivos de mensalidade, cortes das bolsas, ataque aos inadimplentes e ao salário de professores e funcionários. Ao mesmo tempo nas universidades públicas segue toda a política de corte de verbas, e o decorrente sucatea-mento, que vai criando as condições necessárias para a entrada das fundações de direito privado e a implementação inclusive de cursos pagos, além do controle pelas fundações do direito de patente do que é produzido nas universidades.

Numa situação como esta, o discurso do governo de que tudo será discutido com a comunidade universitária, não passa de uma enganação que visa a imobilizar o movimento estudantil. E para isso o PT e os seus aliados do FMI e do Banco Mundial, contam com a inestimável ajuda das direções do movimento estudantil, principalmente da UNE, burocratizada há anos e hoje completamente atrelada ao governo. Os partidos políticos que hoje dirigem o movimento estudantil nacional, o PT e o PCdoB, prendem os estudantes à lógica das negociações de gabinete com os representantes do governo, apesar de apontarem um discurso “critico” à reforma. A tese do “governo em disputa” não passa de uma máscara para esconder uma política de mera pressão, por dentro do parlamento burguês, ao governo petista. Essa mesma política das direções foi que impediu que a greve dos servidores federais fosse capaz de derrotar a reforma previdenciária no ano passado. Porém em diversas universidades do país, setores do movimento estudantil iniciam e aprofun-dam sua luta, rompendo essa verdadeira trégua das direções com governo.

Na última quinta-feira dia 18, os estudantes da PUC iniciaram uma ocupação da reitoria contra a suspensão de quinze dias com que a reitoria puniu 13 estudantes. Na Fundação Santo André, nas últimas semanas os estudantes vêm protagonizando um importante processo de luta contra a demissão de seis professores. Na UNESP, se inicia uma mobilização em diversos campos, que culminou, nos últimos dias, com a ocupação da reitoria no campus de Prudente. Na Unicamp, também os estudantes começam a discutir e se mobilizar contra o convênio com o Santander. Na Bahia, na UCSAL os estudantes ocuparam a reitoria e deflagraram uma greve estudantil na luta por conquistar as suas reivindicações. A Fatec, em vários campi de São Paulo, está em greve de professores e funcionários e também de estudantes, desde o começo de março. Todo este processo mostra que é possível barrar, através de mobilizações, ocupações de reitoria e greves universitárias, os ataques que estão em curso.

Para tanto todos os setores em luta devem votar as medidas mais enérgicas no sentido de superar a divisão imposta pelas direções burocráticas. Em todas as assembléias devem ser votadas medidas no sentido de unificar concretamente as diversas lutas, e colocar de pé comitês municipais, estaduais e nacionais, com delegados mandatados e revogáveis, para colocar de pé um grande plano de lutas do movimento estudantil que supere toda paralisia. Destas assembléias deve sair um conjunto de reivindicações, que partam da luta contra a repressão e avancem até a unificação de todos para derrotar a reforma do governo Lula. Partir das questões mais imediatas, como a questão das verbas, da falta de professores, das altas mensalidades, do corte de bolsas, para apontar um claro projeto alternativo para a universidade, que parta da necessidade de abolir o reacionário vestibular, aumentar as verbas para a educação, em ruptura com os acordos com o FMI, da estatização das universidades particulares sob controle operário, para chegar até a unificação com os trabalhadores, apontando claramente a necessidade de revolucionar a universidade para colocá-la a serviço dos trabalhadores e de todos os oprimidos, os únicos capazes de derrotar os planos do governo e da reacionária burguesia brasileira.

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