Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

O Fórum Social Mundial e a esquerda brasileira

20 Jan 2005 | A quinta edição do FSM, após uma passagem pela Índia em 2004, marca um retorno em crise a Porto Alegre. Não bastasse a “crise ideológica” aberta por conta da passagem de malas e bagagens de Lula e da cúpula petista para o campo dos “neoliberais ortodoxos”, uma outra crise, desta vez política e material, se abateu sobre o FSM, motorizada pela derrota do candidato da esquerda petista nas eleições municipais de Porto Alegre, depois de 16 anos de administrações petistas.   |   comentários

O papel da Democracia Socialista: cobertura de esquerda de Lula

Depois que Lula saiu na ofensiva com sua política de conciliar Porto Alegre e Davos, foi à esquerda petista que coube, como sempre, tentar dar uma cobertura de esquerda à política da Articulação, desta vez tratando de preservar a imagem “alternativista” do FSM.

Desde que Lula assumiu, temos visto a DS atuando de maneira criminosa, defendendo o governo Lula, tentando boicotar e desarticular toda oposição a ele e, através de seu “ministro socialista” sr. Miguel Rossetto, que participa do governo capitalista revivendo as piores traições já impostas historicamente à classe trabalhadora. A atuação da DS na organização do FSM nada mais é do que a continuação desta mesma política.

Além de descaradamente tentar manter em pé o lema de “outro mundo é possível” enquanto Lula aprofunda a misérias das massas brasileiras, a DS tomou uma ofensiva desde o ano passado para controlar o Acampamento da Juventude, para impor também ali sua linha governista e tentar impedir qualquer manifestação independente dos milhares de jovens que estarão no acampamento.

O PSOL quer ser uma vaga "ala esquerda" do FSM

O PSOL realizará no dia 29 uma grande atividade de lançamento oficial do partido, com a presença de todas as suas figuras públicas, encabeçadas pela senadora Heloísa Helena.

Porém esse novo partido, que se formou em ruptura com o PT e que hoje aparece como o principal “alternativa à esquerda” do mesmo, longe de se colocar a tarefa de denunciar e desmascarar o real papel político de conciliação de classes do FSM petista, surge com o projeto de se colocar como arauto do discurso “antineoliberal em geral” típico do Fórum. Não à toa tentará aparecer como “o mais conseqüente” defensor dos “princípios do FSM” , na mesma linha de sua defesa “das bandeiras históricas e da trajetória do PT até 2003” .

A CST e o MES se destacam por seu “chavismo de esquerda” que em tudo se assemelha à projeção que as edições anteriores do Fórum deram a Hugo Chávez como alternativa “nacional e soberana” à globalização do mercado. Por outro lado, o grupo de João Machado e Heloísa Helena atua como verdadeiro paladino das políticas de “controle do capital financeiro internacional” , economia solidária, democracia participativa, etc, pérolas das propostas conciliacionistas elaboradas no próprio Fórum. De conjunto, todas elas são defensoras da “ideologia de Porto Alegre” .

O PSTU e sua negativa de combater o FSM

Apesar de impulsionar a Conlutas e a Conlute, e de estar organizando seus respectivos Encontros Nacionais durante o FSM, o PSTU se negou rotundamente a fazer dessas atividades o eixo de um verdadeiro Fórum Paralelo capaz de fazer ecoar a denúncia à política do FSM oficial.

Com essa política covarde, de se negar “a competir com o Fórum oficial” , o PSTU termina por impor a diluição da vanguarda no mar de atividades do FSM. Apesar de escrever em seus jornais que o Encontro da Conlutas já constitui por si um “verdadeiro fórum paralelo” , chama publicamente esse mesmo encontro como “Conlutas no FSM” . De conjunto, este partido não deu o combate aberto à política da organização oficial do FSM, mostrando que de fato, e apesar do discurso, não querem organizar os setores de vanguarda presentes.

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