Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Nossa luta contra a participação de partidos burgueses no ato do dia 17 e pela construção de um bloco classista

25 Aug 2005   |   comentários

O ato deste dia 17 foi a primeira ação nacional convocada por organizações dos trabalhadores e partidos da esquerda para responder à atual crise do governo, do regime e do PT, e nesse sentido, se reveste de extrema importância. Nossa organização, desde o princípio lutou para que os setores que têm se organizado na Assembléia Popular se unificassem à Conlutas na construção do ato do dia 17 em vez de participarem do ato veladamente governista do dia 16. Porém, em ato realizado no Rio de Janeiro, no dia 28 de julho, que os companheiros do PSTU descrevem em seu site como “ato pluripartidário [que] foi convocado por partidos de diferentes matizes, como PDT, PSTU, P-SOL, PCB, PPS e PV” [1], esses companheiros, junto a membros da executiva nacional do PSOL decidiram, sem consultar os trabalhadores que fazem parte da Conlutas, da Assembléia Popular e das outras organizações que participam da organização do ato, convidar esses partidos burgueses a participar do mesmo. Segundo o próprio PSTU, “em suas intervenções, os companheiros Zé Maria e Cyro Garcia, do PSTU, conclamaram os partidos, sindicatos e ativistas ali presentes para que engrossassem as manifestações de rua e principalmente a Marcha em Brasília de 17 de agosto, atividade com a qual se comprometeram a maioria dos oradores” [2].

Não nos deteremos aqui nos óbvios problemas de método em que incorreram os companheiros das direções do PSOL e do PSTU ao tomar uma decisão tão importante sem consultar ninguém. Nos concentraremos sobre os problemas políticos de uma frente única com estes partidos burgueses para lutar contra a corrupção.

O próprio PSTU afirma que PDT e PPS são partidos que “agora se colocam na oposição, mas que estiveram apoiando governos neoliberais e corruptos” e que “não têm diferença de qualidade com o PSDB/PFL” . [3] Como é possível então que proponha unir a estes burgueses corruptos para lutar contra a corrupção?

Este tipo de contrasenso não é novo, ao contrário, tem antecedentes his-tóricos. Nossa corrente, por exemplo, foi expulsa do PSTU em 1999 por criticar duramente o Comitê Central que votou que o partido participa na “Marcha dos 100 mil” no mesmo palanque com burgueses como Valdemar da Costa Neto (PL), que naquele momento ainda era conhecido por ter sido o coordenador nacional da campanha de Collor e que hoje amplia seu currículo atestando sua culpa ao renunciar para escapar da cassação. Todo o setor da esquerda petista que hoje está no PSOL também compactuou com este grande ato de conciliação de classes.

A partir desse fato, propusemos ao Sintusp uma declaração contra a participação de partidos burgueses no ato, que foi aprovada. Também a Conlutas do ABC e a maioria dos presentes na reunião conjunta de preparação do dia 17 em São Paulo, onde estavam presentes os companheiros do Sindifisp e da Assembléia Popular, se posicionaram contra a participação desses partidos.

Então, foi encaminhada à Coordenação Nacional do ato uma carta colocando a posição aprovada. Zé Maria, presidente nacional do PSTU, enviou um e-mail com o relatório da reunião da coordenação nacional (relatório que “estranhamente” não foi publicado no site da Conlutas como havia sido o da reunião anterior) que discutiu a carta, dizendo que na reunião houve polêmica sobre se se deveria ou não “desconvidar” os partidos burgueses e se resolveu “deixar tudo como está” . Depois, em debate na PUC-SP, no dia 10 de agosto, Zé Maria afirmou ter desconvidado os partidos.

Nós da Liga Estratégia Revolucionária, que lutamos desde o início para que esse dia 17 fosse um grande ato dos trabalhadores, sem os patrões, esperamos honestamente que assim seja, e que se partidos burgueses comparecerem à marcha não lhes seja dado o direito à palavra. De nossa parte, estamos organizando um grande bloco classista, com as forças de que dispomos.

Acreditamos que a experiência com o PT e com Lula tem que servir justamente para que fique claro aonde levam as alianças estratégicas com a burguesia “progressista” .

[1“Ato no Rio de Janeiro reúne mais de mil pessoas” , site do PSTU, www.pstu.org.br.

[2Idem.

[3Editorial do jornal Opinião Socialista 228.

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